DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo estuda mudar os cartões magnéticos usados no pagamento da Bolsa-Família para incluir neles, com destaque, a marca Fome Zero. Trata-se de uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo contou o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).
"É importante reconceituar isso porque, com muita freqüência, há referências pouco razoáveis ao Fome Zero", defendeu o ministro. Entre essas referências estaria o fato de que o Fome Zero, da forma como foi concebido durante a campanha eleitoral, acabou. Na prática, virou apenas uma marca.
O cartão deverá ser usado até o final do próximo ano por 8,7 milhões de famílias consideradas pobres, mais do que o dobro do número atual de beneficiários do Bolsa-Família. Em 2006, ano da sucessão de Lula, o programa deverá alcançar 11,2 milhões de famílias. Esse é o número de famílias pobres indicado pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2002.
O cartão do Bolsa-Família já contém a marca oficial do governo federal, "Brasil, um país de todos", escrito em letras coloridas.
Para Patrus, a inscrição do Fome Zero deverá ter, pelo menos, o mesmo tamanho desse logotipo. "O tamanho vai depender de uma questão estética." A mudança dependerá do gasto com a operação. Cada cartão custa R$ 1,12.
"O Fome Zero não pode ser visto como programa de governo, temos de despartidarizar a questão da fome, resgatar a convocação que o presidente fez", comentou o ministro do Desenvolvimento Social ao reagir antecipadamente à provável interpretação de uso político do programa. O Fome Zero está identificado desde a época da campanha eleitoral com a figura do presidente.
Em julho, Lula havia dito que era necessário buscar um carro-chefe para a ação social do governo, um programa que concentrasse esforços -a função inicial do Fome Zero. (MARTA SALOMON E LUCIANA CONSTANTINO)


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