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MS cria fundo para "driblar" débito
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O governador de Mato Grosso
do Sul, José Orcírio dos Santos, o
Zeca do PT, criou um fundo assistencial que, na prática, tem "driblado" parte do pagamento da dívida do Estado com a União.
O fundo, conhecido como FIS
(Fundo de Investimento Social),
surgiu em junho, assim que o governo federal recusou uma tentativa de Zeca de negociar uma redução no pagamento das dívidas.
O petista queria trocar parte do
pagamento da dívida pela execução de projetos sociais. A intenção
era deixar de repassar parte dos
R$ 13 milhões mensais à União e
ampliar o projeto Bolsa-Escola.
Mato Grosso do Sul deve R$ 3
bilhões com a União, que estão
sendo pagos com 15% da receita
líquida estadual, todo mês.
O FIS sobrevive das contribuições de empresas credenciadas a
deduzir o valor da doação no pagamento do ICMS (Imposto sobre Circulação e Serviços).
O fundo arrecada mensalmente
R$ 4,8 milhões, dos quais 25%
destinam-se às prefeituras. O resto banca projetos sociais como o
Bolsa-Escola, amparo a comunidades indígenas e programas de
reforma agrária. Com o dinheiro,
o Estado já comprou duas fazendas para 150 famílias sem terra.
Pelos planos do governo, o FIS
deve juntar R$ 96 milhões até dezembro de 2001. Quem mais contribui com o fundo são as empresas dos setores energético e de telecomunicações no Estado.
A iniciativa, porém, tem oposição da Fiems (Federação das Indústrias do Mato Grosso do Sul).
Para Wagner Bertoli, assessor
econômico da entidade, o FIS é
inconstitucional. "É uma forma
de burlar a dívida com a União e
tirar recursos do Fundef (Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental),
do Judiciário e do Legislativo."
Para Bertoli, quando uma empresa destina parte do imposto
devido para o FIS, isso reduz a receita estadual, de onde são calculados os pagamentos à União.
Pelas contas do economista,
considerando que em um ano e
meio o FIS capte R$ 96 milhões, o
Estado deixaria de repassar, no
período, R$ 14,4 milhões.
Apenas um senador do Estado,
Lúdio Coelho (PSDB), atacou a
iniciativa do FIS. Em um ofício ao
ministro da Fazenda, Pedro Malan, ele destacou o "drible" de Zeca no pagamento da dívida.
A secretária de Reestrutura e
Ajuste, Gleisi Hoffman, disse que
é "ótima" a idéia de trocar a dívida por um projeto que deve "amparar pelo menos 20 mil famílias,
que serão beneficiadas com o Bolsa-Escola no ano que vem".
"O dinheiro do FIS deixa de ser
arrecado na forma de ICMS, mas
entra no Tesouro para custear
programas sociais. E o governo
federal, que criou o Proer para socorrer os bancos?", disse.
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