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Garotinho usa doações de Rosinha
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
A campanha do presidenciável
do PSB, Anthony Garotinho, está
sendo financiada com recursos
arrecadados pela sua mulher, Rosinha Matheus, que disputa o governo do Estado do Rio de Janeiro
pelo partido.
A informação é confirmada pelo deputado federal Alexandre
Cardoso (PSB-RJ), coordenador
financeiro das duas campanhas.
Segundo ele, os recursos doados
são destinados ao partido, que
pode redistribuí-los entre os seus
candidatos.
"É lógico que uma pessoa,
quando coloca dinheiro, quer ajudar muito mais a Rosinha, mas ela
está dando dinheiro ao partido. É
dinheiro que vai para as duas
campanhas", disse Cardoso.
Em primeiro lugar nas pesquisas, Rosinha tem sido bastante
procurada por doadores, ao contrário de Garotinho, apontado em
quarto lugar nas pesquisas de preferência dos eleitores.
Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), não há crime na
operação, já que os dois candidatos são do mesmo partido. É permitida a doação entre candidatos,
comitês financeiros e partidos da
mesma coligação.
A campanha eleitoral de Garotinho passa por grave crise financeira. Ele já dispensou quatro auxiliares, que não aceitaram redução salarial. Entre eles, seu marqueteiro, Elysio Pires. A Folha
apurou que o candidato já tem dívidas que chegam a R$ 2 milhões.
Os gastos são, principalmente,
com a produção de programas de
televisão, fretamento de jato e
material de campanha.
Há um débito de R$ 10,3 mil
com o compositor Tavito, produtor do jingle "Fé no Brasil", da
campanha do candidato do PSB.
O fotógrafo Rogério Faissal também não recebeu tudo o que lhe
devem pelo seu trabalho. Há também a possibilidade das restrições
orçamentárias impedirem Garotinho de cumprir a agenda de comícios para o mês de agosto.
A maior despesa é com a produção de programas para a televisão.
A campanha de Garotinho está
bancando os programas regionais
de 13 candidatos a governador,
além dos 19 programas de Garotinho. Com pouca chances de vitória, a maior parte dos candidatos
a governador cederá o espaço regional para o candidato presidencial, que conta com apenas 2 minutos e 13 segundos na TV para a
sua propaganda. A estimativa é
que o PSB gaste até R$ 2 milhões
nos programas eleitorais.
A crise tem obrigado Garotinho
a ficar quase imóvel no Estado do
Rio de Janeiro. Passado pouco
mais de um mês do início da campanha eleitoral de Garotinho, ele
só foi duas vezes a Brasília, duas
ao Rio Grande do Sul e três outras
ao Estado de São Paulo.
A atual fase de restrições orçamentárias contrasta com a pré-campanha, quando o presidenciável do PSB percorreu várias vezes o país a bordo de um jato fretado. As despesas com avião não
são divulgadas por Cardoso. Ele
nega que haja uma dívida acumulada de R$ 2 milhões.
"Eu diria que o PSB deve em
torno de R$ 200 mil, mas estamos
saldando tudo aos poucos." Ele
disse que os débitos existentes
com Faissal e Tavito foram contraídos no período de pré-campanha do candidato, quando, segundo ele, uma empresa foi contratada para cuidar das finanças
da campanha de Garotinho. "Já
pagamos 95% das despesas com
essa empresa e ela deveria ter pago a essas pessoas", afirmou o
coordenador financeiro. Cardoso
não quis revelar o nome da empresa que foi contrata. Disse, em
seguida, que não se tratava de
uma empresa propriamente dita,
mas um "consórcio" e por fim um
"grupo de pessoas".
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