|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crise derruba parte do secretariado de Yeda
Governadora demitiu três membros do primeiro escalão da administração e o comandante-geral da Brigada Militar
A mudança é uma resposta à
crise política agravada pela
divulgação, por parte do
vice-governador, de diálogo
com o ex-chefe da Casa Civil
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Em mais um capítulo da
maior crise política de sua gestão, a governadora do Rio
Grande do Sul, Yeda Crusius
(PSDB), anunciou ontem a demissão de três membros do primeiro escalão do governo e do
comandante-geral da Brigada
Militar (a PM gaúcha).
Segundo a tucana, as cartas
de demissão do chefe da Casa
Civil, Cézar Busatto, do secretário-geral de Governo, Delson
Martini, do chefe do escritório
do Estado em Brasília, Marcelo
Cavalcante, e do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Nilson Bueno, foram apresentadas na noite de sexta.
A mudança -a maior no primeiro escalão desde a posse de
Yeda, em 2007- veio como resposta à crise política agravada
na semana passada com a divulgação de grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal e
de conversa gravada pelo vice-governador e inimigo político
de Yeda, Paulo Feijó (DEM),
em que Busatto reconhece o
uso de estatais no financiamento de campanhas eleitorais.
O ex-chefe da Casa Civil, que
não sabia que sua conversa com
Feijó estava sendo gravada,
menciona o PP e o PMDB -os
maiores partidos da base de Yeda- como beneficiários da prática em órgãos estatais que comandam, o Banrisul (Banco do
Estado do Rio Grande do Sul) e
o Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Depois, Busatto disse que se referia a contribuições de servidores filiados aos partidos.
Os 18 deputados estaduais
das duas siglas pressionaram
Yeda pela demissão.
Ela classificou o comportamento do vice como "indigno"
e "insólito". Disse que a gravação "não tem valor ético ou moral". "Quando alguém não sabe
que estava sendo gravado,
quem estava gravando pôde fazer o teatro que bem quis." Feijó não se manifestou ontem.
Relação com Ferst
A governadora negou ter tomado conhecimento da carta
enviada pelo empresário tucano Lair Ferst, apontado pela PF
como um dos pivôs do desvio
de R$ 44 milhões no Detran. Na
carta, recebida por Cavalcante,
Ferst fala do funcionamento da
fraude e cita sua participação
na campanha de Yeda em 2006.
A governadora defendeu Cavalcante. Afirmou que a carta
não trazia provas da existência
do esquema no Detran. Sustentou que sua relação com Ferst é
partidária. "Lair é militante do
PSDB. Hoje está afastado, esteve presente em todos os momentos como militante."
Yeda afirmou que a crise não
abalou o relacionamento com
os aliados nem a confiança da
população no governo. "Mostrem que o povo gaúcho não
confia no meu governo."
A mudança no secretariado,
disse Yeda, não vai alterar seu
modelo de gestão "baseado em
resultados", mesmo com a saída de Delson Martini, que coordenava projetos prioritários do
governo e foi acusado de participar da fraude do Detran.
Bueno, da Brigada Militar,
pediu demissão após ter sido
denunciado pelo Ministério
Público Militar por uso irregular de diárias.
Em pronunciamento veiculado ontem à noite em rádios e
TVs gaúchas, a tucana defendeu sua gestão e disse, na única
menção à crise, que "o desenvolvimento do Rio Grande do
Sul não será afetado por ataques desleais".
Texto Anterior: Carlos Minc vai ser sabatinado no próximo dia 23 Próximo Texto: Desempenho de Kassab segue ritmo de obras Índice
|