São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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Painel

Renata Lo Prete
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Vida ou morte

O PMDB não sabe o que fazer, o PSDB corre o risco de perder o vice pefelista de Geraldo Alckmin, mas desesperadora mesmo é a situação do trio PTB, PL e PP.
O arrocho nas alianças imposto pelo Tribunal Superior Eleitoral reduz drasticamente o valor de mercado dessas siglas nos Estados. Hoje, elas têm a oferecer tempo de televisão. Em troca, um partido maior alavanca seu desempenho na chapa proporcional. Se confirmada a interpretação do ministro Marco Aurélio de Mello, o tempo de TV será negociado diretamente no balcão federal. Com menos chance de se aliar a um partido robusto, cresce a ameaça de as siglas médias não cumprirem a cláusula de barreira.
Deputados do PL já defendem a aliança formal da sigla com Lula, antes hipótese quase descartada.

Mundo da lua 1. A apatia do PSDB diante do rebuliço nas regras eleitorais causou perplexidade no PFL, que cogita abandonar o barco. "Se acontecer, será divórcio amigável. Eles entenderão que a alternativa é o suicídio", diz um dirigente pefelista.

Mundo da lua 2. Outro motivo de espanto foi a primeira declaração de Geraldo Alckmin, que chegou a elogiar o TSE porque a decisão levaria o PPS a aderir à aliança. "Ainda não entenderam a gravidade da situação e o risco de isolamento que correm", adverte um senador do PFL.

Feeling. Pivô da bagunça nas alianças, o ministro Marco Aurélio de Mello acha que o PMDB cairá no colo de Lula, com Nelson Jobim na vice.

Causa e efeito. Do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), sobre o tsunami nas regras eleitorais: "É o preço que paga um Poder que se avilta. O Congresso assiste ao TSE legislar a quatro dias das convenções partidárias".

Cizânia. A família Sarney tentava entender, no cafezinho do Senado, o que restou da aliança que tentava montar no Maranhão. Pela nova interpretação do TSE, o pai, José Sarney, e o irmão, Zequinha, não podem apoiar Roseana para o governo.

Micão. A tática do "chapão", em que caciques como Antonio Carlos Magalhães apóiam candidatos de vários partidos para, depois das eleições, uni-los numa aliança, ruiu com a nova resolução do TSE.

Foi além. Na avaliação dos grandes partidos, Marco Aurélio avançou o sinal. Os dirigentes acham que a interpretação do ministro não é a mesma da maioria no tribunal.

Tenha piedade 1. Reunidos com Lula, líderes aliados tentaram mostrar ao presidente que, enquanto ele surfa nas pesquisas, deputados da base correm o risco de não se reeleger, graças ao efeito combinado de mensalão, sanguessuga e outros escândalos.

Tenha piedade 2. Um dos líderes presentes à reunião fez pouco dos estragos causados pelo MLST na Câmara: "Companheiro, pior foi a decisão do Marco Aurélio", disse a um auxiliar de Lula.

Prova. Por determinação da direção da Casa, a TV Câmara registrou o passo a passo da prisão e do período em que os sem-terra ficaram no ginásio Nilson Nelson. A ordem foi uma estratégia para evitar posteriores queixas de maus-tratos por parte do MLST.

Desde criancinha. Bruno Maranhão, líder do MLST, é amigo de infância do coordenador da campanha de Alckmin, Sérgio Guerra. Quando ainda não tinha abdicado da fortuna da família de usineiros, era conhecido por se meter em brigas em festas da sociedade pernambucana.

Padrinho. Zulaiê Cobra (PSDB-SP) pediu pressa na restauração do busto de Mário Covas, danificado na invasão ao Congresso. Em 2001, a deputada pagou do próprio bolso a homenagem em bronze ao governador. A Câmara vai fazer uma solenidade para recolocar o busto no lugar.

Tiroteio

Aprovamos o fim da verticalização, mas a decisão não pôde valer pois mudaria a regra a menos de um ano da eleição. Qual o sentido de recrudescer agora algo que já foi revogado?


Da senadora ROSEANA SARNEY (PFL), pré-candidata ao governo do Maranhão, sobre a nova interpretação do TSE para as regras que balizam as alianças partidárias.

Contraponto

DNA nacional

Em encontro recente com Cláudio Lembo, o deputado tucano Walter Feldman contou ao governador que vinha estreitando relações com janistas do bairro de Vila Maria, na zona norte da capital paulista.
-Veja como o mundo dá voltas, governador- comentou Feldman, opositor ferrenho de Jânio Quadros quando este foi prefeito pela segunda vez, entre 1986 e 1988.
Político conservador e ex-secretário de Jânio, Lembo, que poucos dias antes se transformara em vedete da esquerda ao atacar a "elite branca", surpreendeu o grupo que acompanhava o diálogo com a seguinte resposta:
-Não há mais dúvida: este é um país macunaíma.


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