São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

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ABL elege jornalista Cícero Sandroni como seu novo presidente

Acadêmico recebeu 39 dos 40 votos possíveis, em chapa de consenso; escritor Ivan Junqueira será o secretário-geral

Genro de Austregésilo de Athayde, que presidiu a ABL até 93, Sandroni é autor de "O Peixe de Armana" e "O Diabo Só Chega ao Meio-dia"


DA SUCURSAL DO RIO

O jornalista Cícero Sandroni, 72, foi eleito ontem o novo presidente da Academia Brasileira de Letras. Ele recebeu 39 dos 40 votos possíveis -e não quis confirmar se o voto em branco fora dado por ele mesmo, como se afirmava na casa. A posse está marcada para a próxima quinta, às 17h, na academia.
Confirmou-se a chapa única montada em consenso pelos acadêmicos: Ivan Junqueira (secretário-geral); Alberto da Costa e Silva (primeiro secretário); Nelson Pereira dos Santos (segundo secretário) e Evanildo Bechara (tesoureiro). O mandato é de um ano, renovável por mais um.
"Eu tenho uma missão difícil, que é ser presidente depois da gestão de Marcos Vinicios Vilaça. Ele abriu a casa, fez uma gestão para as humanidades, não só para as letras, e transformou a academia em popular sem ser vulgar", exaltou Sandroni, que era secretário-geral de Vilaça.
"Cícero é um administrador testado e um intelectual consagrado. Será o presidente de que a academia precisa", devolveu Vilaça, que buscou atrair público e mídia para a instituição nos últimos dois anos. Entre os desafios da nova gestão estão dois eventos em 2008 -o centenário da morte de Machado de Assis, fundador da casa, e o bicentenário da chegada da família real portuguesa ao Brasil.
Cícero Sandroni foi genro de Austregésilo de Athayde, que presidiu a ABL durante 34 anos (de 1959 até morrer, em 1993). Escreveu, inclusive, a biografia "Austregésilo de Athayde, o Século de um Liberal" (1998), ao lado da mulher, Laura Sandroni. "Mas também conheço a academia por ter feito muitas entrevistas e coberturas, acompanhado a vida da casa. Nem sempre minhas relações com ela foram amorosas", disse ele.
O paulistano Sandroni se mudou aos 11 anos para o Rio, onde desenvolveu sua carreira jornalística. Atuou, entre outros veículos, em "Tribuna da Imprensa", "Correio da Manhã", "Jornal do Brasil", "O Globo" e "Fatos e Fotos".
Ainda ocupou cargos públicos como a subchefia do gabinete de Franco Montoro quando este era ministro do Trabalho de João Goulart, em 1962.
Da obra de Sandroni constam ficções como "O Diabo Só Chega ao Meio-dia" (1985) e "O Peixe de Armana" (2003) e um perfil biográfico de Carlos Heitor Cony (2003). "Cícero é um grande jornalista, intelectual e um homem muito hábil, coisa que eu não sou e que é condição fundamental para um presidente da ABL", disse Cony, um dos eleitores de ontem.


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