São Paulo, quinta, 8 de maio de 1997.



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PRIVATIZAÇÃO
Tesouro nacional permanece com 35,19% do capital votante da empresa mesmo depois do leilão
Fundos de pensão são o 2º maior acionista

ELVIRA LOBATO
FERNANDO PAULINO NETO
da Sucursal do Rio


Mais da metade das ações com direito a voto da Companhia Vale do Rio Doce continua, direta ou indiretamente, vinculada ao Estado.
Mesmo depois do leilão de privatização, o Tesouro Nacional permanece com 35,19% do capital votante da empresa. No próximo dia 20, a União venderá 4,45% das ações ordinárias (com poder de voto) para os funcionários da Vale, mas, ainda assim, continuará na posição de principal acionista.
O segundo maior acionista será a Litel Participações, com 20,46% com capital com direito a voto da Vale. A empresa foi formada por quatro fundos de pensão ligados a empresas estatais que já eram acionistas da Vale e ampliaram sua participação após o leilão.
A Litel é formada pela Previ (Caixa de Previdência dos Empregados do Banco do Brasil), Petros (Fundação Petrobrás de Seguridade Social), Funcef (Fundação dos Economiários Federais) e Fundação Cesp, dos empregados da Eletropaulo, Cesp e Companhia Paulista de Força e Luz.
Antes do leilão, 15% do capital votante da Vale estava em mãos de fundos de pensão. Os quatro que compõem a Litel possuíam 10,03% e compraram mais 10,43%.
O presidente da Petros, Francisco Gonzaga Oliveira, e o presidente da Funcef, José Fernando de Almeida, disseram à Folha que a Litel vai concentrar todas as ações da Vale que já estavam em poder dos quatro fundos e, com isso, se tornará a segunda maior acionista da empresa, depois da União.
Previ, Petros, Funcesp e Fundação Cesp ainda não definiram qual será o percentual de cada uma delas dentro da Litel.
Elas foram para o leilão decididas a comprar 25% do total das ações que fossem arrematadas pelo Consórcio Brasil, mas deixaram para acertar suas participações individuais posteriormente.
O Consórcio Brasil comprou 41,73% do capital votante da Vale. A Litel, conforme estipulado, arrematou 10,43%, ou seja, 25% do lote leiloado pela União.
Com um patrimônio de R$ 20 bilhões, a Previ é o maior fundo de pensão do país. Ele já possuía, em carteira, 8,06% das ações com direito a voto da Vale do Rio Doce.
A Funcef é o segundo maior fundo de pensão brasileiro e seu patrimônio chega a R$ 6,4 bilhões. Sua participação anterior no capital votante da Vale era pequena: apenas 0,35%.
A Petros (terceiro maior fundo de pensão, com R$ 4 bilhões de patrimônio), já possuía 1,52% das ações ordinárias da Vale em sua carteira. A Fundação Cesp (patrimônio de R$ 3 bilhões) tinha 0,10% do capital votante da Vale.
Segundo o presidente da Funcef, a Previ foi escolhida para coordenar a atuação dos quatro fundos.
O Tesouro vendeu 97,8% das 104,318 milhões de ações ordinárias da Vale que foram a leilão. Os outros 2,2% pertenciam a pequenos investidores da Bolsa.
Do total das ações ordinárias, com direito a voto e a eleger o Conselho de Administração da Vale, o Tesouro abriu mão de 40,81% das ações ordinárias e o público, de 0,92%.
Com o leilão, o capital ordinário da Vale do Rio Doce ficou assim dividido: Valepar (Consórcio Brasil, incluindo as ações compradas pela Litel): 41,73%; Tesouro: 35,19%; fundos de pensão: 15%; BNDESpar e FDS (Fundo de Desenvolvimento Social), 5%; fundos estrangeiros: 2% e público: 1,08%.



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