São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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Garotinho usa doações de Rosinha

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

A campanha do presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, está sendo financiada com recursos arrecadados pela sua mulher, Rosinha Matheus, que disputa o governo do Estado do Rio de Janeiro pelo partido.
A informação é confirmada pelo deputado federal Alexandre Cardoso (PSB-RJ), coordenador financeiro das duas campanhas. Segundo ele, os recursos doados são destinados ao partido, que pode redistribuí-los entre os seus candidatos.
"É lógico que uma pessoa, quando coloca dinheiro, quer ajudar muito mais a Rosinha, mas ela está dando dinheiro ao partido. É dinheiro que vai para as duas campanhas", disse Cardoso.
Em primeiro lugar nas pesquisas, Rosinha tem sido bastante procurada por doadores, ao contrário de Garotinho, apontado em quarto lugar nas pesquisas de preferência dos eleitores.
Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), não há crime na operação, já que os dois candidatos são do mesmo partido. É permitida a doação entre candidatos, comitês financeiros e partidos da mesma coligação.
A campanha eleitoral de Garotinho passa por grave crise financeira. Ele já dispensou quatro auxiliares, que não aceitaram redução salarial. Entre eles, seu marqueteiro, Elysio Pires. A Folha apurou que o candidato já tem dívidas que chegam a R$ 2 milhões. Os gastos são, principalmente, com a produção de programas de televisão, fretamento de jato e material de campanha.
Há um débito de R$ 10,3 mil com o compositor Tavito, produtor do jingle "Fé no Brasil", da campanha do candidato do PSB. O fotógrafo Rogério Faissal também não recebeu tudo o que lhe devem pelo seu trabalho. Há também a possibilidade das restrições orçamentárias impedirem Garotinho de cumprir a agenda de comícios para o mês de agosto.
A maior despesa é com a produção de programas para a televisão. A campanha de Garotinho está bancando os programas regionais de 13 candidatos a governador, além dos 19 programas de Garotinho. Com pouca chances de vitória, a maior parte dos candidatos a governador cederá o espaço regional para o candidato presidencial, que conta com apenas 2 minutos e 13 segundos na TV para a sua propaganda. A estimativa é que o PSB gaste até R$ 2 milhões nos programas eleitorais.
A crise tem obrigado Garotinho a ficar quase imóvel no Estado do Rio de Janeiro. Passado pouco mais de um mês do início da campanha eleitoral de Garotinho, ele só foi duas vezes a Brasília, duas ao Rio Grande do Sul e três outras ao Estado de São Paulo.
A atual fase de restrições orçamentárias contrasta com a pré-campanha, quando o presidenciável do PSB percorreu várias vezes o país a bordo de um jato fretado. As despesas com avião não são divulgadas por Cardoso. Ele nega que haja uma dívida acumulada de R$ 2 milhões.
"Eu diria que o PSB deve em torno de R$ 200 mil, mas estamos saldando tudo aos poucos." Ele disse que os débitos existentes com Faissal e Tavito foram contraídos no período de pré-campanha do candidato, quando, segundo ele, uma empresa foi contratada para cuidar das finanças da campanha de Garotinho. "Já pagamos 95% das despesas com essa empresa e ela deveria ter pago a essas pessoas", afirmou o coordenador financeiro. Cardoso não quis revelar o nome da empresa que foi contrata. Disse, em seguida, que não se tratava de uma empresa propriamente dita, mas um "consórcio" e por fim um "grupo de pessoas".


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