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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Em Goiás, Alckmin disse que entendimento no partido está próximo; para serristas, chances de o prefeito disputar cresceram
Serra está mais perto da disputa presidencial
CATIA SEABRA
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
VERA MAGALHÃES
ENVIADA ESPECIAL A PALMEIRAS (GO)
O prefeito de São Paulo, José
Serra, deu ontem a seus interlocutores sinais de que pretende disputar a Presidência da República.
A crise no sistema de transportes
da capital paulista paralisou temporariamente a agenda política
do prefeito, alimentando rumores
de desistência. Seus interlocutores afirmam, no entanto, que ele
continua na corrida pela condição
de candidato do PSDB à Presidência e que deve anunciar sua decisão até o fim de semana.
O concorrente de Serra pela indicação do partido, Geraldo Alckmin, também deu sinais de que a
disputa está perto do fim. Em
Goiás, onde esteve pela manhã
para as comemorações do aniversário do governador tucano Marconi Perillo, Alckmin descartou a
realização de prévias contra o prefeito e garantiu que o entendimento entre os dois está próximo.
"Não dá para retirar candidatura. O que eu quero dizer de maneira clara é que aquele que o partido escolher terá meu apoio entusiasmado. Tenho fidelidade
partidária e compromisso com o
Brasil", afirmou Alckmin.
Anteontem, o presidente do
PSDB, Tasso Jereissati (CE), disse
que caberá aos próprios Serra e
Alckmin chegar a um consenso. A
Folha apurou que o governador e
o prefeito já tiveram pelo menos
uma conversa reservada desde
que Serra voltou de Buenos Aires,
na sexta-feira passada.
Foi aventada a possibilidade de
que Serra abdicasse da candidatura ao Planalto para concorrer ao
governo de São Paulo, o que ontem foi negado por Alckmin. "Isso não foi discutido, a candidatura ao governo vai ficar para depois, agora é a Presidência."
Sacrifício
O prefeito teria sinalizado a disposição de concorrer na noite de
segunda, ao apontar Mario Covas
como um modelo de político que
sacrifica seu conforto pessoal em
nome do partido. Serra estaria
justificando o que tem chamado
de "dolorosa" decisão de abrir
mão da prefeitura para concorrer.
Ontem, Serra cancelou sua ida a
Goiás para o aniversário de Perillo
para lidar com a ameaça dos empresários de transporte de abandonar a concessão que garante o
serviço na cidade. Com a reclusão
de Serra, surgiram boatos de que
teria decidido ficar no cargo. "De
jeito nenhum", reagiu Jutahy Jr.
(BA), líder do PSDB na Câmara.
Líderes do partido, entre eles os
próprios aliados do prefeito, não
escondem o desconforto causado
pela indefinição. "Já está cansando. É uma novela", desabafou o
secretário-geral Eduardo Paes.
O deputado serrista Alberto
Goldman (SP) admite que, enquanto Serra não se declarar,
Alckmin continuará investindo.
"O Geraldo tem uma posição definida, que é candidato. O Serra
tem a de que só será candidato se
houver um apelo partidário. Nada
mudou."
Recuo
Alckmin, que antes sugeria prévias caso não houvesse consenso
na escolha do candidato, ontem
afastou a idéia. "Não creio que haverá necessidade de prévias e talvez nem haja disputa. Acho que
caminharemos para um bom entendimento, para servir ao país."
Também disse que a decisão sobre a escolha é "partidária", se
contrapondo aos que o acusam de
levar sua pré-candidatura adiante
como um projeto pessoal.
"Esta será uma decisão coletiva,
partidária. Deixei clara a todas as
instâncias minha disposição de
trabalhar pelo país. Eu e o companheiro José Serra temos, em primeiro lugar, o sentimento de servir ao Brasil, depois a fidelidade
partidária e o espírito público",
disse, tratando o prefeito por um
termo mais usual entre petistas.
O tom conciliador não mudou a
agenda de pré-candidato. Depois
de passar cerca de duas horas em
Palmeiras (GO), onde inaugurou
12 km de uma estrada e até uma
ponte sobre um córrego, o governador visitou João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba.
Na capital do Estado, recebeu o
título de "cidadão paraibano",
concedido pela Assembléia Legislativa "por serviços prestados à
Paraíba". O governador lembrou
que nasceu em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba. "De certa
forma, eu já era paraibano."
Antes, em Goiás, ele havia lembrado que viveu no Estado por 45
dias em 1975, como voluntário do
Projeto Rondon.
Estiveram no evento em João
Pessoa presidentes de assembléias legislativas, dirigentes regionais do partido e outras lideranças do PSDB, que o receberam
aos gritos de "presidente".
Em Campina Grande, onde
proferiu palestra sobre "ética e
eficiência na administração pública", Alckmin disse que a tendência no partido é escolher o candidato "sem diputa". Confrontado
com o fato de que um dos dois terá de ceder, respondeu: "É óbvio.
Mas não precisa ser já, pode ser na
semana que vem, ou mais para a
frente."
A palestra foi organizada pela
associação comercial da cidade e
originalmente estava programada
para o anfiteatro da instituição,
com 200 lugares. Contudo, por
causa da procura de interessados
em ouvir o governador, a palestra
ocorreu no teatro municipal, que
tem 800 lugares, todos ocupados.
A repórter Vera Magalhães viajou, no
trecho entre Goiânia e Palmeiras, em
avião cedido pelo governo de Goiás
Colaboraram CHICO DE GOIS, enviado
especial a Campina Grande, e KAMILA
FERNANDES, da Agência Folha, em
João Pessoa
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