São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Crise derruba parte do secretariado de Yeda

Governadora demitiu três membros do primeiro escalão da administração e o comandante-geral da Brigada Militar

A mudança é uma resposta à crise política agravada pela divulgação, por parte do vice-governador, de diálogo com o ex-chefe da Casa Civil

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Em mais um capítulo da maior crise política de sua gestão, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), anunciou ontem a demissão de três membros do primeiro escalão do governo e do comandante-geral da Brigada Militar (a PM gaúcha).
Segundo a tucana, as cartas de demissão do chefe da Casa Civil, Cézar Busatto, do secretário-geral de Governo, Delson Martini, do chefe do escritório do Estado em Brasília, Marcelo Cavalcante, e do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Nilson Bueno, foram apresentadas na noite de sexta.
A mudança -a maior no primeiro escalão desde a posse de Yeda, em 2007- veio como resposta à crise política agravada na semana passada com a divulgação de grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal e de conversa gravada pelo vice-governador e inimigo político de Yeda, Paulo Feijó (DEM), em que Busatto reconhece o uso de estatais no financiamento de campanhas eleitorais.
O ex-chefe da Casa Civil, que não sabia que sua conversa com Feijó estava sendo gravada, menciona o PP e o PMDB -os maiores partidos da base de Yeda- como beneficiários da prática em órgãos estatais que comandam, o Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) e o Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Depois, Busatto disse que se referia a contribuições de servidores filiados aos partidos.
Os 18 deputados estaduais das duas siglas pressionaram Yeda pela demissão.
Ela classificou o comportamento do vice como "indigno" e "insólito". Disse que a gravação "não tem valor ético ou moral". "Quando alguém não sabe que estava sendo gravado, quem estava gravando pôde fazer o teatro que bem quis." Feijó não se manifestou ontem.

Relação com Ferst
A governadora negou ter tomado conhecimento da carta enviada pelo empresário tucano Lair Ferst, apontado pela PF como um dos pivôs do desvio de R$ 44 milhões no Detran. Na carta, recebida por Cavalcante, Ferst fala do funcionamento da fraude e cita sua participação na campanha de Yeda em 2006.
A governadora defendeu Cavalcante. Afirmou que a carta não trazia provas da existência do esquema no Detran. Sustentou que sua relação com Ferst é partidária. "Lair é militante do PSDB. Hoje está afastado, esteve presente em todos os momentos como militante."
Yeda afirmou que a crise não abalou o relacionamento com os aliados nem a confiança da população no governo. "Mostrem que o povo gaúcho não confia no meu governo."
A mudança no secretariado, disse Yeda, não vai alterar seu modelo de gestão "baseado em resultados", mesmo com a saída de Delson Martini, que coordenava projetos prioritários do governo e foi acusado de participar da fraude do Detran.
Bueno, da Brigada Militar, pediu demissão após ter sido denunciado pelo Ministério Público Militar por uso irregular de diárias.
Em pronunciamento veiculado ontem à noite em rádios e TVs gaúchas, a tucana defendeu sua gestão e disse, na única menção à crise, que "o desenvolvimento do Rio Grande do Sul não será afetado por ataques desleais".


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