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Natureza de crimes deve gerar debate acalorado no STF
Discussão sobre acusações contra Cesare Battisti só ocorrerá caso corte julgue que ato de Tarso não encerra processo de extradição
Amanhã termina prazo para que o governo da Itália se manifeste nos autos do processo; julgamento pode ter início quarta ou quinta
DA REPORTAGEM LOCAL
O STF (Supremo Tribunal
Federal) deve ser palco de um
debate acalorado sobre a natureza dos crimes atribuídos a
Cesare Battisti -comum ou
política-, assim como o realizado pelos especialistas que
analisaram a sentença do caso
do italiano a pedido da Folha.
Segundo a Constituição brasileira, um processo de extradição deve ser extinto se ficar
comprovado que os crimes
atribuídos ao estrangeiro são
políticos ou de opinião.
Essa discussão será realizada
se o plenário do tribunal julgar
que o ato do ministro da Justiça Tarso Genro, que concedeu
o status de refugiado político a
Battisti, não deve levar ao encerramento do processo de extradição do italiano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou no último
dia 31 que irá respeitar a decisão do STF sobre o caso.
Amanhã acaba o prazo para
que o governo da Itália se manifeste nos autos do processo
de extradição no STF.
O julgamento do caso poderá
ter início na quarta ou na quinta, dias de sessões do plenário
da corte máxima do país.
O STF já julgou um caso semelhante ao de Battisti em
2005: o pedido de extradição
do ex-militante comunista Pietro Mancini. Ele havia sido
condenado a 19 anos e quatro
meses de prisão sob as acusações de assalto, porte ilegal de
arma, participação em grupo
armado com fim subversivo e
homicídio.
Em sua defesa, Mancini afirmou que sua atuação política
-na revista "Rosso" e no grupo
Autonomia Operária- levou às
acusações contra ele.
O relator do processo no
STF, ministro Marco Aurélio
Mello, avaliou como procedentes as alegações de Mancini. O
atual presidente do STF, Gilmar Mendes, acompanhou o
voto de Marco Aurélio.
Na oportunidade, Mendes
lembrou que movimentos extremistas já surgiram em democracias. Para o ministro, é
"extremamente difícil" estabelecer as diferenças entre o que
é luta política e atos terroristas,
pois muitos são "envoltos na
bandeira da atividade política".
Os ministros Nelson Jobim,
Eros Grau e Carlos Ayres Britto também votaram favoravelmente a Mancini. Já a ministra
Ellen Gracie considerou Mancini como terrorista.
Após a votação, o processo de
extradição foi encerrado.
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