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Posto da PF é alvo de protesto em Roraima
Manifestantes que resistem à retirada de não-índios de reserva ameaçam explodir carro-bomba e fecham acesso à Venezuela
Homem que tentou detonar o carro-bomba foi preso; agentes da PF começaram a chegar ao Estado na semana retrasada para a operação
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PACARAIMA
ANDREZZA TRAJANO
COLABORAÇÃO PARA A
AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA
Em novo protesto contra a
homologação da terra indígena
Raposa/Serra do Sol (nordeste
de Roraima), manifestantes
atacaram ontem posto da Polícia Federal no município de Pacaraima (214 km de Boa Vista)
-com coquetéis molotov e
ameaça de uso de um carro-bomba- e fecharam a avenida
de acesso à cidade venezuelana
de Santa Elena do Uairen.
Agentes da PF começaram a
chegar ao Estado na semana retrasada para a operação de retirada da população não-índia
que ainda vive na área. Arrozeiros, comerciantes e parte dos
índios são contrários à retirada.
Um homem identificado como indígena foi preso ontem ao
tentar detonar um carro em
frente ao posto da Polícia Federal com artefatos explosivos.
A 50 metros do posto da PF,
120 manifestantes fecharam a
avenida Brasil, que dá acesso ao
lado venezuelano da fronteira,
ateando fogo em pneus e troncos de madeira. Um posto da
Receita também foi invadido.
O protesto em Pacaraima
provocou fechamento de escolas, do comércio e de órgãos públicos. Habitantes da cidade
disseram que os manifestantes
pediam, com carro de som, que
os comerciantes fechassem
suas portas. Adolescentes e
crianças participaram do protesto, com os rostos pintados
de verde de amarelo. Brasileiros e venezuelanos não conseguiram atravessar a fronteira
com seus veículos. Policiais militares e soldados do Exército
só observaram o movimento.
Dentro do carro que seria explodido, peritos da PF encontraram dinamites e 36 coquetéis molotov. "Era o suficiente
para explodir o carro e fazer um
estrago no posto da PF", disse o
delegado Leonardo Tavares.
"Classifico como um atentado terrorista contra o posto da
PF", completou o delegado, que
partiu de Boa Vista com cerca
de 15 agentes para dar reforço
ao posto de fronteira.
A tentativa de explosão do
carro, um monza sem placa,
aconteceu por volta das 13h30.
No vidro do carro havia a frase
"Nosso prefeito está de volta",
em referência ao ex-prefeito
Paulo Cesar Quartiero, que é líder dos arrozeiros e que teve o
mandato cassado, mas ganhou
recurso na Justiça Eleitoral.
Um funcionário da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) testemunhou a
tentativa de explosão do carro.
"O indígena parou o carro na
frente da PF e depois saiu correndo", disse Maycon da Silva.
No sábado, reportagem da
Folha mostrou que um grupo
contrário à operação da PF detinha artefatos explosivos com
os quais prometia resistir à
ação. A PF investiga se há relação do protesto com esse grupo.
Ontem, ao fechar a fronteira,
os manifestantes tiveram apoio
de pequena parte da população.
O casal Téia Mota e Airton Vieira se apresentava como líderes
do movimento. "A PF esta fazendo um grande mal à nossa
população", disse Téia Mota.
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