DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Correios irá hoje ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para tentar acelerar as investigações envolvendo, respectivamente, as remessas ilegais de dinheiro ao exterior dentro do esquema do suposto "mensalão" e os sigilos telefônicos já disponibilizados.
Além disso, os deputados e sub-relatores Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) irão pedir ajuda ao Banco Central para fechar os dados de movimentação financeira da contas da SMPB, já que os bancos Rural e do Brasil não forneceram, em vários casos, a identificação dos beneficiários.
Com isso, esperam colher subsídios antes de ouvir novamente o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza na CPI dos Correios -ele irá depor na CPI do Mensalão amanhã e promete comprovar e detalhar os saques e empréstimos ligados ao PT. Segundo o próprio publicitário, em entrevista a uma rádio anteontem, o seu depoimento anterior havia sido prestado antes de o PT lhe informar que havia recorrido aos empréstimos para pagar dívidas de campanha, num esquema de caixa dois eleitoral.
"Ainda não temos fechado o total da movimentação e a origem e o destino das contas de Marcos Valério", disse Fruet. "Ainda nem podemos confirmar se foram realmente seis empréstimos num total de R$ 55 milhões para o PT, como ele alega."
Informações divulgadas anteontem pela revista "IstoÉ" indicavam que os empréstimos poderiam ter atingido R$ 184,5 milhões só no governo Lula. Valério desmentiu essa versão.

Prova robusta
Fruet e Sampaio avaliam que a tese de caixa dois apresentada pelo PT para explicar os saques nas contas de Valério não se sustenta. "Deve ter caixa dois, mas não dá para transformar tudo em caixa dois. A periodicidade dos saques é inegavelmente um indício, talvez até uma prova robusta da existência do mensalão", disse Sampaio.
Além de Marcos Valério, será ouvido nas CPIs do Mensalão e dos Correios seu sócio na SMPB, Cristiano Paz. Seu advogado, Marcelo Leonardo, disse que ele irá refutar o depoimento do policial civil Davi Rodrigues, que disse à CPI dos Correios que Paz recebeu recursos dos saques. Alguns parlamentares suspeitam que Paz era cúmplice de Marcos Valério num suposto esquema de tráfico de influência e corrupção.
Outro depoimento aguardado é o de Zilmar Silveira. Sócia do publicitário Duda Mendonça, ela é apontada por Valério como beneficiária de R$ 15,5 milhões. Ela e Duda devem ser ouvidos nesta semana também pela Polícia Federal.
O depoimento terá forte carga política, já que a CPI deve analisar se as verbas recebidas no primeiro semestre de 2003 são lícitas e se têm ligação com a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, que teve Duda como publicitário.
"Vamos investigar tudo. Chegou num ponto que não tem volta. Ter cautela dá a impressão de acordo", avaliou Fruet.

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