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São Paulo, sábado, 08 de fevereiro de 2003

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Radicais acertam nas críticas, mas erram nos métodos, diz Erundina

FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO

A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) disse que os "radicais" do PT estão corretos quanto ao conteúdo, mas erram na forma das críticas que fazem ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Dez anos após o PT ter suspenso por um ano todos os seus direitos e deveres partidários e seis após trocar o partido pelo PSB, Erundina, 67, afirma que a ala esquerda está sendo "agressiva", mas que não merece punições.
 

Folha- A senhora foi punida por desobediência [por aceitar cargo no governo Itamar Franco sem autorização do PT]. Os "radicais" do partido hoje são desobedientes?
Luiza Erundina -
É difícil julgar. O PT mudou muito de lá para cá, era muito mais rígido, mais inflexível. Hoje há a política de alianças. As situações são diferentes.

Folha- Os radicais do PT estão sendo indisciplinados?
Erundina
- Não tenho todos os elementos para fazer o julgamento. Eu me identifico com algumas posições desses companheiros do PT. Acho que têm razão quando fazem uma avaliação da política econômica do PT. Porém, eu discordo da forma, do método de como eles agem e se comportam. Em relação ao conteúdo delas, acho que têm razão por entenderem que há um distanciamento, pelo menos nesse início de governo, daquilo que o programa do PT pregou em toda a sua história.

Folha- De que método dos "radicais" a senhora discorda?
Erundina
-Eles estão fazendo a luta pela imprensa, às vezes de forma muito agressiva. Acho que o debate político pode ser tratado de forma em que não haja agressões, não haja agravamento, o que a meu ver tem ocorrido. Em algumas entrevistas, as críticas estão fora do âmbito partidário.

Folha- Em sua punição, a senhora disse que PT foi exagerado? A reação do partido agora é exagerada?
Erundina
- É difícil dizer. A minha posição não atingia uma questão de doutrina partidária, era absolutamente exagerada. O que tenho visto é o pedido para que eles [integrantes da ala esquerda] se retratem publicamente. Acho que haveria a possibilidade de um outro entendimento. É um momento importante da vida do governo, do país e do PT, mas entendo que o PT tem condições de administrar a crise. Os companheiros que estão criticando são muito sérios, idealistas, têm trajetória de construção da democracia, na busca de mudanças para fazer justiça social, para, enfim, promover as mudanças que o povo brasileiro espera e por isso escolheu Lula.


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