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NO AR
O maduro
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Lula tomou de Ciro Gomes
a posição de entrevistado do
dia, saltando da Rede Globo à
rádio Bandeirantes e de volta
depois à Globo.
A cada nova entrevista, "Lula
reforça o tom pragmático", no
dizer da rádio. Nas palavras do
próprio petista, "o PT é um partido maduro".
Falando aos âncoras ultraconservadores das manhãs na Bandeirantes, Salomão Ésper e José
Paulo de Andrade, Lula chegou
a comentar:
- O Maluf diz que amadureci
e que pode votar em mim. Antigamente eu recusaria, hoje não.
Ele entendeu que votar em mim
é a atitude sensata.
E Orestes Quércia? Lula respondeu a Ana Paula Padrão e
Franklin Martins, no Jornal da
Globo:
- O Quércia o tempo inteiro
fez oposição ao governo.
No Globo Rural, o petista foi
além e prometeu "investimentos
pesados" para a "agricultura
empresarial".
Mais algumas entrevistas e ele
ainda elogia a UDR.
Ciro vai na direção oposta.
Quer mostrar que é de esquerda,
ele que acredita -afirmou no
debate- que ACM é um político
de centro-esquerda.
Foi-se então o candidato a
uma universidade em Brasília.
Mas chegou e já foi vaiado, como
relatou a CBN.
Questionado se apóia cotas para negros, foi contra. Afirmou
que "ninguém pode tirar o caráter meritocrático, de entrar
quem tem mérito". Um jovem
negro tentou fazer uma pergunta. Ciro não permitiu:
- Dar o microfone só porque é
negro, isso é demagogia. Só porque é negro, fica com peninha...
Vamos seguir as regras. Discuto
com você depois.
Não queria o diálogo diante
das câmeras. O estudante não
gostou nada do tom de Ciro, da
"peninha", e foi embora.
José Serra demorou semanas
para anunciar seu programa de
governo. E errou não só o dia,
mas até o horário.
No exato momento em que ele
divulgou as propostas, o governo
fechou o acordo com o FMI e
praticamente não se falou mais
de outra coisa, nos telejornais
noturnos. Ou melhor, falou-se,
no Jornal Nacional.
William Bonner, dizendo que
"até agora só Serra e Lula apresentaram programa", iniciou
uma longa cobertura do projeto
-com atenção especial para a
segurança pública e os milhões
de empregos.
Mais tarde, avisou-se, haveria
uma coincidente entrevista ao
Jornal da Globo.
Bonner, vale registrar, fechou o
JN com editorial furioso contra
"o investigador" do caso de Tim
Lopes, questionando de quebra
toda a polícia do Rio. É o poder
em ação.
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