São Paulo, sábado, 07 de dezembro de 2002

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PAINEL

Pressão regional
Lula ouviu ontem de parlamentares do PT que não conseguirá formar uma aliança que lhe garanta a maioria no Congresso se anunciar um ministério com maioria de petistas e paulistas, como deve ocorrer.

Política real
O alerta foi feito em reunião com mais de dez dirigentes, ontem, na Granja do Torto (dos quais só dois, Luiz Dulci e José Alencar, não eram paulistas). Os parlamentares disseram a Lula que, se ele não der ministérios a políticos do Sul e do Nordeste, terá dificuldades para governar.

Pauta única
Petistas do Sul e do Nordeste também reclamarão a Lula do predomínio paulista no ministério na reunião de hoje do Diretório Nacional do PT. Políticos de SP são cotados para ocupar dez cargos de primeiro escalão.

Apertar amarras
Michel Temer (PMDB) ameaça lançar candidatura avulsa para disputar com João Paulo (PT-SP) a presidência da Câmara, caso seu partido não ganhe cargos de primeiro escalão. O deputado procurou colegas do PL, do PTB e do PPS em busca de apoio.

Aliado estratégico
Parte do PL comprou a idéia de Temer e ameaçou ontem o PT: não aceitará receber só o Ministério do Turismo. Se a oferta não for aumentada, a sigla poderá apoiar o peemedebista e fazer oposição ao governo Lula.

Direção ameaçada
Luiz Medeiros (SP) e João Caldas (AL) eram os únicos deputados do PL que criticavam a cúpula liberal. Ontem, conseguiram atrair Bispo Rodrigues (RJ) e os evangélicos. Com isso, Valdemar Costa Neto (SP), que defende a aliança com o PT, pode ter perdido o controle da sigla.

Mão aberta
Lula pediu para os três governadores do PMDB do Sul indicarem um ministro. Mas Germano Rigotto (RS), Roberto Requião (PR) e Luiz Henrique (SC) não aceitaram. Argumentaram que o petista deve convidar "institucionalmente" o partido.

Lobby tardio
Generais do Exército procuraram o governo de transição para defender o nome de José Genoino para a Defesa. Ouviram que ele não será indicado ao cargo.

Liturgia do cargo
Nos dois discursos oficiais que fez em suas visitas à Argentina e ao Chile, Lula saudou a platéia adaptando a moda lançada por José Sarney (PMDB) na Presidência. "Argentinos e argentinas" e "chilenos e chilenas" foram os cumprimentos.

Guerra de guerrilha
Informada por José Dirceu de que o PTB dificilmente teria um ministério, a cúpula da sigla, reunida na quarta, em Brasília, deu ao PT dois avisos: o de que não queria mais cargos e o de que apoiaria Lula no Congresso de modo "independente".

Sinal de fumaça
Na avaliação de dirigentes petebistas, o PT "sentiu o golpe" após ter recebido o recado. Desde então, líderes da sigla dizem ter ouvido que o PTB é novamente candidato a uma vaga na Esplanada dos Ministérios.

Aposta alta
O PTB espalha ter sido sondado pelo PT para assumir a BR Distribuidora. "Mas a BR não tem status de ministério. A Petrobras, sim", diz cacique da sigla. A cúpula promete só participar do governo se tiver representantes entre os ministros.

Façanha
Arlindo Chinaglia (SP) representou o PT no encontro nacional dos aposentados, ontem, em Brasília. Disse que dificilmente haverá aumento salarial no primeiro ano do governo Lula. E ainda saiu de lá aplaudido.

Visita à Folha
O senador José Sarney (PMDB), ex-presidente da República, visitou ontem a Folha.

TIROTEIO

Do deputado federal eleito Paulo Bernardo (PT), sobre Aécio Neves (PSDB) ter condicionado a votação da MP 66 à liberação de recursos para Minas:
- Parafraseando Itamar Franco, seria o caso de perguntar quem é o presidente da República: Fernando Henrique Cardoso ou Aécio Neves?

CONTRAPONTO

Arroz de festa

Em 86, o ministro das Relações Exteriores de José Sarney, Roberto Abreu Sodré, fez uma viagem a Cuba para marcar o reatamento das relações diplomáticas entre os dois países. Na comitiva estava, entre outros jornalistas, Ricardo Noblat, que na próxima terça lançará em SP seu livro "A Arte de Fazer um Jornal Diário".
O ditador cubano, Fidel Castro, estava muito interessado em dar atenção ao representante do governo brasileiro. Em qualquer evento em que estivesse Sodré, por mais inexpressivo que fosse, lá estava Fidel. Até ao lançamento da pedra fundamental da embaixada brasileira ele foi.
No quarto dia de compromissos, em outro evento menor, o cubano novamente apareceu para falar com Abreu Sodré. Ao ver Castro chegando, um dos jornalistas brasileiros virou-se para o ministro e desabafou:
- Ih, lá vem o chato do Fidel...


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