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Em ação violenta, alunos tomam 5 andares da UnB
Cerca de 600 estudantes brigam com seguranças e ampliam invasão de reitoria
Eles pedem a saída do reitor, Timothy Mulholland, devido a denúncias de que teria comprado móveis de luxo para apartamento funcional
JOHANNA NUBLAT
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cerca de 600 estudantes invadiram ontem os cinco andares do prédio da reitoria da
UnB (Universidade de Brasília). Houve troca de socos, chutes, pontapés e puxões de cabelo entre os invasores e os 20 seguranças da instituição que
tentaram impedir a entrada.
Um estudante chegou a jogar
uma cadeira sobre seguranças.
Na quinta-feira, um grupo de
estudantes já havia invadido o
gabinete do reitor, Timothy
Mulholland, no quinto andar.
A Justiça já determinou a
reintegração de posse que, segundo a Polícia Federal, será
cumprida de maneira pacífica.
Diante da confusão de ontem,
novo acordo será tentado hoje
com estudantes. Ontem à tarde, os alunos decidiram não resistir se a PF decidir retirá-los.
Ontem, ao menos cinco funcionários ficaram feridos, segundo a UnB. Os estudantes
também afirmaram que alunos
ficaram machucados.
Segundo estimativa da reportagem, havia cerca de 600
estudantes no local. O movimento falava em até 1.300 pessoas. A segurança da UnB não
soube dizer a quantidade, e a
PM não estava presente.
A invasão de ontem, a segunda em quatro dias, aconteceu
após uma assembléia-geral em
que os estudantes decidiram
manter e ampliar o controle do
prédio, tomando os cinco andares. Na reunião, ficou decidido
que eles só desocupariam a reitoria após a saída do reitor e de
seu vice, Edgar Mamya, além
de outras reivindicações.
Mulholland foi envolvido em
investigação do Ministério Público do Distrito Federal, que
apontou a compra de móveis de
luxo para o apartamento funcional que ele usava no total de
R$ 470 mil e de um carro de
R$ 72 mil. Segundo o Ministério Público, o dinheiro deveria
ter sido investido em pesquisa.
Contrariando o discurso de
movimento pacífico desenvolvido na semana passada, os alunos partiram para cima dos seguranças, que tentaram por dez
minutos evitar a invasão. Acabaram liberando a rampa.
"Pode até haver discordância
do método que foi utilizado
[para a invasão], mas estamos
tendo cuidado para não quebrar nada", disse Luiza Oliveira, coordenadora-geral do DCE
(Diretório Central dos Estudantes) e umas das líderes.
A Folha percorreu os cinco
andares da reitoria e não constatou depredação de salas.
O dia prometia ser tenso desde a manhã. Por volta das 11h, o
assessor político de Mulholland, professor Wilton Barroso, foi cercado e vaiado por alunos ao criticar o movimento,
que ele chamou de "farsa".
Nem todos os presentes à assembléia, porém, apoiavam a
invasão. "Fica parecendo baderna", disse Mariana Penha,
estudante de ciências políticas.
A UnB cortou novamente a
água e a luz da reitoria. Em nota, a reitoria diz que está fazendo esforços para "resolver o
impasse de forma pacífica".
Ex-reitor da UnB, o senador
Cristovam Buarque (PDT-DF),
que já havia defendido Mulholland, fez ontem um apelo para
que o reitor se licencie do cargo
como forma de convencer os
estudantes a deixarem o prédio
e de evitar um confronto.
Mulholland pode ter que depor na CPI dos Cartões. O deputado Silvio Costa (PMN-PE)
disse que vai apresentar requerimento nesse sentido. Como o
requerimento é da base aliada,
há chance de ser aprovado.
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