São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005

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CASO DOROTHY

Organizações patrocinarão acampamento em frente a tribunal

Caravana vai a julgamento de acusados de matar religiosa

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

Entidades civis preparam caravanas para levar mais de 2.000 pessoas a acampar em frente ao Tribunal de Justiça, em Belém (PA), às vésperas do julgamento de Rayfran das Neves Sales (Fogoió) e Clodoaldo Carlos Batista (Eduardo), acusados de matar a missionária Dorothy Stang.
Só o Comitê Dorothy Stang -criado após a morte da freira americana- vai patrocinar a ida de 800 pessoas de cidades como Anapu (onde ocorreu o crime), Xinguara, São Félix do Xingu, Marabá e Rondon do Pará. Elas ficarão em cabanas na praça Felipe Patroni. São, na maioria, pequenos agricultores, alguns ligados ao MST e à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará). Além de bancar a alimentação, o comitê arca com os custos de uma equipe médica de plantão. Todos os recursos vêm de doações.
O julgamento começa na sexta-feira. A expectativa é que a decisão saia em 24 horas, no Dia Internacional dos Direitos Humanos (10). Fogoió e Eduardo são acusados de disparar os seis tiros que mataram Dorothy. A pena para homicídio duplamente qualificado, pelo qual respondem, varia de 12 a 30 anos de prisão.
Assentados dos PDS (Projetos de Desenvolvimento Sustentável) Esperança e Virola/ Jatobá -que eram liderados por Dorothy- sairão de Anapu em três ônibus, na quinta-feira, e enfrentarão 13 horas de viagem. Antes, às 5h, os assentados vão esperar a alvorada, na igreja Santa Luzia, onde rezarão em homenagem à freira, que morou por quase 22 anos em uma casa de madeira ao lado.
No PDS Esperança (53 km ao sul de Anapu), haverá vigília de assentados em cruzeiro construído no local do crime, na estrada vicinal Santana. "Estaremos em oração porque queremos um julgamento justo, não queremos vingança", afirma o padre José Amaro Lopes de Sousa.
Apesar de considerar "óbvia" a condenação de Fogoió e Eduardo, réus confessos, o comitê planeja fazer "pressão" até que seja encerrado o julgamento.
Haverá oficinas políticas sobre "luta de classes, meio ambiente e direitos humanos" e atividades artísticas e culturais. Todos irão usar camisetas com o símbolo marajoara, com a inscrição "A morte da floresta é o fim da vida", que Dorothy costumava vestir -inclusive, estava com ela no momento em que foi baleada. Em Castanhal e Mosqueiro (80 e 79 km da capital), também haverá acampamentos, com dormitórios com sanitários, alimentação e equipe médica.
O comitê, que recebeu o prêmio João Canuto, no Rio, ontem, lançou um site com informações sobre o PDS, a região oeste do Estado, o crime e a vida da irmã Doti, como era conhecida. O endereço é www.comitedorothy.cjb.net.


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