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SÃO PAULO
Emissora tem dívidas correntes de R$ 12 mi anuais e previsão de arrecadação de R$ 200 mi; dívida com INSS é de 14 mi
Nova taxa torna TV Cultura superavitária
da Reportagem Local
Os R$ 200 milhões que a rádio e a
TV Cultura pretendem arrecadar
com a cobrança da taxa criada pelo
governo de São Paulo para o custeio de suas programações tornam
as duas emissoras, em crise financeira há dois anos, superavitárias.
A dívida corrente das empresas
está calculada hoje em R$ 12 milhões anuais. Gerenciada pela Fundação Padre Anchieta, a Cultura
tem ainda uma dívida passiva com
o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) de R$ 14 milhões.
Segundo Manoel Luiz Luciano
Vieira, chefe do núcleo de custos e
operações da emissora, o valor já
foi negociado pelo Estado com a
União.
"Temos um déficit mensal de R$
500 mil para operar com o mínimo
(da capacidade da emissora)", declarou Vieira. "Para zerar essa
conta, teríamos de ter um acréscimo de R$ 12 milhões anuais no orçamento que o governo nos repassa. Esse dinheiro (da taxa) vai ajudar muito", completou.
Vieira afirmou que a verba do
governo estadual para a emissora
em 98 está estimada em R$ 50 milhões, cerca de R$ 6 milhões a mais
que no ano anterior.
De acordo com ele, a Cultura
conta também com R$ 10 milhões
que serão repassados diretamente
pela Secretaria da Cultura do Estado e com R$ 13 milhões originários
de apoios culturais e pagamentos
pela prestação de serviços.
O presidente da diretoria-executiva da Fundação Padre Anchieta,
Jorge da Cunha Lima, afirmou
que, com a cobrança da taxa, o repasse feito pelo Estado será interrompido.
"Quem sabe poderemos até suspender os apoios culturais", declarou ele.
Conta de luz
A taxa que beneficia a Cultura será cobrada mensalmente dos paulistas, inclusive dos que não têm
acesso à programação da emissora, e varia conforme o consumo de
energia elétrica.
Consumidores de até 100 quilowatts/hora de energia por mês estarão isentos. Os usuários de 100
quilowatts/hora a 200 quilowatts/hora pagarão R$ 2 e os que
consomem acima de 200 quilowatts/hora, R$ 5. O pagamento será feito por meio da conta de luz.
De acordo com a Eletropaulo
Metropolitana, maior empresa de
distribuição de energia do Estado
(que engloba o município de São
Paulo, o ABC paulista e a região
sob influência de Osasco), o consumo de 100 quilowatts/hora equivale a uma conta de energia elétrica de R$ 7,91.
No caso do consumo de 150 quilowatts/hora, a conta seria de R$
14,69; de 200 quilowatts/hora, de
R$ 21,48, e de 220 quilowatts/hora,
de R$ 28,78.
A Eletropaulo Metropolitana informou ainda que, seguindo os
critérios estipulados pela lei, 22%
do total de seus consumidores estarão isentos do recolhimento da
taxa. O percentual equivale a
958.360 usuários.
Os consumidores de 100 quilowatts/hora a 200 quilowatts/hora,
que contribuirão com R$ 2, representam 28,3% da clientela da empresa, o correspondente a
1.224.668 usuários.
A maior parte dos consumidores
da energética pertence, entretanto, à faixa em que a contribuição
para a Cultura é maior.
Segundo a empresa, 49,5% de
seus clientes, o equivalente a
2.140.736 usuários, pagarão R$ 5.
Plebiscito
Jorge da Cunha Lima defendeu a
realização de um plebiscito para
discutir a conveniência da cobrança do novo tributo.
"O problema é que o plebiscito
seria mais caro do que a própria
taxa. Outra questão é que o ideal
seria que ele fosse feito com as
crianças, que são as que assistem à
nossa programação", declarou.
O presidente disse que considera
a cobrança "justa" e afirmou que
a população, se consultada, aprovaria a medida. Citou, como
exemplo, 42 mil cartas enviadas
com apoio à programação da TV.
Cunha Lima admitiu uma eventual rediscussão dos valores e até
tornar a cobrança da nova taxa voluntária. "Isso seria interessante
pois não haveria possibilidade de
contestação."
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