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Em crise, oposição rediscute seu papel
PFL deve anunciar hoje mudança de nome em busca de nova base social; PSDB cria grupos para pautar novo programa
Enquanto resolvem disputa interna, siglas se distanciam
uma da outra; Bornhausen vê "parceria na oposição e independência na decisão"
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Assolados por derrotas eleitorais, disputas internas e em
contínua desidratação das bancadas, os dois principais partidos de oposição ao governo Lula, PSDB e PFL, decidiram acelerar o processo de "refundação" para tentar sair da crise.
O PSDB montou três grupos
que vão preparar um diagnóstico para o congresso do partido,
em junho. O PFL deve anunciar
hoje sua transformação em PD
(Partido Democrata).
O projeto de reestruturação
também aponta para um crescente distanciamento de tucanos e pefelistas, que, estiveram
juntos no governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002) e no apoio a Geraldo
Alckmin nas últimas eleições.
Enquanto falam em "atualizar" as bases da social-democracia, os tucanos assistem a
uma disputa de rumo do partido. De um lado, os governadores pregam uma convivência civilizada com o governo Lula. De
outro, a ala ligada a FHC, minoritária, quer que o partido acentue seu discurso de oposição.
O presidente do PSDB, Tasso
Jereissati, nomeou três grupos
para planejar o congresso que
vai rediscutir o programa partidário. O primeiro cuidará especialmente do seminário. O segundo terá a função de cuidar
da imagem da sigla. Uma terceira frente irá mapear problemas, novas lideranças e o peso
do PSDB nos Estados.
Segundo Tasso, a síntese do
trabalho desses grupos pautará
o congresso da sigla. "É preciso
reavaliar tudo", afirmou Tasso.
"O PSDB vai continuar sendo
um partido de oposição. O congresso vai definir com clareza
as diferenças que temos em relação ao PT, mas que a população não consegue identificar."
Nos bastidores, tucanos dizem que Tasso chegou a articular para que o senador Sérgio
Guerra (PE) o substituísse. Seria um nome neutro e não anteciparia a disputa entre José
Serra e Aécio Neves pela candidatura à Presidência em 2010.
A pedido dos próprios governadores, Tasso decidiu ficar no
cargo até novembro. Mas não
conseguiu conter a crise causada quando o ex-líder Jutahy Júnior (BA) declarou apoio ao petista Arlindo Chinaglia (SP).
No PFL, a mudança de nome
é simbólica de uma guinada para o centro que o partido ensaia
como forma de estancar a perda sucessiva de peso político
nacional. Em 2006, o partido
elegeu apenas um governador e
65 deputados (contra, respectivamente, quatro e 84 em 2002).
"Sabemos que, na América
Latina, a agenda liberal não
tem força na sociedade. Temos
de caminhar para o social", diz
o deputado Rodrigo Maia (RJ),
um dos principais candidatos a
assumir, em março, a presidência do novo PD.
Em busca dessa identificação
com a sociedade, o PFL busca
uma bandeira de apelo imediato. A primeira investida será a
campanha pelo fim da CPMF.
Em pleno processo de perda
de deputados -os 65 eleitos já
caíram para 60, e cálculos dão
conta de que a bancada pode
chegar a menos de 52-, o partido quer atrair novas lideranças.
Para o presidente do PFL,
Jorge Bornhausen, a relação
com o PSDB pode ser resumida
numa frase: "Parceria na oposição e independência na decisão". Ele buscou se distanciar
da disputa interna tucana. "O
problema do PSDB é a luta entre Serra e Aécio. Mas isso é
problema deles, não nosso."
Colaborou ELIANE CANTANHÊDE, colunista da Folha
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