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ALIADOS EM CRISE
Presidente determina que Aloysio Nunes use rolo compressor para frear adesões à comissão na Câmara
FHC manda liberar emendas para barrar CPI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que a oposição aumentou de 27 para 29 as adesões à
CPI da corrupção no Senado, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso desencadeou pessoalmente uma operação para tentar
diminuir as adesões de deputados
federais e inviabilizar a investigação. FHC conversou por telefone
e pessoalmente com líderes partidários e dirigentes regionais dos
partidos aliados.
O presidente determinou ao ministro Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) que priorizasse a
liberação de emendas congressuais já aprovadas, mas que ainda
não foram liberadas. No entanto,
impôs limite para concessão de
cargos.
A intenção do presidente é jogar
para menos de 171 (número exigido) as adesões de deputados federais governistas à Comissão Parlamentar de Inquérito.
O governo avalia que só usando
o rolo compressor tem chance de
reverter os apoios na Câmara.
FHC crê que será difícil abortar a
investigação juridicamente.
A um deputado federal tucano,
FHC disse que a CPI paralisaria o
país e atingiria, além do governo,
os partidos aliados que vão disputar as eleições de 2002.
Depois de dizer que não faria
"barganha" para evitar a CPI, o
governo reabriu negociação com
parlamentares. Houve pressão
dos líderes partidários para que
FHC aceitasse bancar o que, eufemisticamente, chamam de "operação de governo". Ou seja, atender com cargos e emendas os parlamentares fiéis.
No mês passado, o governo se
assustou com a voracidade dos
pedidos dos parlamentares para
não assinar o requerimento da
CPI. Exemplo: dois deputados do
PL queriam a direção da BR Distribuidora, empresa da Petrobras,
e a bancada da Igreja Universal
desejava renegociar dívida de cerca de R$ 700 milhões de empresas
ligadas à igreja.
Batalha das adesões
Até a semana passada, havia
descrença entre articuladores do
governo. A oposição divulgou o
nome de 174 deputados que já assinaram o pedido. Os partidos de
oposição dizem também que têm
mais 12 deputados federais governistas que assinarão o pedido de
criação da CPI, mas que pediram
para que seus nomes não fossem
revelados até amanhã.
O líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), disse que a
oposição está pronta para enfrentar a reação do governo. Considera que chegará a 190 assinaturas.
"Vamos trabalhar com uma
margem de 20 assinaturas de segurança. Estamos checando um a
um os nomes que apoiaram a CPI
para evitar surpresas", afirmou o
líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
A operação comandada por
FHC levou dirigentes dos partidos aliados a tentarem retirar as
assinaturas. Exemplo: o presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen (SC), vai enviar uma carta aos deputados pefelistas que assinaram o pedido da CPI.
De manhã, FHC se reuniu com
os líderes partidários no Senado
Renan Calheiros (PMDB-AL) e
Sérgio Machado (PSDB-CE). Ele
repetiu o argumento de que a CPI
é uma manobra da oposição para
tentar ferir o governo e pediu
apoio para tentar derrubá-la na
Câmara. Os três avaliaram que,
no Senado, seria quase impossível
uma reação do governo.
Enquanto FHC desencadeava a
operação para barrar a CPI na Câmara, os senadores tucanos Álvaro Dias (PR) e Osmar Dias (PR)
anunciaram que assinam hoje o
pedido de CPI (leia texto ao lado).
Com a assinatura dos dois irmãos, do partido de FHC, o pedido no Senado tem duas adesões a
mais do que as 27 exigidas.
O líder do bloco de oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE), prevê
para hoje mais uma adesão. O 30º
senador a assinar deve ser o peemedebista e ex-ministro da Justiça Íris Rezende (GO). As negociações para que os dois senadores
do Paraná assinassem a CPI duraram semanas.
A oposição vai protocolar o pedido de CPI amanhã com uma
manifestação na Câmara com a
presença de representantes da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), entre outras entidades.
(KENNEDY ALENCAR, RAQUEL ULHÔA, DENISE MADUEÑO E VERA MAGALHÃES)
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