São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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FIM DE CASAMENTO

Na campanha ao governo do Maranhão, em 98, presidenciável declarou somente cerca de 5% do valor real que possuía da Lunus

Roseana omitiu R$ 2 mi em declaração a TRE

ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

RUBENS VALENTE
DO PAINEL

A governadora e presidenciável Roseana Sarney (PFL-MA) declarou ao Tribunal Regional Eleitoral, em 1998, pouco mais de 5% do valor real que possuía então na empresa Lunus, de propriedade sua, de seu marido, Jorge Murad, e de um aliado da família Sarney.
De acordo com a declaração entregue ao TRE, a governadora tinha 2.137.490 cotas, que representariam R$ 114 mil. Já a Junta Comercial do Estado do Maranhão mostra que de julho de 1996 a maio de 1999 a governadora tinha um capital social de R$ 2,137 milhões -mais de 18 vezes o valor declarado ao TRE-, já que cada cota equivalia a R$ 1.
Hoje, ela possui R$ 2.415 milhões (2.415.090 cotas), com 82,5% de participação na Lunus. A declaração ao tribunal é exigida a todos os candidatos a cargo eletivo. A Lunus ganhou notoriedade na última sexta, depois que agentes da Polícia Federal apreenderam documentos e R$ 1,34 milhão em sua sede, em São Luís.
Amparados por um mandado judicial, os policiais investigavam a suspeita de que a Lunus integraria, se utilizando de contratos de gaveta, outras empresas que participaram de projetos com suspeita de irregularidades na Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
Roseana vem atribuindo as investigações a um complô que teria como objetivo beneficiar a candidatura do tucano José Serra. A história gerou uma crise entre PSDB e PFL e resultou em um rompimento entre os partidos, com a saída do PFL do governo.
A diferença entre os registros comerciais e a declaração ao tribunal, de R$ 2,023 milhões, é maior do que toda a declaração de bens de Roseana feita naquele ano, que foi de R$ 1,946 milhão.
O mais alto bem que ela afirmava possuir na ocasião era uma casa e um lote no Lago Sul, área nobre de Brasília, que foi declarado como valendo R$ 576 mil.
A governadora ingressou na Lunus, que tem como objetivo social a atuação na construção civil, prestação de consultoria e participação em outras empresas, em maio de 1996, quando adquiriu parte do capital pertencente até então ao marido e assumiu o controle majoritário da empresa.
Na época, o capital social da Lunus era de R$ 115,5 mil. Dois meses depois, houve uma alteração que elevou o capital para R$ 2,65 milhões, sob a alegação de integralização de contas de saldos de reservas existentes, o que pode ser lucro e atualizações monetárias e de valores patrimoniais.
A pedido da Agência Folha, economistas analisaram o histórico da empresa e disseram que, excluindo atualizações monetárias e possíveis reavaliações do patrimônio da empresa, cerca de R$ 1 milhão da alteração do capital feita em 1996 foi originado por lucro.
A Lunus começou a funcionar em julho de 1990 em São Paulo, dirigida por Murad (que estava separado de Roseana) e por Severino Cabral, amigo e sócio da família em outros empreendimentos. A empresa teve entre dezembro de 1994 e janeiro de 1999 a presença de João Guilherme de Abreu, atual gerente (secretário) de Qualidade de Vida do Estado.



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