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RACHA NO PDT
Governador do Rio revida e diz que presidente do PDT não sabe fazer política com "p" maiúsculo
Garotinho responde a críticas de Brizola
RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio
O governador do Estado do Rio,
Anthony Garotinho (PDT), disse
ontem que o presidente nacional
de seu partido, Leonel Brizola,
não sabe "fazer política com "p"
maiúsculo". A crítica de Garotinho foi uma resposta a declarações de Brizola publicadas ontem
no jornal "O Dia", do Rio.
Brizola comparou-o ao italiano
Benito Mussolini (1883-1945),
fundador do fascismo. "Ele (Garotinho) está usando a máquina
do Estado para ameaçar o PDT.
Isso é abuso de poder. Chama-se
totalitarismo."
Ao participar de um programa
de rádio ontem, Garotinho afirmou que Brizola, "quando perde
os argumentos políticos, vai para
a baixaria, para o pessoal".
"Ele já me chamou de Jânio
Quadros, de falso profeta e, agora,
me compara a Mussolini. Brizola
pensa que tem o direito de ofender todo mundo. Comigo não vai
ser assim", afirmou o governador.
A nova briga entre os dois foi
motivada pelo fato de Garotinho
ter convocado militantes do PDT
para uma reunião na sexta-feira,
mesmo dia da convenção do partido que deverá indicar Brizola
como candidato a prefeito do Rio.
Segundo Garotinho, sua atitude, ao convocar a reunião, foi
uma resposta a simpatizantes de
Brizola no PDT, que estariam tentando expulsá-lo do partido.
"Eles não têm coragem de dizer
isso, mas nos bastidores estão
procurando jogar a militância
contra mim. Estão muito enganados. Eu não tenho 17 dias no PDT,
tenho 17 anos e não vou ficar em
silêncio diante de ofensas e mentiras que uma minoria tenta difundir contra mim", afirmou ele.
Garotinho acredita que sua atitude pode mudar o perfil do partido e que a reunião vai sair "daquele esquema em que só um fala
e todo mundo ouve".
"O processo de democratização
do PDT é irreversível. Vamos fazer um partido revigorado, e isso
está incomodando os que se agarram na burocracia partidária."
Garotinho também culpou o
comportamento de Brizola pelo
encolhimento do partido, que
não foi localizado ontem no Rio
para comentar o assunto. Segundo assessores, ele estava em uma
fazenda no sul do país.
Brigas entre Brizola e lideranças
emergentes no PDT sempre terminaram com a saída desses líderes do partido. Foi assim com o
ex-governador do Rio Marcelo
Allencar e com o ex-prefeito do
Rio Saturnino Braga.
No final da tarde, a executiva regional do partido divulgou nota
dizendo-se "perplexa com as declarações" de Garotinho.
Segundo a nota, "os dirigentes
do PDT apelam ao governador
para que reflita com maturidade
sobre seus atos e faça cessar qualquer iniciativa de atropelo à vida
partidária com o uso do poder e
dos cargos públicos e que compareça (...) a um debate democrático
(...) que decida quais são os rumos
convenientes para o PDT".
Segundo a nota, o encontro foi
convocado "justamente para sanar as dúvidas" de Garotinho, que
alegara falta de quorum na reunião em que o partido decidiu
lançar candidatura própria à Prefeitura do Rio. Ela diz ainda que
os ataques de Garotinho ao presidente do partido revelam "o
quanto o poder tem alterado a sua
memória e o seu julgamento".
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