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PF prende "aloprado" por suspeita de desvio
Operação apura atuação de Valdebran Padilha em esquema que causou rombo de R$ 200 mi em Funasa, FNS e Ministério das Cidades
Defesa de Padilha diz que
a prisão é "ilegal"; a Justiça expediu 35 mandados de prisão temporária e 76
de busca e apreensão
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Uma operação deflagrada pela Polícia Federal prendeu ontem o "aloprado" Valdebran
Padilha e seu irmão Waldemir
Padilha por suspeita de envolvimento em um esquema que
desviou ao menos R$ 51 milhões, segundo auditorias da
CGU (Controladoria-Geral da
União). Segundo a PF, o rombo
é estimado em R$ 200 milhões.
Os recursos foram desviados,
de acordo com a investigação,
da Funasa (Fundação Nacional
de Saúde), do FNS (Fundo Nacional de Saúde) e do Ministério das Cidades.
Valdebran foi um dos presos
em flagrante no episódio da
frustrada negociação de um
dossiê contra políticos do
PSDB pouco antes do primeiro
turno da eleição presidencial
de 2006. Na ocasião, o presidente Lula chamou os envolvidos de "aloprados".
A prisão de ontem está relacionada a uma investigação que
começou em 2007 e apurou crimes de formação de quadrilha,
estelionato, fraude em licitações, lavagem, corrupção ativa
e passiva e peculato.
Foram expedidos pela Justiça Federal 76 mandados de
busca e apreensão e 35 de prisão temporária. Até a conclusão desta edição, 31 pessoas haviam sido presas em Mato
Grosso, Rondônia, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal.
Entre elas, estão o coordenador regional da Funasa-MT,
Marco Antônio Stangherlin, o
ex-prefeito de Santo Antônio
do Leverger (MT) Faustino
Dias (DEM), o secretário-geral
do PMDB-MT, Rafael Bastos, e
o tesoureiro do PMDB-MT,
Carlos Roberto de Miranda.
Também foi preso José Luiz
Bezerra, sobrinho do deputado
federal Carlos Bezerra, presidente regional do PMDB.
Roger Fernandes, advogado
de Valdebran e Waldemir Padilha, ambos empreiteiros em
Mato Grosso, disse que a prisão
é "ilegal e desnecessária".
Todos fariam, segundo a PF,
parte de um esquema organizado em três núcleos para fraudar
licitações e a execução de obras
e contratos de prestação de serviço. "Além de direcionamento
das licitações, constatamos que
havia simulação na prestação
de serviços", afirmou a delegada Helena Albuquerque, que
chefiou o inquérito.
Um dos núcleos funcionava
dentro da Funasa e determinava, segundo a PF, a contratação
irregular e geralmente superfaturada de serviços como táxi-aéreo e locação de veículos.
Outro grupo atuava para direcionar a execução de obras
municipais financiadas com recursos da pasta das Cidades.
O terceiro braço do esquema
desviava, por meio de ONGs ligadas à suposta quadrilha, dinheiro de programas como os
de Saúde Indígena, Saúde da
Família, Samu e Unidades Municipais de Saúde.
A PF não confirmou os nomes dos presos nem deu detalhes sobre os contratos investigados por suspeita de fraude. E
não informou o motivo da prisão de parte da direção do
PMDB no Estado.
"O que a gente pode dizer é
que havia um núcleo de agentes
políticos que era responsável
pela intermediação das contratações", afirmou a delegada.
A Folha apurou que ao menos dois contratos sob investigação se referem a obras de saneamento realizadas por empresas dos irmãos Valdebran e
Waldemir Padilha no município de Santo Antônio do Leverger. Uma delas, orçada em
R$ 1.478.123,42, se destinava a
ampliar o sistema de abastecimento de água do município.
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