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Exército protesta contra revisão de Anistia e ataca "terroristas"
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Em meio à polêmica de rediscussão da Lei da Anistia para
permitir punição a acusados de
tortura, o Comando Militar do
Leste -cujas tropas abrangem
os Estados do Rio, Minas Gerais e Espírito Santo- divulgou
mensagem de solidariedade
aos militares que se opuseram a
"agitadores e terroristas de armas na mão".
O CML colocou em destaque
na sua página oficial na internet -sob o brasão do Exército
Brasileiro- texto datado de
1983 e atribuído ao general-de-Exército Walter Pires de Carvalho e Albuquerque, ministro
do Exército no governo João
Figueiredo (1979-1985, período
em que foi feita a Lei da Anistia). "Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora
da agressão e da adversidade,
cumpriram o duro dever de se
oporem a agitadores e terroristas de armas na mão, para que a
nação não fosse levada à anarquia", diz a frase destacada.
O CML é comandado pelo general-de-Exército Luiz Cesário
Silveira Filho, integrante do Alto Comando da Força.
Trata-se da primeira resposta do oficialato da ativa à proposta do ministro da Justiça,
Tarso Genro, que defende a revisão da Lei de Anistia (1979)
para quem praticou tortura no
Regime Militar (1964-1985).
Ontem, Cesário e o diretor de
Ensino do Exército, Paulo César de Castro (também do Alto
Comando), foram à sessão de
palestras no Clube Militar, em
que militares da reserva atacaram a revisão da Lei da Anistia
e o governo federal.
O evento ocorreu sob protesto de representantes do Grupo
Tortura Nunca Mais de Goiás e
da União Nacional dos Estudantes (UNE), em frente ao
Clube Militar. Houve bate-boca entre manifestantes, militares, simpatizantes e até o deputado federal Jair Bolsonaro
(PP-RJ). "O grande erro foi ter
torturado e não matado", disse.
Sob os gritos de "assassino" e
"torturador", Bolsonaro dizia:
"Fodam-se!"
Filho de coronel e aspirante
de Cavalaria da turma de 1964,
o comandante do CML já tinha
sido porta-voz informal do Alto
Comando em outra reunião no
Clube Militar, após a concessão
da patente de coronel ao guerrilheiro da Vanguarda Popular
Revolucionária Carlos Lamarca, que desertou em 1969.
Estava presente o coronel
Carlos Alberto Brilhante Ustra,
alvo de ação civil pública do Ministério Público Federal, sob a
acusação de tortura, assassinatos e desaparecimentos.
Em palestra, o general da reserva Sérgio Coutinho primeiro afirmou que não citaria, "por
fidelidade à Lei de Anistia", nomes dos "terroristas que ensangüentaram nosso país", mas
acabou, ao fim, lendo as fichas
dos arquivos do Exército atribuindo crimes aos ministros
Tarso Genro e Paulo Vanucchi
(Direitos Humanos).
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