São Paulo, quarta-feira, 07 de outubro de 2009

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Mendes defende regras para suprir vácuo do fim da Lei de Imprensa

Presidente do STF diz que Congresso tem que criar normas para evitar situações de "perplexidade"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, defendeu que o Congresso crie novas regras para suprir o vácuo jurídico deixado pelo fim da Lei de Imprensa. Para ele, a falta de "normas de organização e procedimento" gera situações de "perplexidade".
No final de abril, o STF decidiu revogar toda a Lei de Imprensa (5.250/67), conjunto de regras criado no regime militar (1964-1985) que previa atos como a censura, a apreensão de publicações e a blindagem de autoridades da República contra o trabalho jornalístico.
Muitos dos casos relacionados à lei revogada são agora tratados pelos códigos Civil e Penal e pela Constituição de 1988.
"O próprio episódio a propósito desse conflito com o "Estado de S. Paulo" está a mostrar que há alguma perplexidade. Por exemplo: qual é a regra que disciplina a competência [onde o caso deve ser julgado]? É o local do dano, é o local de publicação do veículo? Em suma, são perplexidades que não existiam diante do quadro anterior, quando havia uma lei", disse ontem, no seminário "Mídia e Liberdade de Expressão", organizado pela TV Globo.
Uma decisão do desembargador Dácio Vieira proibiu, em julho, o "Estado de S. Paulo" de publicar informações da Operação Boi Barrica (rebatizada de Faktor). A investigação da Polícia Federal tem entre os alvos Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Fernando é o autor do pedido à Justiça.
Vieira foi afastado do caso pelos colegas do Tribunal de Justiça do DF, por suspeição. Mas o mesmo tribunal declarou que o episódio deve ser julgado pela Justiça do Maranhão.
Mendes também citou especificamente o problema do direito de resposta, que não possui qualquer regulamentação desde o fim da Lei de Imprensa. "Entendo que temas específicos vão reclamar uma disciplina legislativa. Isso é inevitável."
Ele comentou ainda o fato de o STF nunca ter condenado uma autoridade, ao dizer que muitas vezes as denúncias apresentadas não são suficientemente embasadas e que existe uma "excessiva criminalização da política": "Não é verdade que o STF seja um cemitério das ações contra os políticos".


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