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CDES não representa a
sociedade, diz Giannotti
DA REPORTAGEM LOCAL
E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O filósofo José Arthur Giannotti, professor emérito da USP e
atual coordenador da área de filosofia do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento),
criticou a criação do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social pelo PT e afirmou que ele
não representa a sociedade.
"Eu vejo com certa dúvida a instalação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Não
vejo como esse sistema possa ser
de formação de entidades políticas, mas simplesmente de chamar
pela voz da Presidência os nossos
amigos a fim de que eles possam
encontrar uma solução", disse.
Para ele, a sociedade só poderia
estar verdadeiramente representada por meio do voto direto para
a escolha dos representantes.
"Eu não vejo como haja uma
delegação de representação para
outros conselhos que não sejam
através do meu voto e do voto de
todos que estão aqui." disse. "Essa
questão da representação eu não
estou vendo de maneira nenhuma ser discutida pela atual equipe
política, que, de certo modo, está
caindo em uma espécie de fanatismo da conjuntura", completou.
O ministro José Dirceu respondeu: "Basta olhar os nomes dos
integrantes do conselho que iremos ver que um grande número
deles é reconhecidamente eleitor
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ex-senador José Serra".
Giannotti, abriu sua explanação
no fórum que debateu os cem primeiros dias do governo Lula, em
São Paulo, lembrando suas "diferenças" com Dirceu.
Em seguida, emendou crítica ao
governo da prefeita Marta Suplicy
(PT), em São Paulo, após Dirceu
ter dito que a greve que paralisou
os ônibus da cidade ontem era patrocinada por empresários.
"É o caso de perguntarmos por
que a prefeitura não enfrentou os
lobbies que estão infernizando a
cidade. É por realismo ou por falta
de construção de um novo sistema político? Essa é a minha questão", disse.
Segundo o filósofo, o que está
em xeque é o "compromisso do
governo petista com a renovação
do sistema político como um todo". Ele ressaltou o que chamou
de "peneiramento" do Congresso, com a cassação de parlamentares nos últimos anos.
"Esse processo de peneiramento vai continuar ou a maioria vai
ser feita às custas de uma acomodação às formas políticas atuais?
(...) Nós podemos fazer a maioria
de várias maneiras, é possível, inclusive, comprar entre os 300 picaretas, como diria o Lula alguns
anos atrás, pelo menos 200."
Arthur Virgílio
Em Brasília, o líder do PSDB no
Senado, Arthur Virgílio (AM),
afirmou que Dirceu "pisa na bola", está de "salto alto" e é "arrogante" ao tratar com as oposições.
Numa avaliação dos cem dias
do governo Lula, feita pelo tucano, Dirceu foi o mais criticado.
"O José Dirceu é o que está mais
de salto alto. Está numa plataforma danada. Nunca ouviu falar de
economia antes e agora deita tanta falação sobre economia, que
qualquer hora vem um prêmio
Nobel para ele", disse Virgílio.
Ele considerou "injustas e tolas"
as críticas que Dirceu fez ao governo FHC em entrevistas no último fim de semana.
"O ministro José Dirceu pisa
bastante na bola. Ele é que tem essa ideologia meio esquisita do tipo: "o que é bom nós fizemos em
três meses e o que é ruim eles [o
governo passado] fizeram em oito
anos". Isso não dá certo. Acaba deteriorando o convívio."
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