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Prioridade petista é formalizar uma frente de oposição
DA REPORTAGEM LOCAL
A campanha petista no segundo turno tem como prioridade
acertar aliança com as candidaturas de Anthony Garotinho (PSB) e
de Ciro Gomes (PPS) e seus respectivos partidos para a formação
de uma frente de oposição ao situacionista José Serra (PSDB).
O comando de campanha petista se reúne hoje para fechar as linhas gerais da proposta que pretende levar aos demais oposicionistas. Desde o ano passado, líderes de oposição se reuniram na
tentativa de chegar a uma candidatura única à Presidência.
A postulação conjunta e não negociável de Luiz Inácio Lula da
Silva, Garotinho e Ciro impediu
que um acordo fosse feito.
A aposta petista é que a forma
com que Serra conduziu sua campanha -com ataques diretos a
Ciro e a Garotinho- facilitará a
costura de uma aliança ampla.
Ataques
Preocupou o comando de campanha petista duas declarações
recentes de Garotinho e Ciro. O
ex-governador do Rio afirmou,
há uma semana da eleição, que
não apoiaria Lula no segundo turno. No debate da Rede Globo, Ciro disse que seu caminho seria ser
presidente ou ser oposição.
O PT avalia que as duas declarações podem ser atribuídas à tensão da reta final, mas as registrou.
Ontem, Ciro já emitia sinais de
adesão a Lula.
O comando petista acha que
trabalhou para evitar desgastes
com os outros oposicionistas nas
duas ocasiões mais críticas da
campanha. Primeiro, quando o
fraco desempenho de Garotinho
levou lideranças do PSB a pedirem sua renúncia em favor de Lula. O PT evitou estimular negociações ou declarações que pudessem irritar o candidato.
O mesmo se repetiu com Ciro
Gomes, na semana final de campanha, quando houve boatos e
declarações de aliados do ex-governador do Ceará pedindo sua
renúncia. O PT evitou articulações a esse respeito, em especial
com o presidente nacional do
PDT, Leonel Brizola.
Durante a campanha, a relação
entre os três oposicionistas não
chegou a um ponto crítico, mas
houve trocas de acusações e críticas que os afastaram.
Ciro, durante a campanha, disse
coisas como: "Lula desertou da
luta de oposição". Ou: "Lula está
gostando dessa baixaria e deixando para mim a responsabilidade
de confrontar o candidato do governo, para ficar no "Lulinha paz e
amor"."
Esses ataques de Ciro não ficaram sem resposta do petista: "Se
alguém quiser gravar as besteiras
que Ciro fala, é só ir para seu comício, porque bobagem se fala em
qualquer lugar", declarou.
A confrontação se repetiu entre
o petista e Garotinho. "Lula agora
parece o docinho de coco dos
banqueiros", foi um dos ataques
do ex-governador do Rio.
E houve outros, menos bem-humorados: "O Lula de agora não
é o Lula em que votamos nas outras eleições. Ele traiu os princípios da esquerda e fez concessões
inadmissíveis para poder ganhar.
O político começa a perder quando abre mão dos princípios que
marcam sua vida. Hoje, em vez de
Lula lá, é o Luley. O Lulinha paz e
amor do Sarney."
Lula respondeu que Garotinho
defendeu tanto a pureza de sua
candidatura que terminou sozinho na disputa presidencial.
Frustração
Outra prioridade petista é evitar
que o fracasso da tentativa de vitória no primeiro turno passe
uma imagem de derrota para o
eleitor e para os militantes. Por isso, havia ontem a previsão de, conhecido o resultado oficial, Luiz
Inácio Lula da Silva fazer um pronunciamento lembrando que o
PT atingiu a maior votação de sua
história. A passagem do candidato do PT em São Paulo, José Genoino, ao segundo turno, seria
usada para dar um ar de festa ao
final da votação de ontem.
Lula lembrará que, em 1989, obteve 11.622.321 (17,2% dos válidos); em 1994, alcançou 17.122.127
(27,0%) e, em 1998, 21.475.218
(31,7%). Atingir cerca de 48% dos
válidos (mais de 50 milhões de votos) seria uma vitória expressiva e
o colocaria como favorito para o
segundo turno.
(PLÍNIO FRAGA)
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