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CASO DOROTHY
Organizações patrocinarão acampamento em frente a tribunal
Caravana vai a julgamento de acusados de matar religiosa
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Entidades civis preparam caravanas para levar mais de 2.000
pessoas a acampar em frente ao
Tribunal de Justiça, em Belém
(PA), às vésperas do julgamento
de Rayfran das Neves Sales (Fogoió) e Clodoaldo Carlos Batista
(Eduardo), acusados de matar a
missionária Dorothy Stang.
Só o Comitê Dorothy Stang
-criado após a morte da freira
americana- vai patrocinar a ida
de 800 pessoas de cidades como
Anapu (onde ocorreu o crime),
Xinguara, São Félix do Xingu,
Marabá e Rondon do Pará. Elas ficarão em cabanas na praça Felipe
Patroni. São, na maioria, pequenos agricultores, alguns ligados
ao MST e à Fetagri (Federação dos
Trabalhadores na Agricultura do
Estado do Pará). Além de bancar
a alimentação, o comitê arca com
os custos de uma equipe médica
de plantão. Todos os recursos
vêm de doações.
O julgamento começa na sexta-feira. A expectativa é que a decisão saia em 24 horas, no Dia Internacional dos Direitos Humanos
(10). Fogoió e Eduardo são acusados de disparar os seis tiros que
mataram Dorothy. A pena para
homicídio duplamente qualificado, pelo qual respondem, varia de
12 a 30 anos de prisão.
Assentados dos PDS (Projetos
de Desenvolvimento Sustentável)
Esperança e Virola/ Jatobá -que
eram liderados por Dorothy-
sairão de Anapu em três ônibus,
na quinta-feira, e enfrentarão 13
horas de viagem. Antes, às 5h, os
assentados vão esperar a alvorada, na igreja Santa Luzia, onde rezarão em homenagem à freira,
que morou por quase 22 anos em
uma casa de madeira ao lado.
No PDS Esperança (53 km ao
sul de Anapu), haverá vigília de
assentados em cruzeiro construído no local do crime, na estrada
vicinal Santana. "Estaremos em
oração porque queremos um julgamento justo, não queremos
vingança", afirma o padre José
Amaro Lopes de Sousa.
Apesar de considerar "óbvia" a
condenação de Fogoió e Eduardo,
réus confessos, o comitê planeja
fazer "pressão" até que seja encerrado o julgamento.
Haverá oficinas políticas sobre
"luta de classes, meio ambiente e
direitos humanos" e atividades
artísticas e culturais. Todos irão
usar camisetas com o símbolo
marajoara, com a inscrição "A
morte da floresta é o fim da vida",
que Dorothy costumava vestir
-inclusive, estava com ela no
momento em que foi baleada. Em
Castanhal e Mosqueiro (80 e 79
km da capital), também haverá
acampamentos, com dormitórios
com sanitários, alimentação e
equipe médica.
O comitê, que recebeu o prêmio
João Canuto, no Rio, ontem, lançou um site com informações sobre o PDS, a região oeste do Estado, o crime e a vida da irmã Doti,
como era conhecida. O endereço
é www.comitedorothy.cjb.net.
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