São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prioridade petista é formalizar uma frente de oposição

DA REPORTAGEM LOCAL

A campanha petista no segundo turno tem como prioridade acertar aliança com as candidaturas de Anthony Garotinho (PSB) e de Ciro Gomes (PPS) e seus respectivos partidos para a formação de uma frente de oposição ao situacionista José Serra (PSDB).
O comando de campanha petista se reúne hoje para fechar as linhas gerais da proposta que pretende levar aos demais oposicionistas. Desde o ano passado, líderes de oposição se reuniram na tentativa de chegar a uma candidatura única à Presidência.
A postulação conjunta e não negociável de Luiz Inácio Lula da Silva, Garotinho e Ciro impediu que um acordo fosse feito.
A aposta petista é que a forma com que Serra conduziu sua campanha -com ataques diretos a Ciro e a Garotinho- facilitará a costura de uma aliança ampla.

Ataques
Preocupou o comando de campanha petista duas declarações recentes de Garotinho e Ciro. O ex-governador do Rio afirmou, há uma semana da eleição, que não apoiaria Lula no segundo turno. No debate da Rede Globo, Ciro disse que seu caminho seria ser presidente ou ser oposição.
O PT avalia que as duas declarações podem ser atribuídas à tensão da reta final, mas as registrou. Ontem, Ciro já emitia sinais de adesão a Lula.
O comando petista acha que trabalhou para evitar desgastes com os outros oposicionistas nas duas ocasiões mais críticas da campanha. Primeiro, quando o fraco desempenho de Garotinho levou lideranças do PSB a pedirem sua renúncia em favor de Lula. O PT evitou estimular negociações ou declarações que pudessem irritar o candidato.
O mesmo se repetiu com Ciro Gomes, na semana final de campanha, quando houve boatos e declarações de aliados do ex-governador do Ceará pedindo sua renúncia. O PT evitou articulações a esse respeito, em especial com o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola.
Durante a campanha, a relação entre os três oposicionistas não chegou a um ponto crítico, mas houve trocas de acusações e críticas que os afastaram.
Ciro, durante a campanha, disse coisas como: "Lula desertou da luta de oposição". Ou: "Lula está gostando dessa baixaria e deixando para mim a responsabilidade de confrontar o candidato do governo, para ficar no "Lulinha paz e amor"."
Esses ataques de Ciro não ficaram sem resposta do petista: "Se alguém quiser gravar as besteiras que Ciro fala, é só ir para seu comício, porque bobagem se fala em qualquer lugar", declarou.
A confrontação se repetiu entre o petista e Garotinho. "Lula agora parece o docinho de coco dos banqueiros", foi um dos ataques do ex-governador do Rio.
E houve outros, menos bem-humorados: "O Lula de agora não é o Lula em que votamos nas outras eleições. Ele traiu os princípios da esquerda e fez concessões inadmissíveis para poder ganhar. O político começa a perder quando abre mão dos princípios que marcam sua vida. Hoje, em vez de Lula lá, é o Luley. O Lulinha paz e amor do Sarney."
Lula respondeu que Garotinho defendeu tanto a pureza de sua candidatura que terminou sozinho na disputa presidencial.

Frustração
Outra prioridade petista é evitar que o fracasso da tentativa de vitória no primeiro turno passe uma imagem de derrota para o eleitor e para os militantes. Por isso, havia ontem a previsão de, conhecido o resultado oficial, Luiz Inácio Lula da Silva fazer um pronunciamento lembrando que o PT atingiu a maior votação de sua história. A passagem do candidato do PT em São Paulo, José Genoino, ao segundo turno, seria usada para dar um ar de festa ao final da votação de ontem.
Lula lembrará que, em 1989, obteve 11.622.321 (17,2% dos válidos); em 1994, alcançou 17.122.127 (27,0%) e, em 1998, 21.475.218 (31,7%). Atingir cerca de 48% dos válidos (mais de 50 milhões de votos) seria uma vitória expressiva e o colocaria como favorito para o segundo turno. (PLÍNIO FRAGA)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.