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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT NO DIVÃ
Resolução, aprovada pelo Diretório Nacional do partido, não pune renúncia e não prevê afastamento de possíveis envolvidos em escândalo
Dirceu endossa texto sobre futuro do PT
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO
A resolução aprovada pelo PT
no sábado, menos autocrítica em
relação ao papel do próprio partido na crise política e responsabilizando parte da imprensa e setores
da direita pela conturbação do cenário, passou pelo crivo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Segundo a Folha apurou, a redação do documento, que define
a posição oficial da legenda sobre
a situação atual e futura do partido, teve influência do presidente
da legenda, Tarso Genro, de Marco Aurélio Garcia, assessor de política externa da Presidência, e de
Aloizio Mercadante, líder do governo no Senado, que contribuiu
na concepção das teses econômicas do texto final.
Antes de ser apresentada para
votação, a resolução foi endossada por José Dirceu, que foi presidente do PT e é um dos principais
nomes do Campo Majoritário,
tendência dominante do partido.
O teor do texto desagradou à esquerda petista, que esperava uma
posição mais crítica com relação
aos erros e mais dura quanto a
punição a possíveis crimes cometidos pelo partido.
Além disso, essa ala pedia a suspensão das atividades partidárias
dos parlamentares envolvidos no
escândalo do "mensalão", o que
não foi aceito.
O texto aprovado pela maioria
(29 de 56 votos) chama mais atenção pelo que falta nele do que pelo
que contém. A resolução não faz
nenhuma menção a crimes eleitorais praticados pelo partido.
A prática do chamado "caixa
dois" foi admitido pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares, que teve sua
filiação partidária suspensa no sábado, como sendo um aporte de
"recursos não contabilizados".
Desde então, membros do partido vêm tentando justificar a
contração de empréstimos avalizados pelo publicitário Marcos
Valério de Souza ao PT e saques
feitos das contas de suas empresas, como retiradas "não contabilizadas" para pagar custos e dívidas de campanha eleitoral.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva justificou de maneira implícita o caixa dois confessado pelo ex-tesoureiro de seu
partido ao dizer, "que o PT fez do
ponto de vista eleitoral o que é feito no Brasil sistematicamente".
A proposta apresentada pelo
bloco de esquerda, rejeitada no
votação, condenava o argumento
de tratar crimes eleitorais, mais
brandos, como "informalidades
de campanha" e atacava a justificativa de que são "práticas correntes em todos os partidos".
Ao mesmo tempo em que critica a "blindagem" da economia, o
texto aprovado elogia os resultados econômicos obtidos pelo governo Lula. A crítica, no entanto,
foi mais discreta que os elogios.
O partido, no texto, decidiu posicionar-se contra a tese da estabilidade pela via do aumento do superávit primário, que, segundo
diz a resolução, gera "maiores restrições orçamentárias".
O documento pede também
mais agilidade na execução orçamentária (liberação dos recursos
previstos no Orçamento). Por outro lado, elogia o governo Lula,
que "fez o Brasil voltar a crescer
após anos de estagnação, criou
mais de três milhões de empregos
formais". O texto também cita como conquistas os recordes de exportação e a "reversão da fragilidade das contas públicas".
Outro tema que não consta na
resolução aprovada, considerada
"genérica demais" pelo deputado
Ivan Valente (SP) e "morna" pelo
deputado Chico Alencar (RJ) a
possibilidade de "punição", com
perda de legenda, a deputados petistas que renunciarem ao mandato para escapar de uma eventual cassação. A "punição" com
perda da legenda foi defendida na
proposta do bloco de esquerda.
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