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Renata Lo Prete
A lenda do Petezinho
PRIMEIRO, CAIU por
terra a profecia de
que Lula chegaria à
eleição enfraquecido demais para conseguir o segundo mandato. Agora,
vai se desfazendo a idéia
de que, mesmo com a vitória do presidente, seu partido encolheria substancialmente na Câmara.
No auge da crise, não era
raro encontrar, na oposição mas também no governo, quem projetasse
para o PT uma bancada na
casa dos 50 deputados
-são 81 dos 513 hoje.
Com algum viés de alta,
as previsões desalentadoras sobreviveram por meses à recuperação de Lula.
Hoje, porém, pesquisas
para consumo interno de
diferentes partidos, associadas ao olhar experiente
de quem toca a eleição nos
Estados, desenham um
cenário em que o PT chega
perto de repetir sua atual
representação na Casa.
À diferença de 2002,
não será a maior bancada
-troféu reservado ao
PMDB. Mas o segundo lugar, somado à perspectiva
de continuidade na Presidência da República, estará de bom tamanho para
manter o PT no jogo.
Tome-se o caso de São
Paulo, onde a chapa petista inclui alguns dos mais
famosos mensaleiros. O
desenrolar da campanha
indica que o destino dos
candidatos está menos relacionado ao envolvimento -ou, no outro extremo,
a um "nada consta"- nos
escândalos de 2005 do que
à máquina a sustentá-los.
Carente nesse quesito,
José Mentor caminha para provável derrota. Amparado na Prefeitura de
Osasco, João Paulo Cunha
tem boas chances de se
reeleger. Nomes como José Genoino e Luiz Eduardo Greenhalgh, no passado alimentados pelo chamado "voto de opinião",
estão no páreo, mas com
muito mais dificuldades
do que os novatos Janete
Pietá, mulher do prefeito
de Guarulhos, e Jilmar
Tatto, cuja família comanda o voto na periferia sul
paulistana com eficiência
de fazer inveja aos coronéis do Nordeste.
Sai um, entra outro, o
PT-SP avalia que a nova
bancada tende a igualar a
atual em tamanho (17).
Em vários Estados, candidatos oposicionistas à
Câmara sentem na pele a
concorrência de petistas
que, com ou sem estrela
vermelha na propaganda
de Lula, gozam das facilidades de quem está instalado no poder federal.
Há exceções. O PT deve
experimentar perda significativa nas bancadas do
Rio Grande do Sul e de Minas, mas ela será compensada, em boa medida, pelo
aumento no número de
deputados eleitos pela sigla nas regiões Norte e
principalmente Nordeste.
A mudança a esperar é
de perfil. Alguma redução
no cômputo geral de Sul e
Sudeste. Crescimento nos
grotões. Menos "voto de
opinião" -de resto mingüante também nos outros partidos. Mais voto
"de resultados".
Enquanto Genoino rala
por uma vaga na bancada
paulista, seu irmão José
Nobre Guimarães, o chefe
do "homem-cueca", deve
ser o petista campeão de
votos no Ceará.
RENATA LO PRETE é editora do Painel
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