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Painel
Renata Lo Prete
@ - painel@uol.com.br
Vida ou morte
O PMDB não sabe o que fazer, o PSDB corre o risco
de perder o vice pefelista de Geraldo Alckmin, mas desesperadora mesmo é a situação do trio PTB, PL e PP.
O arrocho nas alianças imposto pelo Tribunal Superior Eleitoral reduz drasticamente o valor de mercado
dessas siglas nos Estados. Hoje, elas têm a oferecer
tempo de televisão. Em troca, um partido maior alavanca seu desempenho na chapa proporcional. Se
confirmada a interpretação do ministro Marco Aurélio de Mello, o tempo de TV será negociado diretamente no balcão federal. Com menos chance de se
aliar a um partido robusto, cresce a ameaça de as siglas médias não cumprirem a cláusula de barreira.
Deputados do PL já defendem a aliança formal da
sigla com Lula, antes hipótese quase descartada.
Mundo da lua 1. A apatia do PSDB diante do rebuliço nas regras eleitorais causou perplexidade no PFL, que
cogita abandonar o barco. "Se
acontecer, será divórcio amigável. Eles entenderão que a
alternativa é o suicídio", diz
um dirigente pefelista.
Mundo da lua 2. Outro
motivo de espanto foi a primeira declaração de Geraldo
Alckmin, que chegou a elogiar
o TSE porque a decisão levaria o PPS a aderir à aliança.
"Ainda não entenderam a gravidade da situação e o risco de
isolamento que correm", adverte um senador do PFL.
Feeling. Pivô da bagunça
nas alianças, o ministro Marco Aurélio de Mello acha que
o PMDB cairá no colo de Lula,
com Nelson Jobim na vice.
Causa e efeito. Do deputado Geddel Vieira Lima
(PMDB-BA), sobre o tsunami
nas regras eleitorais: "É o preço que paga um Poder que se
avilta. O Congresso assiste ao
TSE legislar a quatro dias das
convenções partidárias".
Cizânia. A família Sarney
tentava entender, no cafezinho do Senado, o que restou
da aliança que tentava montar
no Maranhão. Pela nova interpretação do TSE, o pai, José Sarney, e o irmão, Zequinha, não podem apoiar Roseana para o governo.
Micão. A tática do "chapão",
em que caciques como Antonio Carlos Magalhães apóiam
candidatos de vários partidos
para, depois das eleições, uni-los numa aliança, ruiu com a
nova resolução do TSE.
Foi além. Na avaliação dos
grandes partidos, Marco Aurélio avançou o sinal. Os dirigentes acham que a interpretação do ministro não é a mesma da maioria no tribunal.
Tenha piedade 1. Reunidos com Lula, líderes aliados tentaram mostrar ao presidente que, enquanto ele surfa nas pesquisas, deputados
da base correm o risco de não
se reeleger, graças ao efeito
combinado de mensalão, sanguessuga e outros escândalos.
Tenha piedade 2. Um
dos líderes presentes à reunião fez pouco dos estragos
causados pelo MLST na Câmara: "Companheiro, pior foi
a decisão do Marco Aurélio",
disse a um auxiliar de Lula.
Prova. Por determinação da
direção da Casa, a TV Câmara
registrou o passo a passo da
prisão e do período em que os
sem-terra ficaram no ginásio
Nilson Nelson. A ordem foi
uma estratégia para evitar
posteriores queixas de maus-tratos por parte do MLST.
Desde criancinha. Bruno Maranhão, líder do MLST,
é amigo de infância do coordenador da campanha de
Alckmin, Sérgio Guerra.
Quando ainda não tinha abdicado da fortuna da família de
usineiros, era conhecido por
se meter em brigas em festas
da sociedade pernambucana.
Padrinho. Zulaiê Cobra
(PSDB-SP) pediu pressa na
restauração do busto de Mário Covas, danificado na invasão ao Congresso. Em 2001, a
deputada pagou do próprio
bolso a homenagem em bronze ao governador. A Câmara
vai fazer uma solenidade para
recolocar o busto no lugar.
Tiroteio
Aprovamos o fim da verticalização, mas a
decisão não pôde valer pois mudaria a regra a
menos de um ano da eleição. Qual o sentido de
recrudescer agora algo que já foi revogado?
Da senadora ROSEANA SARNEY (PFL), pré-candidata ao governo do
Maranhão, sobre a nova interpretação do TSE para as regras que balizam as alianças partidárias.
Contraponto
DNA nacional
Em encontro recente com Cláudio Lembo, o deputado
tucano Walter Feldman contou ao governador que vinha
estreitando relações com janistas do bairro de Vila Maria,
na zona norte da capital paulista.
-Veja como o mundo dá voltas, governador- comentou
Feldman, opositor ferrenho de Jânio Quadros quando este foi prefeito pela segunda vez, entre 1986 e 1988.
Político conservador e ex-secretário de Jânio, Lembo,
que poucos dias antes se transformara em vedete da esquerda ao atacar a "elite branca", surpreendeu o grupo
que acompanhava o diálogo com a seguinte resposta:
-Não há mais dúvida: este é um país macunaíma.
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