São Paulo, domingo, 8 de março de 1998

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SUCESSÃO PRESIDENCIAL
Santa Catarina define apoio pró-reeleição de FHC
Governistas vinculam Itamar Franco a Collor

LUIZA DAMÉ
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília


Os governistas do PMDB vão atacar o principal símbolo da corrente que defende a candidatura própria, o ex-presidente Itamar Franco, exatamente no seu ponto fraco: a ligação com o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Na Convenção Nacional do PMDB hoje, eles vão lembrar que Itamar foi vice-presidente de Collor.
Dois bonecos gigantes, representando os ex-presidentes Collor e Itamar, deverão entrar no plenário da Câmara no momento em que o pré-candidato estiver discursando para os convencionais. A intenção dos governistas é que o boneco de Collor diga: "Agora eu posso ser seu vice".
O boneco deverá fazer os gestos típicos de Collor na campanha de 1989: o "V" da vitória e os braços para o alto com punhos fechados.
A intenção é constranger Itamar, mostrando que enquanto todo o PMDB carregava a candidatura de Ulysses Guimarães, o ex-presidente estava ao lado de Collor, o favorito para as eleições.
Cerca de 5.000 cartazes com fotos de Collor e Itamar foram distribuídos entre os militantes do PMDB. Nos cartazes haverá a frase: "Collor e Itamar, juntos contra Ulysses e o PMDB". O discurso de Itamar deverá ser acompanhado com um coro de PRN, PL e Collor.

Sarney e FHC
O comando governista contava ontem com a liberação dos votos do Maranhão (25) e do Amapá (7) pelo senador José Sarney (AP). A informação teria sido transmitida por um deputado do Maranhão.
Sarney divulgou nota oficial negando que tenha se encontrado com o presidente Fernando Henrique Cardoso, como foi noticiado ontem, e reafirmando o seu apoio à candidatura própria.
O senador também enviou carta ao presidente nacional do partido, deputado Paes de Andrade (CE), reforçando o desmentido. "Todos os meus amigos votarão comigo com a tese da necessidade de o partido ter uma candidatura própria a presidente, que eu mesmo aceitaria caso o partido não dispusesse de nenhum nome."
O senador Roberto Requião (PR) divulgou uma pesquisa feita pelo seu gabinete, por telefone, com 114 convencionais (22% do total). O resultado apontou 83% favorável à candidatura própria.
Santa Catarina
A delegação de Santa Catarina decidiu, no ontem, por unanimidade, apoiar a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso (leia mais sobre outros Estados nas págs. 1-4 e 1-15).
Serão mais 37 votos contra a tese de candidatura própria na convenção de hoje. A decisão foi tomada às 19h30 no escritório de representação de Santa Catarina em Brasília, em reunião coordenada pelo governador do Estado, Paulo Afonso Vieira, e pelo presidente estadual do partido, senador Casildo Maudaner.
Uma hora antes, Paulo Afonso e Maudaner tiveram uma reunião com o ministro Iris Rezende (Justiça), um dos coordenadores do grupo governista.
Neste encontro, ficou acertado que o governador de Santa Catarina garantiria os 28 votos sob seu controle a favor da reeleição de FHC. Iris Rezende comunicou o acordo ao ministro Eliseu Padilha (Transportes) e aos demais líderes governistas. Padilha informou a decisão do PMDB a FHC.
A notícia pegou de surpresa o o deputado Paes de Andrade, presidente nacional do PMDB. "Que coisa, meu Deus! Isso complica muito. Contava com 22 votos (de Santa Catarina)", disse ele, ao saber da decisão do governo de Santa Catarina,
Durante a semana, o governador Paulo Afonso negociou os 28 votos em troca de liberação de recursos para privatizar empresas estaduais e construir rodovias e conjuntos habitacionais no Estado. O total envolvido nas negociações chegou a R$150 milhões.




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