São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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Documentos apreendidos podem ligar Lunus a desvios na Sudam

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documentos apreendidos no escritório da Lunus podem ligar a empresa de Jorge Murad e de Roseana Sarney (PFL-MA) a projetos suspeitos de desviarem recursos da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), entre eles o da Nova Holanda e Usimar.
O auto de apresentação e apreensão feito pela Polícia Federal aponta que foi encontrado um plano de contabilidade que estabelece um elo entre a Lunus e a Agrima, sócia do projeto Nova Holanda, suspeito de ter desviado recursos da Sudam.
Oficialmente, a Lunus deixou de ter participação acionária na Agrima em 1994, mas o Ministério Público Federal suspeita que as duas empresas estejam ligadas por um contrato de gaveta.
O plano reforça a suspeita porque se refere ao ano de 2000, quando a Lunus já havia deixado a sociedade com a Agrima. No documento -relatório da contabilidade da Lunus- consta, no campo "ativo permanente/investimentos diversos", a Agrima.
A operação de busca e apreensão de documentos feita pela Polícia Federal na Lunus, em São Luís, no último dia 1º a pedido da Justiça Federal do Tocantins gerou uma crise na base do governo Fernando Henrique Cardoso.
Entre os documentos apreendidos também estão cartas e mensagens via fax com informações sobre o projeto Usimar.
Foi encontrada no escritório uma lista de conselheiros do Condel (Conselho Deliberativo da Sudam) no ano de 1999 e uma carta endereçada a Murad com os tópicos "Usimar Pendências", "Reunião do Condel" e "Resumo do Projeto", além de inúmeros documentos com as tarjas "Sudam" e "Usimar".
Murad responde a processo na Justiça Federal em que é acusado de ter praticado atos de improbidade administrativa por ter pressionado conselheiros do Condel a aprovar o projeto Usimar, responsável pelo desvio de R$ 44 milhões da Sudam.
A PF também recolheu no escritório um fax da Sudam para Murad encaminhando cópia de um ofício de setembro de 1999.
Esse ofício é dirigido à empresa Usimar, aos cuidados de Maria Auxiliadora Barra Martins, e assinado pelo então superintendente da Sudam, Arthur Guedes Tourinho, e pelo funcionário Honorato Cosenza Nogueira.
O ofício contém documentos relativos a empresas de factoring, contratos de locação e outros documentos. Maria Auxiliadora é dona do escritório que representava a Usimar e dezenas de outros projetos na Sudam. Ela responde a processo na Justiça Federal por formação de quadrilha e esteve presa em Palmas com Tourinho e com o ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA), em 16 de fevereiro.
Foi recolhida ainda uma mensagem eletrônica dirigida a Murad pelo advogado Saulo Ramos com minutas da ação civil por atos de improbidade administrativa no caso Sudam (leia texto nesta página).

Gerente
Em depoimento à PF, Severino Francisco Cabral, sócio da Lunus juntamente com Murad e Roseana, com participação acionária de 0,23% na empresa, afirmou que é o único permitido a praticar atos de gestão da empresa porque os outros dois sócios exercem cargos públicos.
Ontem, Roseana conseguiu no STJ (Superior Tribunal de Justiça) a suspensão da parte do inquérito criminal da Sudam que gerou a ordem de busca e apreensão na Lunus. O STJ vai analisar se as investigações envolvendo Roseana devem ficar no tribunal, já que, como governadora, ela tem foro privilegiado.
O Ministério Público entende que o inquérito sobre o suposto envolvimento da Lunus com o projeto Nova Holanda deve ficar na primeira instância da Justiça Federal porque Roseana não participa da gestão da empresa, embora seja a sua sócia majoritária.


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