|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO CELSO DANIEL
Avisei Lula de propina, diz jornalista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A jornalista Mara Gabrilli, filha
do empresário do setor de transportes Luiz Alberto Gabrilli, confirmou ontem em depoimento à
CPI dos Bingos ter relatado em 23
de março de 2003 ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva o suposto esquema de cobrança de propina que funcionaria na Prefeitura
de Santo André antes de o prefeito
Celso Daniel (PT) ser assassinado,
do qual seu pai teria sido vítima.
Afirmou ainda ter recebido
uma sugestão de forma "imperativa" de um assessor do presidente para que não comentasse o assunto do encontro, que aconteceu
no apartamento de Lula em São
Bernardo do Campo (SP). A sugestão do assessor era que Mara
citasse como tema da conversa o
projeto de reabilitação de deficientes físicos que desenvolvia.
Ela ficou tetraplégica em um
acidente de carro. Mara não sabia
o nome do assessor, descrevendo-o como alto e de barba.
A jornalista afirmou que o presidente não se mostrou surpreso
com o relato das supostas irregularidades em Santo André, mas
aparentou estar ouvindo o caso
pela primeira vez. Lula se comprometeu, segundo ela, a averiguar, mas não teria dado resposta.
Nessa época, a polícia havia encerrado a investigação da morte
de Celso Daniel, apontando-a como crime comum. A família Gabrilli, que controla um terço das
linhas de ônibus em Santo André,
também já tinha denunciado ao
Ministério Público o suposto esquema de cobrança de propina,
cujo dinheiro seria destinado em
parte à campanha política do PT.
Mara disse ontem ter sido ela a
primeira da família a procurar o
Ministério Público para denunciar o caso. "Não acho que ele
[Lula] deu a importância e a dimensão que realmente deveria ter
o assunto", disse Mara, que é filiada ao PSDB desde o ano passado e
hoje chefia a pasta da Pessoa com
Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo.
"Ele prometeu três coisas: averiguar o que estava acontecendo,
pediu que dona Marisa visitasse o
projeto que eu desenvolvia na
academia e pegou meu endereço
para enviar uma foto que tiramos
juntos. Não cumpriu", afirmou.
Esse relato levou senadores de
oposição a criticar o presidente. O
senador José Jorge (PFL-PE) chegou a falar em operação abafa do
caso com a participação de Lula.
Coube ao senador Tião Viana
(PT-AC) a defesa de Lula, dizendo
que o presidente chamou, à época, o prefeito de Santo André,
João Avamileno (PT), para pedir
informações. Segundo Viana, o
prefeito teria relatado as investigações da polícia e do Ministério
Público e determinado a abertura
de uma sindicância para apurar as
denúncias de irregularidades.
Mara disse desconhecer as medidas. "Adoraria ter sabido que isso aconteceu. E, se aconteceu, foi
de forma escondida, porque ninguém soube." O Palácio do Planalto disse não quis se manifestar.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Rumo a 2006: Para Marta, "mensalão" vai atrapalhar PT Índice
|