UOL

São Paulo, sexta-feira, 08 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MEMÓRIA

Lula, ministros, governadores, intelectuais e artistas comparecem ao velório; Fidel Castro e Silvio Santos enviam flores

Enterro de Marinho leva autoridades ao Rio

Ricardo Leoni/Agencia O Globo
Sepultamento do jornalista Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, no cemitério São João Baptista, em Botafogo


FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O velório e o enterro do empresário e jornalista Roberto Pisani Marinho atraíram ao Rio o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, além de dois ex-presidentes, José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, seis ministros de Estado, quatro governadores e dezenas de políticos, empresários, artistas e intelectuais.
Em uma cerimônia restrita a cerca de 200 familiares e amigos, o corpo do criador da TV Globo foi enterrado ontem no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio. Marinho morreu anteontem aos 98 anos, em razão de uma embolia pulmonar.
Pelo velório, realizado no salão da casa do empresário no Cosme Velho (zona sul), passaram cerca de 2.000 pessoas, segundo a Central Globo de Comunicação.
Entre elas, os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda), Miro Teixeira (Comunicações), Ciro Gomes (Integração Regional), Benedita da Silva (Promoção Social), Cristovam Buarque (Educação) e Gilberto Gil (Cultura).
Os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho (PSB), de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e os prefeitos de São Paulo, Marta Suplicy (PT), e do Rio, Cesar Maia (PFL), foram cumprimentar a família.

D. Eugenio Sales
O arcebispo emérito do Rio de Janeiro, cardeal d. Eugenio Sales, realizou uma prece no velório, com um pai-nosso acompanhado pelo presidente Lula. O corpo de Marinho, transportado em um carro de reportagem da Rede Globo, foi aplaudido na saída da casa e no caminho até o cemitério.
O caixão do empresário desceu ao mausoléu da família às 15h58, também sob aplausos, sendo colocado ao lado do de seu pai, Irineu Marinho, fundador do jornal "O Globo", morto em 1925.
No cemitério, as palavras de d. Eugenio foram ouvidas apenas pelas pessoas mais próximas ao mausoléu, devido ao barulho provocado por quatro helicópteros que sobrevoavam o local.
Acompanharam o enterro políticos -como os senadores José Sarney (PMDB), Antonio Carlos Magalhães (PFL), Aloizio Mercadante (PT), e Tasso Jereissatti (PSDB)-, e o ex-ministro da Saúde José Serra (PSDB).
ACM, uma indicação de Marinho para o Ministério das Comunicações na gestão Sarney (1985-1990), era o mais emotivo. Cumprimentou os filhos de Marinho com beijos no rosto e abraçou demoradamente a viúva. Deixou o velório com os olhos marejados.
Também compareceram ao velório ou ao enterro empresários de comunicação -como Roberto Civita (Editora Abril), Francisco de Mesquita Neto (grupo Estado de S.Paulo), Jaime Sirotsky (grupo RBS e presidente da Associação Mundial de Jornais) e José Antonio do Nascimento Brito ("Jornal do Brasil").

Flores de Fidel
Foram recebidas mais de 400 coroas de flores, uma delas enviada pelo empresário Silvio Santos, dono do SBT, e outra em nome do ditador cubano, Fidel Castro.
Estiveram presentes ainda empresários como Lázaro Brandão, do Bradesco, Pedro Moreira Salles, do Unibanco, Carlos Alberto Vieira, do Safra, e Antônio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim. Além deles, foram ao cemitério intelectuais e artistas, como o arquiteto Oscar Niemeyer e o novelista Gilberto Braga.
A viúva Lily de Carvalho Marinho passou toda a cerimônia do velório sentada ao lado do caixão do marido. No enterro, foi amparada pelos enteados José Roberto, João Roberto e Roberto Irineu Marinho, filhos do empresário com a primeira de suas três mulheres, Stella de Campos Goulart.
Seguranças da Rede Globo e uma cerca metálica móvel colocada numa área de aproximadamente 1.000 m2 restringiram o enterro a convidados. O esquema de segurança no cemitério envolveu 156 policiais militares, 30 guardas civis e cerca de 50 seguranças das Organizações Globo.
Cerca de cem jornalistas, inclusive estrangeiros, foram credenciados para acompanhar o velório e o enterro. Os jornalistas das Organizações Globo foram os únicos com acesso à área dos convidados próxima ao mausoléu.
A Rede Globo teria orientado seus profissionais envolvidos na cobertura a vestir preto, segundo relataram alguns deles. A emissora negou essa informação.
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, comunicou à família do empresário que pretende rebatizar de avenida Roberto Marinho a atual avenida Água Espraiada, construída pelo ex-prefeito Paulo Maluf, na zona sul da cidade.
O prefeito do Rio, Cesar Maia, anunciou que dará o nome de Roberto Marinho à Casa da Música, um conjunto de salas para apresentações na Barra da Tijuca.
No fim do dia, os três filhos de Roberto Marinho -Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho- divulgaram nota de agradecimento às "manifestações de respeito, carinho e admiração do povo brasileiro pela figura" do pai.
"Essas manifestações reforçaram a convicção de que a morte de Roberto Marinho só aumenta a nossa responsabilidade porque deixam claro que o povo brasileiro reconhece, espontaneamente, não somente a relevância de nosso pai para a vida do país, mas principalmente a sua obra", diz a nota dos três filhos.


Texto Anterior: Caso Lunus: Roseana quer indenização por danos morais
Próximo Texto: Funeral eleva tráfego de aviões para a cidade
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.