ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em campanha contra a indicação de José Sarney (PMDB) para a presidência do Senado, o líder do PSDB, Arthur Virgílio, disse que a Casa não pode eleger "um cacique" somente para respeitar a regra da proporcionalidade, pela qual cabe ao maior partido indicar o presidente. Seria o mesmo que "fazer um grande acordão para não mudar nada". Segundo ele, Sarney não teve "coragem" de se manifestar na crise envolvendo Renan Calheiros porque pratica uma "política velha" que tem como princípio a omissão e o "esmagamento dos adversários".

 

FOLHA - Por que o senhor não aceita a candidatura Sarney?
ARTHUR VIRGÍLIO - Queremos um líder que responda pela ética, que enfrente de maneira altaneira os percalços que tentem colocar em seu caminho. Não se justifica ele não ter se manifestado nem a favor nem contra no episódio Renan. Um líder precisa ter coragem. Ele pratica uma política velha, acha que o político competente deve ficar calado nas horas de crise.

FOLHA - As ligações de Sarney com Lula dificultam o trânsito dele com a oposição?
VIRGÍLIO - O novo presidente terá que ser alguém independente do Planalto e não alguém que exerça suas funções com um olho no seu Estado, no esmagamento dos seus adversários, e o outro no Ministério de Minas e Energia. Ele não é uma pessoa que se porte de maneira apropriada em relação ao [ex-]presidente Fernando Henrique, a José Serra.

FOLHA - A bancada pode lançar candidatura própria?
VIRGÍLIO - O ideal seria um nome do PMDB que nos unisse. Se não nos unir, o que ganhamos entrando nesse barco da alegria? Para impor qual mudança real? Ele será capaz de dar uma resposta clara à fisiologia reinante? Vai instar o presidente a acabar com esse toma-lá-dá-cá, que loteia Furnas, que loteia cargos e emendas em troca de apoio à CPMF?

FOLHA - A bancada do PSDB diz que aceita José Sarney. O senhor está isolado?
VIRGÍLIO - Acabo de ser reconduzido pela sexta vez para a liderança e ficar isolado acho meio difícil. Vale a pena a bancada me isolar por causa do Sarney?

FOLHA - Se ele for eleito, não teme retaliações?
VIRGÍLIO - Esse pessoal é oligarca, acostumado a mandar nos outros, aí fica emburradinho quando me vê. Não gostaria de ter um cacique presidindo a Casa.


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