São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2000


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RACHA NO PDT
Governador do Rio revida e diz que presidente do PDT não sabe fazer política com "p" maiúsculo
Garotinho responde a críticas de Brizola

RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio

O governador do Estado do Rio, Anthony Garotinho (PDT), disse ontem que o presidente nacional de seu partido, Leonel Brizola, não sabe "fazer política com "p" maiúsculo". A crítica de Garotinho foi uma resposta a declarações de Brizola publicadas ontem no jornal "O Dia", do Rio.
Brizola comparou-o ao italiano Benito Mussolini (1883-1945), fundador do fascismo. "Ele (Garotinho) está usando a máquina do Estado para ameaçar o PDT. Isso é abuso de poder. Chama-se totalitarismo."
Ao participar de um programa de rádio ontem, Garotinho afirmou que Brizola, "quando perde os argumentos políticos, vai para a baixaria, para o pessoal".
"Ele já me chamou de Jânio Quadros, de falso profeta e, agora, me compara a Mussolini. Brizola pensa que tem o direito de ofender todo mundo. Comigo não vai ser assim", afirmou o governador.
A nova briga entre os dois foi motivada pelo fato de Garotinho ter convocado militantes do PDT para uma reunião na sexta-feira, mesmo dia da convenção do partido que deverá indicar Brizola como candidato a prefeito do Rio.
Segundo Garotinho, sua atitude, ao convocar a reunião, foi uma resposta a simpatizantes de Brizola no PDT, que estariam tentando expulsá-lo do partido.
"Eles não têm coragem de dizer isso, mas nos bastidores estão procurando jogar a militância contra mim. Estão muito enganados. Eu não tenho 17 dias no PDT, tenho 17 anos e não vou ficar em silêncio diante de ofensas e mentiras que uma minoria tenta difundir contra mim", afirmou ele.
Garotinho acredita que sua atitude pode mudar o perfil do partido e que a reunião vai sair "daquele esquema em que só um fala e todo mundo ouve".
"O processo de democratização do PDT é irreversível. Vamos fazer um partido revigorado, e isso está incomodando os que se agarram na burocracia partidária."
Garotinho também culpou o comportamento de Brizola pelo encolhimento do partido, que não foi localizado ontem no Rio para comentar o assunto. Segundo assessores, ele estava em uma fazenda no sul do país.
Brigas entre Brizola e lideranças emergentes no PDT sempre terminaram com a saída desses líderes do partido. Foi assim com o ex-governador do Rio Marcelo Allencar e com o ex-prefeito do Rio Saturnino Braga.
No final da tarde, a executiva regional do partido divulgou nota dizendo-se "perplexa com as declarações" de Garotinho.
Segundo a nota, "os dirigentes do PDT apelam ao governador para que reflita com maturidade sobre seus atos e faça cessar qualquer iniciativa de atropelo à vida partidária com o uso do poder e dos cargos públicos e que compareça (...) a um debate democrático (...) que decida quais são os rumos convenientes para o PDT".
Segundo a nota, o encontro foi convocado "justamente para sanar as dúvidas" de Garotinho, que alegara falta de quorum na reunião em que o partido decidiu lançar candidatura própria à Prefeitura do Rio. Ela diz ainda que os ataques de Garotinho ao presidente do partido revelam "o quanto o poder tem alterado a sua memória e o seu julgamento".


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