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ESTADOS
Dos 420 mil funcionários do Estado, só 12 mil receberão o benefício no dia 20; governadora tenta receber dívida da União
Benedita diz que não pagará 13º a servidor
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
A governadora do Rio, Benedita
da Silva (PT), disse ontem que
deixará o governo sem pagar o 13º
salário a todos os servidores do
Estado. Ela afirmou ter esperanças de que a União reconheça e
pague, ainda neste mês, uma dívida com o Estado de R$ 140 milhões referentes a ativos federais
do extinto Banerj Previdência.
Com o dinheiro, diz Benedita,
será possível pagar o 13º salário de
217 mil servidores que ganham
até R$ 950. A folha de pessoal custa R$ 650 milhões por mês.
"O Estado está fazendo o maior
esforço possível para o pagar o 13º
salário. Se nós não conseguirmos,
é porque já concluímos o nosso
tempo aqui e não será mais uma
tarefa nossa", disse ela, que apresentou oficialmente o balanço das
31 secretarias do governo. Os balanços serão entregues à equipe
de transição da governadora eleita, Rosinha Matheus (PSB).
Do total de 420 mil funcionários
do Estado, só 12 mil (2,8% da folha de pessoal) deverão receber o
benefício até o dia 20. O grupo trabalha em empresas, fundações e
autarquias estaduais que se mantêm com receitas próprias, como
o Detran e a Cedae (Companhia
Estadual de Águas e Esgoto).
Mesmo que a União reconheça
a dívida com o Estado em relação
aos ativos do Banerj Previdência,
ainda haverá um buraco de R$
500 milhões que o governo atual
deixará de herança para Rosinha.
"Se conseguimos arranjar os R$
500 milhões, pagaremos [o 13º],
mas, se não conseguirmos, paciência. É um milagre que estejamos conseguindo pagar os salários dos servidores", disse o secretário de Controle e Gestão, René
Garcia. A folha de pessoal e os
programas sociais são responsáveis, segundo técnicos do governo, por um déficit orçamentário mensal de R$ 160 milhões.
Benedita anunciou que deixará
em caixa o pagamento da folha de
dezembro. Disse que para governar precisaria de uma "folga" de
R$ 500 milhões na receita, para
investir em programas sociais.
A governadora disse estar disposta a ajudar Rosinha caso seja
indicada pelo presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para ocupar uma pasta na área social. "Se formos chamados é evidente que estaremos atendendo
[as demandas do Rio". Sou servidora pública estadual, posso ajudar, é só requisitar. Fazer política
é a capacidade de conviver com as
diferentes", declarou.
Para não ser acusada de não ter
cumprido a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que proíbe o
governante em fim de mandato
de deixar restos a pagar a descoberto, Benedita criou um fundo
de recebíveis, constituído por créditos na dívida ativa (dívidas em
cobrança judicial) do Estado. A
previsão é de que o fundo obterá
receita entre R$ 800 milhões e R$ 1
bilhão no próximo ano.
O fundo de recebíveis, já aprovado na Assembléia Legislativa,
só entrará em vigor em janeiro.
Os recursos do fundo são suficientes, segundo Garcia, para o
13ª salário e os restos a pagar.
Gastos em rodovias
O texto da medida provisória
que estabelece as "condições gerais" para o ressarcimento de gastos feitos pelos Estados em rodovias federais continuava, até a
noite de ontem, sendo discutido
no âmbito federal. Além de dificuldades jurídicas e financeiras,
havia um empecilho político para
a edição da MP nesta semana.
Apesar de a decisão de liberação
já estar tomada, o governo federal
deve optar por não se submeter
ao ultimato dado pelo governador de Minas, Itamar Franco (sem
partido). Segundo a assessoria da
Casa Civil da Presidência, a medida não foi levada para despacho
com o presidente Fernando Henrique Cardoso, que viaja hoje.
A MP deve estipular que o caso
de cada Estado seja analisado individualmente por uma comissão, critério no qual Minas já está adiantado. Itamar pleiteou R$ 1,2
bilhão, mas deve ser atendido
com cerca de R$ 600 milhões.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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