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JANIO DE FREITAS
Dose excessiva
Sempre houve quem tentasse,
poucos têm conseguido. Luiz
Inácio Lula da Silva é mais um a
dizer que deixou de ler jornais, como reação à quantidade de notícias ruins. Coerente, porém, com a
índole contraditória do seu governo, depressa informa que, "por
pior que seja a notícia", ainda assim lhe "aumenta o otimismo".
À primeira vista, então, conviria
que Lula continuasse frequentador dos jornais. A idéia é equivocada. Um dos males maiores que o
governo tem exibido advém do excesso de otimismo, sobretudo do
otimismo presidencial. Quando
parecia arrefecer, voltou com mais
intensidade o clima de campanha
eleitoral de candidato favorito às
vésperas da vitória.
Todos os dias, discurso de empolgação, de promessa, quando
não são dois ou três no mesmo
dia. Mas, não fora o seu otimismo,
Lula talvez pudesse perceber que
seus discursos já não produzem
efeito. Ou por desgaste dos discursos mesmos, ou por que a disposição de considerá-los vai se transformando em interrogação. Lula
faz bem em relegar tudo que lhe
causa otimismo em excesso.
Em "off"
Em seu depoimento à Comissão
de Ética do Senado, sobre o seu
texto relatando confissão que o senador ACM lhe teria feito, de autoria dos grampos baianos, o jornalista Luiz Cláudio Cunha estendeu suas considerações à própria
atividade jornalística. Ou seja, envolveu a atividade dos demais jornalistas. Indagado sobre a validade ética da violação de um "off"
(informação dada em confiança
pessoal, ou porque não deva ser
publicada, ou porque o informante não deva ser citado), Luiz Cláudio Cunha disse que esse recurso
surgiu "na época do arbítrio", para obtenção de informações, e "alguns jornalistas preservam".
Com esse ou com outro nome, o
"off" existe desde que surgiu o jornalismo informativo. Os nítidos
princípios éticos que o circundam
-os pessoais e os profissionais-
atravessaram os séculos, ou milênios, sem alteração até hoje. Não
consta, também, que a decisão de
violar um compromisso de "off"
seja "tomada pela direção da revista", do jornal ou de outro meio
de jornalismo. Nenhum desses
tem direito ou poder de obrigar a
ruptura de princípios, sejam quais
forem, dos seus jornalistas. O "off"
está relacionado ao informante e
ao jornalista. O caso mais notório,
na atualidade, é o Watergate, cujo
informante em "off" é mantido
em segredo há 30 anos.
Desordem
Pessoas nomeadas para cargos
federais em janeiro ainda não tiveram as nomeações publicadas
no Diário Oficial. Se fosse só a falta de formalização do ato, seria
comprometedor para o governo.
Mas, sem a publicação, também
está comprometido o orçamento
doméstico dos que logo começaram a trabalhar, para que os respectivos setores do governo não
parassem, e até hoje não puderam
receber os vencimentos. Na Educação, por exemplo. Mas por deficiência de outra, que uns dizem
estar no Planejamento, outros em
alguma secretaria da Presidência.
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