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Para CPI, versão
de ex-tesoureiro
é "inverossímil"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Inverossímil". Foi assim
que membros do comando da
CPI dos Correios classificaram
a versão apresentada por Delúbio Soares para a origem do dinheiro usado no pagamento de
R$ 1 milhão à Coteminas.
O que mais causa estranheza
na versão de Delúbio é o período de tempo entre o último repasse feito pelo publicitário
Marcos Valério de Souza ao
partido e o pagamento à Coteminas: mais de sete meses. O
ex-tesoureiro teria de reservar
dinheiro do caixa dois operado
pelo publicitário por quase um
ano para honrar o pagamento à
Coteminas.
O relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) não defende a convocação
de um novo depoimento do ex-tesoureiro petista à CPI, mas
disse que pedirá à Polícia Federal que ouça explicações do ex-tesoureiro do PT.
"Isso não convence. É inverossímil que o partido, com as
dificuldades financeiras que
enfrentava, tenha guardado dinheiro durante quase um ano
para pagar à Coteminas", avaliou o relator. "É querer tapar o
sol com a peneira", disse o deputado.
A PF já informou que chamará para depor Delúbio e a funcionária do PT Marice Corrêa
Lima, que teria sido feito o pagamento à Coteminas.
O sub-relator de movimentação financeira, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) chegou
a irritar-se com a explicação
dada por Delúbio Soares. "Juridicamente, [a versão] pode evitar questionamentos, tiveram
tempo para prepará-la. Mas,
politicamente, é um desastre,
isso é uma ofensa à inteligência, mais uma história inverossímil na sucessão de histórias
inverossímeis", avaliou Fruet.
O deputado aguarda o resultado de novo rastreamento dos
saques feitos no esquema operado por Valério e espera poder mostrar que os R$ 4,9 milhões repassados ao Diretório
Nacional do PT já tinham tido
outro destino antes do pagamento à Coteminas.
O relator Osmar Serraglio investe no que chama linha de investigação "diversificada". "A
origem do pagamento à Coteminas podem ser operações
dos fundos de pensão, que produziram perdas expressivas."
Mais cauteloso, o presidente
da CPI dos Correios, senador
Delcídio Amaral (PT-MS), disse que a comissão vai investigar
se o ex-tesoureiro petista fala a
verdade ou se o PT contava
com outra fonte de recursos de
caixa dois além dos supostos
empréstimos bancários tomados por Marcos Valério.
"É muito estranho fazer reserva de dinheiro de caixa
dois", avaliou.
(MARTA SALOMON)
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