São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Conselho da TV Brasil vai apurar "controle"

Grupo analisará declarações de jornalista que acusou o governo de interferir no conteúdo da TV pública

DA REDAÇÃO

O Conselho Curador da TV Brasil decidiu montar uma comissão corregedora para analisar as denúncias feitas pelo jornalista Luiz Lobo, que era âncora e editor-chefe do jornal "Repórter Brasil".
Após ser demitido na última sexta-feira, o jornalista acusou o Palácio do Planalto de interferir no jornalismo da TV pública federal, lançada em dezembro pelo governo Lula com a promessa de que não seria uma emissora chapa-branca.
Ontem, o presidente do Conselho Curador, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, enviou e-mail para todos os membros do órgão. Provavelmente, serão três corregedores, um deles relator. "Vamos ouvir todas as pessoas, o jornalista e os outros, com amplo contraditório", afirmou Belluzzo.
A Diretora de jornalismo da TV Brasil, Helena Chagas, disse que irá enviar as explicações sobre a demissão ao conselho. "Vamos enviar um relatório para mostrar as razões profissionais [da demissão], a começar pela inadequação dele para a função de editor-chefe e pelo fato de ele não querer trabalhar durante o dia, só a partir das 16h", afirmou Chagas.
Ao todo, 15 conselheiros representam a sociedade civil. "O fato por si só já deve funcionar como um alerta para uma possível confusão entre interesses do governo e interesses públicos", disse o advogado Luiz Edson Fachin, professor da Universidade Federal do Paraná.
"Minha primeira reação é de descrença, pois os diretores da TV Brasil sabem que uma concessão em relação ao conteúdo corresponde à morte da independência. Sou testemunha da compulsão pela isenção na TV, mas o assunto é sério demais e precisa ser examinado", afirmou José Paulo Cavalcanti Filho, ministro interino da Justiça no governo Sarney.
O ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo e o professor Wanderley Guilherme dos Santos, outros dois membros do conselho, também defenderam a investigação do caso. "Vamos apresentar a reportagem e pedir esclarecimentos", disse Lembo. A artista plástica Rosa Magalhães e a biofarmacêutica Maria da Penha disseram que ainda não sabiam das acusações feitas pelo jornalista.
(FERNANDO BARROS DE MELLO)


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