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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS BINGOS
Roberto Kurzweil afirmou à comissão que partido alugou, por R$ 264 mil, três Omegas de sua empresa para usar na campanha de 2002
PT pagou carro do caso Cuba, diz empresário
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Roberto Carlos da
Silva Kurzweil, 49, afirmou ontem, à CPI dos Bingos, que o carro
blindado que supostamente
transportou dólares vindos de
Cuba foi alugado pela campanha
do PT em 2002.
À Folha o empresário disse que
o carro -um Omega preto-
também pode ser o mesmo posto
à disposição naquele ano ao ministro Antonio Palocci (Fazenda),
então coordenador de campanha.
Segundo Kurzweil, o motorista
Éder Eustáquio Macedo, que dirigiu o Omega que estaria levando
dólares, era o "preferido de Palocci". Hoje Macedo é motorista do
Ministério da Fazenda no Rio de
Janeiro, nomeado em 2003.
"Se o Éder confirmou que estava dirigindo, o carro era o meu.
Em 2002, minha empresa Locablin locou para o PT três veículos
blindados que foram utilizados
na campanha", afirmou.
A despesa, segundo ele, foi da
campanha daquele ano, pois sua
empresa recebeu formulário do
Tribunal Regional Eleitoral para
confirmar a prestação do serviço.
No TSE (Tribunal Superior Eleitoral), não consta o gasto.
"Inicialmente, eram dois Omegas e um Passat. Depois passaram
a ser três Omegas", disse o empresário. Entre esses carros, estaria o
que teria transportado de US$ 1,4
milhão a US$ 3 milhões de Cuba.
O dinheiro teria sido levado em
caixas de bebidas, do aeroporto
de Amarais, em Campinas, a São
Paulo, em 31 de julho de 2002.
Em outubro, a revista "Veja"
publicou reportagem sobre o suposto transporte de dólares de
Cuba para caixa dois do então
candidato Luiz Inácio Lula da Silva. A reportagem foi baseada em
declarações de Vladimir Poleto,
ex-funcionário da Prefeitura de
Ribeirão Preto em 2001, quando
Palocci era prefeito, e de Rogério
Buratti, ex-secretário de Governo
em 1993 -primeiro mandato do
ministro em Ribeirão (SP). Poleto
estava no Omega, mas negou que
transportasse dinheiro.
"Apenas loquei um carro", disse
o empresário, afirmando que soube da suposta operação Cuba pela
imprensa. No depoimento, Kurzweil disse acreditar que os três
Omegas ficavam com Lula, com o
deputado cassado José Dirceu,
então presidente do PT, e com Palocci. Por mês, cada um custou
R$ 11 mil ao partido, disse o empresário, totalizando R$ 264 mil.
Ele entregou cópias de três contratos de locação, um assinado
por Dirceu. As outras assinaturas
não são conhecidas. Advogados
de Kurzweil não permitiram acesso da imprensa aos documentos.
O senador Efraim Morais (PFL-PB), presidente da CPI, afirmou
que os documentos devem passar
por perícia por suspeita de montagem. Mas deu crédito às afirmações do empresário. "O depoimento dele confirma a versão de
que o PT estava envolvido no
transporte de dólares de Cuba."
No fim do depoimento, Kurzweil afirmou "achar" que o Omega usado no transporte foi o de
placa ACX-0404, que ficava naquele ano sempre à disposição de
Antonio Palocci.
Contradições
Em depoimento de janeiro, o
motorista Éder Eustáquio Macedo, que dirigiu o Omega que estaria com dólares, disse que era taxista em São Paulo e foi chamado
pela Locablin para atender Ralf
Barquete, ex-secretário de Fazenda de Palocci em Ribeirão, morto
em junho de 2004.
Ontem, Kurzweil derrubou a
versão. "[Macedo] era o único
motorista que atendia os carros
do PT. Nesta época [2002], ele ficava direto com os [carros] locados pelo PT", disse o empresário.
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