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Justiça investiga correligionários de novo ministro
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
Empossado ontem no Ministério da Justiça, Renan Calheiros
(PMDB-AL) vai ter a missão de
chefiar as investigações contra o
crime organizado alagoano. Entre
os investigados estão correligionários do novo ministro.
Na lista, está o coronel da Polícia
Militar de Alagoas, Manoel Francisco Cavalcante, que é candidato
a deputado estadual pelo partido
de Calheiros, apesar de estar preso
há três meses. Cavalcante é acusado de ser o principal líder do crime
organizado no Estado.
As investigações contra o crime
organizado alagoano deixam na
mira da Polícia Federal, ligada à
pasta de Calheiros, os deputados
estaduais João Beltrão e Danilo
Dâmaso, ambos do partido do ministro, e o ex-presidente da Assembléia Legislativa Antônio Albuquerque (95-96), que deixou o
PMDB no ano passado para se filiar ao PSD.
As investigações contra o crime
organizado alagoano começaram
em janeiro. Foram presas 42 pessoas, entre elas 32 policiais militares, um delegado da Polícia Civil e
um ex-prefeito.
As polícias Civil, Militar e Federal apreenderam uma tonelada de
armas contrabandeadas e cinco
toneladas de pólvora e de chumbo.
Além disso, localizaram 32 ossadas de vítimas de crimes de aluguel em cemitérios clandestinos e
capturaram 158 carros roubados
-80 deles abandonados e queimados em várias cidades.
As investigações provocaram
suspeitas contra os deputados e
correligionários de Calheiros. Beltrão é o único que foi indiciado
sob acusação de receptação de
carros roubados. Ele nega tudo.
O ex-presidente da Assembléia é
acusado de ser o mandante de 12
assassinatos no interior. A PF tenta encontrar provas que fortaleçam os depoimentos já colhidos
de testemunhas.
Foi na gestão de Albuquerque
que sumiram R$ 25 milhões da
Assembléia. Um incêndio no início do ano passado destruiu toda a
documentação que poderia comprovar o desvio do dinheiro.
O deputado Dâmaso também é
acusado por assassinatos e de ser
ligado ao contrabando de armas.
A PF chegou a conseguir na Justiça
um mandado de busca e apreensão de armas nas propriedades
dos três deputados.
Porém não pôde cumprir a missão, planejada para fevereiro. A
informação vazou antes da execução da operação.
"O Renan Calheiros vai usar de
todos os meios legais para obstruir
ao máximo as investigações contra seus amigos e aliados do crime
organizado", afirmou o ex-deputado federal Mendonça Neto
(PDT-AL), advogado da família de
uma das vítimas.
Calheiros disse que vai incentivar as investigações da PF no Estado. "Estou planejando fazer uma
visita ao Estado o mais breve possível. Vou com o diretor-geral da
PF para saber do que os policiais
envolvidos nas investigações estão
precisando. Acabar com o crime
organizado em Alagoas sempre foi
uma bandeira minha", afirmou.
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