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FIM DE CASAMENTO
Na campanha ao governo do Maranhão, em 98, presidenciável declarou somente cerca de 5% do valor real que possuía da Lunus
Roseana omitiu R$ 2 mi em declaração a TRE
ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
RUBENS VALENTE
DO PAINEL
A governadora e presidenciável
Roseana Sarney (PFL-MA) declarou ao Tribunal Regional Eleitoral, em 1998, pouco mais de 5% do
valor real que possuía então na
empresa Lunus, de propriedade
sua, de seu marido, Jorge Murad,
e de um aliado da família Sarney.
De acordo com a declaração entregue ao TRE, a governadora tinha 2.137.490 cotas, que representariam R$ 114 mil. Já a Junta Comercial do Estado do Maranhão
mostra que de julho de 1996 a
maio de 1999 a governadora tinha
um capital social de R$ 2,137 milhões -mais de 18 vezes o valor
declarado ao TRE-, já que cada
cota equivalia a R$ 1.
Hoje, ela possui R$ 2.415 milhões (2.415.090 cotas), com
82,5% de participação na Lunus.
A declaração ao tribunal é exigida
a todos os candidatos a cargo eletivo. A Lunus ganhou notoriedade na última sexta, depois que
agentes da Polícia Federal apreenderam documentos e R$ 1,34 milhão em sua sede, em São Luís.
Amparados por um mandado
judicial, os policiais investigavam
a suspeita de que a Lunus integraria, se utilizando de contratos de
gaveta, outras empresas que participaram de projetos com suspeita de irregularidades na Sudam
(Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
Roseana vem atribuindo as investigações a um complô que teria
como objetivo beneficiar a candidatura do tucano José Serra. A
história gerou uma crise entre
PSDB e PFL e resultou em um
rompimento entre os partidos,
com a saída do PFL do governo.
A diferença entre os registros
comerciais e a declaração ao tribunal, de R$ 2,023 milhões, é
maior do que toda a declaração de
bens de Roseana feita naquele
ano, que foi de R$ 1,946 milhão.
O mais alto bem que ela afirmava possuir na ocasião era uma casa e um lote no Lago Sul, área nobre de Brasília, que foi declarado
como valendo R$ 576 mil.
A governadora ingressou na Lunus, que tem como objetivo social
a atuação na construção civil,
prestação de consultoria e participação em outras empresas, em
maio de 1996, quando adquiriu
parte do capital pertencente até
então ao marido e assumiu o controle majoritário da empresa.
Na época, o capital social da Lunus era de R$ 115,5 mil. Dois meses depois, houve uma alteração
que elevou o capital para R$ 2,65
milhões, sob a alegação de integralização de contas de saldos de
reservas existentes, o que pode ser
lucro e atualizações monetárias e
de valores patrimoniais.
A pedido da Agência Folha, economistas analisaram o histórico
da empresa e disseram que, excluindo atualizações monetárias e
possíveis reavaliações do patrimônio da empresa, cerca de R$ 1
milhão da alteração do capital feita em 1996 foi originado por lucro.
A Lunus começou a funcionar
em julho de 1990 em São Paulo,
dirigida por Murad (que estava
separado de Roseana) e por Severino Cabral, amigo e sócio da família em outros empreendimentos. A empresa teve entre dezembro de 1994 e janeiro de 1999 a
presença de João Guilherme de
Abreu, atual gerente (secretário)
de Qualidade de Vida do Estado.
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