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Documentos apreendidos podem
ligar Lunus a desvios na Sudam
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documentos apreendidos no
escritório da Lunus podem ligar a
empresa de Jorge Murad e de Roseana Sarney (PFL-MA) a projetos suspeitos de desviarem recursos da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento
da Amazônia), entre eles o da Nova Holanda e Usimar.
O auto de apresentação e
apreensão feito pela Polícia Federal aponta que foi encontrado um
plano de contabilidade que estabelece um elo entre a Lunus e a
Agrima, sócia do projeto Nova
Holanda, suspeito de ter desviado
recursos da Sudam.
Oficialmente, a Lunus deixou de
ter participação acionária na
Agrima em 1994, mas o Ministério Público Federal suspeita que
as duas empresas estejam ligadas
por um contrato de gaveta.
O plano reforça a suspeita porque se refere ao ano de 2000,
quando a Lunus já havia deixado
a sociedade com a Agrima. No
documento -relatório da contabilidade da Lunus- consta, no
campo "ativo permanente/investimentos diversos", a Agrima.
A operação de busca e apreensão de documentos feita pela Polícia Federal na Lunus, em São Luís,
no último dia 1º a pedido da Justiça Federal do Tocantins gerou
uma crise na base do governo Fernando Henrique Cardoso.
Entre os documentos apreendidos também estão cartas e mensagens via fax com informações sobre o projeto Usimar.
Foi encontrada no escritório
uma lista de conselheiros do Condel (Conselho Deliberativo da Sudam) no ano de 1999 e uma carta
endereçada a Murad com os tópicos "Usimar Pendências", "Reunião do Condel" e "Resumo do
Projeto", além de inúmeros documentos com as tarjas "Sudam" e
"Usimar".
Murad responde a processo na
Justiça Federal em que é acusado
de ter praticado atos de improbidade administrativa por ter pressionado conselheiros do Condel a
aprovar o projeto Usimar, responsável pelo desvio de R$ 44 milhões da Sudam.
A PF também recolheu no escritório um fax da Sudam para Murad encaminhando cópia de um
ofício de setembro de 1999.
Esse ofício é dirigido à empresa
Usimar, aos cuidados de Maria
Auxiliadora Barra Martins, e assinado pelo então superintendente
da Sudam, Arthur Guedes Tourinho, e pelo funcionário Honorato
Cosenza Nogueira.
O ofício contém documentos
relativos a empresas de factoring,
contratos de locação e outros documentos. Maria Auxiliadora é
dona do escritório que representava a Usimar e dezenas de outros
projetos na Sudam. Ela responde
a processo na Justiça Federal por
formação de quadrilha e esteve
presa em Palmas com Tourinho e
com o ex-senador Jader Barbalho
(PMDB-PA), em 16 de fevereiro.
Foi recolhida ainda uma mensagem eletrônica dirigida a Murad
pelo advogado Saulo Ramos com
minutas da ação civil por atos de
improbidade administrativa no
caso Sudam (leia texto nesta página).
Gerente
Em depoimento à PF, Severino
Francisco Cabral, sócio da Lunus
juntamente com Murad e Roseana, com participação acionária de
0,23% na empresa, afirmou que é
o único permitido a praticar atos
de gestão da empresa porque os
outros dois sócios exercem cargos
públicos.
Ontem, Roseana conseguiu no
STJ (Superior Tribunal de Justiça)
a suspensão da parte do inquérito
criminal da Sudam que gerou a
ordem de busca e apreensão na
Lunus. O STJ vai analisar se as investigações envolvendo Roseana
devem ficar no tribunal, já que,
como governadora, ela tem foro
privilegiado.
O Ministério Público entende
que o inquérito sobre o suposto
envolvimento da Lunus com o
projeto Nova Holanda deve ficar
na primeira instância da Justiça
Federal porque Roseana não participa da gestão da empresa, embora seja a sua sócia majoritária.
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