São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

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Deputados pegam "carona" em instalação de parlamento

RODRIGO RÖTZSCH
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU

Com pouca atenção da imprensa, mas, aparentemente, muito interesse dos deputados brasileiros, o Parlamento do Mercosul teve ontem sua sessão inaugural em Montevidéu.
Cada país fundador do bloco (Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai) participa do Parlamento com 18 integrantes -no caso brasileiro, nove senadores e nove deputados. A Venezuela tem delegados com direito a voz, mas sem direito a voto.
Ao menos dez outros integrantes da Câmara, porém, estiveram ontem em Montevidéu, segundo a Casa. Os dados oficiais da Câmara dão conta de que foram gastos com passagem e estadia de dez deputados e sete assessores R$ 33.312.
Contudo, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ao ser questionado pela Folha, estimou em cerca de 30 o número dos deputados que viajaram ao Uruguai.
"Primeiro, vieram aqueles que compõem o Parlamento do Mercosul. Agora, como viemos à sessão inaugural, aproveitamos a viagem. Os suplentes, que não viriam, convidamos para estar com a gente. Convidamos também membros da Comissão de Relações Exteriores e, depois, fizemos convites para trazer integrantes das diversas bancadas", disse.
Embora o Parlamento realize hoje sua primeira sessão deliberativa, os deputados "excedentes" voltaram ainda ontem ao Brasil, com Chinaglia. Um deles é o cantor Frank Aguiar (PTB-SP), novato na Câmara que não integra a Comissão de Relações Exteriores.
A Folha o encontrou no momento em que fazia check-out no hotel. Com sacolas de compras, ele conversava com outro brasileiro da comitiva sobre incluir ou não um gasto na prestação de contas a serem ressarcidas com a verba indenizatória da Câmara.
Questionado sobre o motivo de sua presença na inauguração do Parlamento do Mercosul, foi sucinto: "Vim apoiar".
A sessão inaugural do parlamento foi recheada de discursos e teve poucas deliberações -os membros apenas referendaram uma decisão anterior sobre a composição da primeira Mesa Diretora, que tem o senador paraguaio Alfonso González Núñez como presidente.
A marca das falas foi o chamado a uma maior integração na região. Num aparente lapso, Núñez disse que a América do Sul tinha "um único território, uma única língua". Nos discursos, porém, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), oradores brasileiros, falaram português. Não havia dispositivo de tradução simultânea.
A delegação do Senado, que se restringiu a Renan, aos membros titulares do Parlamento e ao suplente Eduardo Azeredo (PSDB-MG), viajou em um avião da FAB e só gerou gastos de hospedagem: US$ 7.000 (R$ 14.180).


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