São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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GOVERNO

Em discurso, presidente diz que oposição não se faz só com emoção e critica menção de petista à crise da universidade

FHC ataca "bravata" de Ciro e ironiza Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou cerimônia de premiação de estudantes, ontem no Palácio da Alvorada, para criticar a oposição.
Falando sobre a importância da palavra -os estudantes haviam vencido um concurso de frases-, FHC disse que "o importante não é falar demais, não é gritar, não é fazer cara feia, não é falar com braveza, nem com bravata".
Em sua campanha, o candidato do governo à Presidência, José Serra (PSDB-PMDB), tem tentado mostrar o candidato Ciro Gomes (Frente Trabalhista) como sendo destemperado, de pavio curto e mentiroso.
Ontem, o presidente FHC disse que "na democracia o que vale é o argumento, não é a força". De acordo com o presidente, "é preciso também, quando for o caso, fazer oposição, mas argumentando, dando as razões, e não simplesmente na emoção".
A campanha que mais tem usado o apelo à emoção no horário gratuito na TV é a de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Seu marqueteiro, Duda Mendonça, defende abertamente a utilização dessa estratégia.
Prosseguindo nas críticas, Fernando Henrique Cardoso disse que "não adianta gritar, não adianta fazer demagogia, não adianta usar palavras para enganar. Tem que trabalhar, trabalhar silenciosa e persistentemente".
Ainda de acordo com o presidente, "é preciso convencer de que a nossa idéia é melhor. E convencer quer dizer, etimologicamente, vencer junto. Só se vence mesmo quando se vence junto. Vencer sozinho leva, provavelmente, a desilusão mais adiante".

Universidade
O presidente voltou a atingir Lula momentos depois. "Ouço às vezes dizer "ah, a universidade está sucateada". Eu acho que essa gente nunca foi a uma universidade. Alguns não foram mesmo, nunca foram à universidade", disse o presidente.
Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT, não cursou universidade -tem curso técnico de torneiro mecânico. Na última quarta-feira, Lula esteve na UnB (Universidade de Brasília) e disse que o Brasil precisaria de "uma pessoa que não tem diploma para consertar a universidade brasileira".
Ainda ontem, em visita a Uberaba (MG), Lula respondeu a FHC, afirmando que o presidente está "magoado" com suas críticas ao ensino público.
O candidato afirmou também não considerar preconceituosas as declarações de FHC. "Acho que não é preconceito, porque quem estuda tanto não pode ter preconceito. Parto do pressuposto de que o preconceito deve estar nas pessoas que não têm nenhuma formação. Ele [FHC] estudou muito e não deve ter preconceito", declarou o petista.
Lula voltou a afirmar que não precisa de um diploma universitário para governar o país. "Não basta ter um diploma para conhecer as universidades. É preciso ter uma estratégia de nação, de desenvolvimento de país", disse.


Colaborou ROGÉRIO PAGNAN, enviado especial a Uberaba (MG)

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