São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005

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Para CPI, versão de ex-tesoureiro é "inverossímil"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Inverossímil". Foi assim que membros do comando da CPI dos Correios classificaram a versão apresentada por Delúbio Soares para a origem do dinheiro usado no pagamento de R$ 1 milhão à Coteminas.
O que mais causa estranheza na versão de Delúbio é o período de tempo entre o último repasse feito pelo publicitário Marcos Valério de Souza ao partido e o pagamento à Coteminas: mais de sete meses. O ex-tesoureiro teria de reservar dinheiro do caixa dois operado pelo publicitário por quase um ano para honrar o pagamento à Coteminas.
O relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) não defende a convocação de um novo depoimento do ex-tesoureiro petista à CPI, mas disse que pedirá à Polícia Federal que ouça explicações do ex-tesoureiro do PT.
"Isso não convence. É inverossímil que o partido, com as dificuldades financeiras que enfrentava, tenha guardado dinheiro durante quase um ano para pagar à Coteminas", avaliou o relator. "É querer tapar o sol com a peneira", disse o deputado.
A PF já informou que chamará para depor Delúbio e a funcionária do PT Marice Corrêa Lima, que teria sido feito o pagamento à Coteminas.
O sub-relator de movimentação financeira, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) chegou a irritar-se com a explicação dada por Delúbio Soares. "Juridicamente, [a versão] pode evitar questionamentos, tiveram tempo para prepará-la. Mas, politicamente, é um desastre, isso é uma ofensa à inteligência, mais uma história inverossímil na sucessão de histórias inverossímeis", avaliou Fruet.
O deputado aguarda o resultado de novo rastreamento dos saques feitos no esquema operado por Valério e espera poder mostrar que os R$ 4,9 milhões repassados ao Diretório Nacional do PT já tinham tido outro destino antes do pagamento à Coteminas.
O relator Osmar Serraglio investe no que chama linha de investigação "diversificada". "A origem do pagamento à Coteminas podem ser operações dos fundos de pensão, que produziram perdas expressivas."
Mais cauteloso, o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse que a comissão vai investigar se o ex-tesoureiro petista fala a verdade ou se o PT contava com outra fonte de recursos de caixa dois além dos supostos empréstimos bancários tomados por Marcos Valério.
"É muito estranho fazer reserva de dinheiro de caixa dois", avaliou.
(MARTA SALOMON)


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