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Deputados pegam "carona" em instalação de parlamento
RODRIGO RÖTZSCH
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU
Com pouca atenção da imprensa, mas, aparentemente,
muito interesse dos deputados
brasileiros, o Parlamento do
Mercosul teve ontem sua sessão inaugural em Montevidéu.
Cada país fundador do bloco
(Brasil, Uruguai, Argentina e
Paraguai) participa do Parlamento com 18 integrantes -no
caso brasileiro, nove senadores
e nove deputados. A Venezuela
tem delegados com direito a
voz, mas sem direito a voto.
Ao menos dez outros integrantes da Câmara, porém, estiveram ontem em Montevidéu, segundo a Casa. Os dados
oficiais da Câmara dão conta de
que foram gastos com passagem e estadia de dez deputados
e sete assessores R$ 33.312.
Contudo, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ao ser questionado pela
Folha, estimou em cerca de 30
o número dos deputados que
viajaram ao Uruguai.
"Primeiro, vieram aqueles
que compõem o Parlamento do
Mercosul. Agora, como viemos
à sessão inaugural, aproveitamos a viagem. Os suplentes,
que não viriam, convidamos
para estar com a gente. Convidamos também membros da
Comissão de Relações Exteriores e, depois, fizemos convites
para trazer integrantes das diversas bancadas", disse.
Embora o Parlamento realize hoje sua primeira sessão deliberativa, os deputados "excedentes" voltaram ainda ontem
ao Brasil, com Chinaglia. Um
deles é o cantor Frank Aguiar
(PTB-SP), novato na Câmara
que não integra a Comissão de
Relações Exteriores.
A Folha o encontrou no momento em que fazia check-out
no hotel. Com sacolas de compras, ele conversava com outro
brasileiro da comitiva sobre incluir ou não um gasto na prestação de contas a serem ressarcidas com a verba indenizatória da Câmara.
Questionado sobre o motivo
de sua presença na inauguração do Parlamento do Mercosul, foi sucinto: "Vim apoiar".
A sessão inaugural do parlamento foi recheada de discursos e teve poucas deliberações
-os membros apenas referendaram uma decisão anterior
sobre a composição da primeira Mesa Diretora, que tem o senador paraguaio Alfonso González Núñez como presidente.
A marca das falas foi o chamado a uma maior integração
na região. Num aparente lapso,
Núñez disse que a América do
Sul tinha "um único território,
uma única língua". Nos discursos, porém, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL) e o ministro Celso
Amorim (Relações Exteriores),
oradores brasileiros, falaram
português. Não havia dispositivo de tradução simultânea.
A delegação do Senado, que
se restringiu a Renan, aos
membros titulares do Parlamento e ao suplente Eduardo
Azeredo (PSDB-MG), viajou
em um avião da FAB e só gerou
gastos de hospedagem:
US$ 7.000 (R$ 14.180).
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