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Lula quer que papa divulgue Bolsa Família
Presidente elogia a ação social da igreja e diz que a religião católica tem papel "de elevar o nível de consciência das pessoas"
Petista afirma que deseja conversar com Bento 16, ao encontrá-lo em SP, sobre o processo de degradação da estrutura familiar brasileira
EDUARDO SCOLESE
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que
pedirá ao papa Bento 16 que seja uma espécie de garoto-propaganda para divulgar pelo
mundo os programas sociais do
governo de combate à pobreza.
No encontro com o papa,
nesta quinta-feira, além de enfatizar o papel do Bolsa Família, principal programa de
transferência de renda do governo federal e que atende hoje
a cerca de 11 milhões de famílias, Lula disse que deseja conversar com Bento 16 sobre o
"processo de degradação da estrutura familiar brasileira".
O presidente citou a questão
familiar em entrevista pela manhã a rede católica de rádios.
Antes, havia falado a emissoras
católicas de TV, o que ainda não
foi ao ar. Voltou a discursar sobre o tema da família à tarde, no
encontro do Conselho Nacional da Juventude, no Planalto.
Às rádios, Lula disse que os
problemas sociais e da juventude do país somente serão resolvidos por meio da família.
"Achar que o Estado pode resolver tudo é no mínimo uma
grande heresia", disse.
À tarde, Lula seguiu na mesma linha e usou um exemplo de
sua própria infância para
exemplificar a questão.
"[Quando] passava na feira, eu
via aquelas maçãs da Argentina, tinha vontade de pegar uma
e sair correndo, porque dinheiro eu nunca tinha para comprar. Entretanto, eu nunca fiz,
porque eu tinha medo de que a
minha mãe passasse vergonha
se eu fosse pego com alguma
coisa que não era minha."
Ele acrescentou que sua mãe
conseguiu formar "oito filhos-cidadãos" porque eles tinham
nela uma referência.
Lula também tratou da visita
do papa na edição de ontem de
seu programa semanal de rádio, "Café com o Presidente".
Nele, apontou Bento 16 como
um potencial garoto-propaganda de suas ações sociais.
"Um dos assuntos que tenho
interesse de discutir com o papa é o papel da igreja nas políticas públicas que a igreja já
tem", disse. "Mas, sobretudo,
discutir com o papa as políticas
sociais que estamos fazendo no
Brasil para que ele, como a pessoa mais importante da Igreja
Católica, possa ajudar a disseminar essas boas políticas públicas para o mundo."
Lula recebe o papa amanhã,
na base aérea de São Paulo. No
dia seguinte, terá encontro reservado com Bento 16.
Ainda em seu programa, Lula
afirmou que a "Igreja Católica
tem um papel extraordinário
na América Latina". "Não apenas de evangelizar as pessoas,
mas um papel muito forte no
sentido de elevar o nível de
consciência das pessoas", disse.
Ele fez um elogio à ação social da igreja. Embora não a tenha citado nominalmente, a
corrente que sempre defendeu
a "opção preferencial pelos pobres" na região é a Teologia da
Libertação, atacada por Bento
16 quando ele era cardeal.
No programa, o presidente
também falou que a canonização do frei Galvão será um fato
"extremamente importante"
aos católicos brasileiros.
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