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Ruralistas acusam Planalto de ser
"inerte" e "leniente" com sem-terra
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dizendo-se "inconformados"
com o discurso do governo federal de que as invasões de terra fazem parte de uma "normalidade
democrática", duas das principais
lideranças ruralistas do país afirmaram ontem que a paciência
dos fazendeiros está no "limite".
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e a
UDR (União Democrática Ruralista) acusam o Palácio do Planalto de ser "inerte" e "leniente" com
as ações dos sem-terra.
"O lamentável é que mais cedo
ou mais tarde alguém [entre os fazendeiros] vai reagir. Por enquanto tem havido um bom senso para
evitar o sangue no campo. Mas há
um limite", disse o presidente da
CNA, Antônio Ernesto de Salvo.
Segundo Luiz Antonio Nabhan
Garcia, presidente da UDR, existe
atualmente uma orientação na
classe de que é melhor "engolir
certas coisas" e mostrar para a sociedade quais são as "verdadeiras" vítimas das ações do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra). Nabhan, porém, adverte que a situação pode
mudar: "Até quando vai essa tolerância eu já não sei". Para Salvo,
"uma hora o vaso quebra, alguém
age e pessoas vão morrer".
Sobre a relação do governo
diante da chamada "jornada de
lutas" do MST, deflagrada no final
do mês passado, o presidente da
CNA afirma ser um "absurdo" a
paralisia do governo. "Há uma leniência, uma falta de reação. Essa
tolerância é absurda."
De acordo com Nabhan Garcia,
da UDR, o governo federal está
"debochando" dos produtores
rurais do país.
"Ao contrário do que diz o governo e seus ministros, não existe
nada dentro da normalidade democrática. O que existe é um deboche à Constituição brasileira. O
governo está deixando de ser
inerte para se tornar conivente",
disse Nabhan, que na próxima
terça-feira prestará depoimento à
CPI da Terra, no Senado.
Anteontem, em Rio Branco
(AC), o ministro Miguel Rossetto
(Desenvolvimento Agrário) disse
que a onda de invasões de terra
"deve ser acompanhada num ambiente de normalidade democrática".
(EDS)
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