São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

"Na marra"

Mesmo entre defensores do governo, ouvia-se ontem a avaliação de que a PF "entrou tarde" e "na marra" na investigação do dossiê sobre gastos de FHC nascido na Casa Civil de Dilma Rousseff. A PF só foi "aceita" pelo Planalto depois de duas semanas de evidências se acumulando no noticiário e da entrevista de sexta-feira, que só fez piorar a situação da ministra.
Segundo esse raciocínio, a conseqüência de tal demora será um menor controle sobre o processo. Para completar, o perfil do delegado escolhido para o caso, Sérgio Menezes, é comparado por um conhecedor da corporação ao de Rodrigo Carneiro Gomes, que presidiu o inquérito do caseiro Francenildo. Ou seja, alguém que não tem histórico de "fazer um favor".



Qual é? José Múcio (Relações Institucionais) vai procurar o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e líderes da oposição para tentar evitar a instalação de outra CPI dos Cartões: "É quebra de acordo. Abrimos mão da presidência para que só houvesse uma CPI. Vou cobrar que a sensatez prevaleça".

Limites. Espera-se que os generais que estarão hoje na CPI mista, Jorge Félix e Alberto Cardoso, atual e ex-chefes do Gabinete de Segurança Institucional, discordem sobre sigilo de dados. Este último dirá que só é secreto o que põe em risco a vida do presidente e de sua família. Félix defende conceito mais amplo.

Namoro... Aécio Neves (PSDB) será o convidado de honra, amanhã, da inauguração de um painel com fotos históricas do PMDB na liderança do partido na Casa. Seu avô Tancredo aparece em várias imagens do quadro. À noite, a sigla recebe em jantar o governador mineiro, com quem flerta para 2010.

...ou amizade? Os peemedebistas Garibaldi Alves e Henrique Eduardo Alves recepcionaram José Serra (PSDB-SP) ontem em Natal. O governador paulista fez palestra para empresários.

Nem vem. Aliados de Gilberto Kassab (DEM) avisam: não vão facilitar a vida daqueles que, no entorno de José Serra, trabalham para que o prefeito de São Paulo abra mão da reeleição em benefício de Geraldo Alckmin (PSDB).

Só isso. O ministro Hélio Costa (Comunicações), que irá ao jantar do PMDB com Aécio, está mais do que disposto a parar de criar objeções ao acordo do governador com o PT em Belo Horizonte em torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB). Basta que lhe digam que Aécio não apoiará o petista Fernando Pimentel, atual prefeito, para o governo mineiro em 2010.

Nem aí. É tal a confiança de Pimentel no sucesso de seu acordo com Aécio, a despeito dos protestos do ministro petista Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), que o prefeito ficará até domingo nos EUA. No dia 27, o PT de BH bate o martelo sobre a aliança.

Quatro mãos. O deputado ACM Neto (DEM-BA) não vai designar um marqueteiro para pilotar sua campanha à Prefeitura de Salvador. A comunicação será dividida entre o jornalista Pascoal Gomes, que cuidará da parte de imprensa, e o publicitário André Ghere, que responderá pela criação da propaganda. Em 2006, Ghere integrou a equipe de João Santana na campanha reeleitoral de Lula.

Queda-de-braço. O PT, que integra a administração de João Henrique (PMDB) mas caminha para lançar candidato próprio em Salvador, se divide entre Walter Pinheiro, o preferido hoje pelo governador Jaques Wagner, e Nelson Pellegrino, que tem maioria na base do partido.

Visita à Folha. Maurizio Borletti, presidente da Printemps Holding Luxembourg Sarl, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de François Leclerc, diretor de vendas, e de Cynthia Camargo, representante.


Tiroteio

O tema do terceiro mandato deveria ser basilar no PT. Mudar regra no meio do jogo é golpe, como dissemos à época da reeleição de FHC.

Do deputado ODAIR CUNHA (PT-MG), sobre a idéia, defendida por alguns de seus correligionários, de fazer um plebiscito a fim de permitir que Lula dispute novamente em 2010.

Contraponto

Malvadinho

Após dias atrasando ao máximo as votações da Câmara por meio de requerimentos protelatórios, o DEM resolveu mudar de tática na quarta-feira anterior à Páscoa.
Numa sessão em que a maioria da base já havia debandado para os Estados, o líder dos "demos", Antonio Carlos Magalhães Neto, retirou todos os pedidos de adiamento. Com isso, instalou-se o pânico entre os raros governistas presentes: a sessão cairia por falta de quórum e ficaria claro que os aliados de Lula tinham antecipado o feriadão.
Restou ao petista Arlindo Chinaglia, que presidia a sessão, lembrar o célebre apelido de ACM, avô do deputado:
-Desta vez você foi mais malvadeza do que ternura!


Próximo Texto: PF investiga vazamento, mas não autoria do dossiê
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.