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Desfile em Brasília isola Lula do público; Renan não aparece
Esquema de segurança na Esplanada foi mais rigoroso para evitar eventuais protestos; 30 mil foram ao evento, que custou R$ 2,5 mi
Mesmo sem ir à cerimônia, presidente do Senado, que enfrenta votação na quarta, foi tema de conversas entre ministros e parlamentares
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DA FOLHA ONLINE
Sem a presença do presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), o desfile de Sete
de Setembro, ontem, na Esplanada dos Ministérios, foi marcado pelo esquema de segurança mais rigoroso desde que Luiz
Inácio Lula da Silva assumiu a
Presidência, em 2003. Lula ficou ainda mais isolado do contato com o público para evitar
eventuais vaias e protestos.
Renan enfrentará a votação
do seu processo de cassação na
quarta-feira no plenário do Senado. Mesmo ausente, ele foi
tema de conversas entre ministros e parlamentares. Foram ao
evento 15 dos 35 ministros.
"Ele [Renan] deve ter decidido não vir pela circunstância.
Deve ter feito uma avaliação,
pode estar descansando ou trabalhando junto aos senadores",
disse o presidente da Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT-SP).
"Ele não veio porque não quis",
desconversou Tarso Genro
(Justiça). Segundo aliados, Renan não foi ao evento para evitar o desgaste de eventualmente ser hostilizado no desfile.
Arquibancadas próximas à
tribuna de autoridades foram
ocupadas por convidados do
Planalto. Grades deixaram o
público do lado oposto da pista
do desfile. Lula foi aplaudido
por uma claque de convidados
ao chegar às 8h59 no Rolls Royce presidencial.
O aumento do aparato de segurança no desfile do Dia da Independência vem desde 2005,
ano do mensalão e no qual o
presidente viu, no evento, manifestantes pedirem o seu impeachment. Neste ano, havia
grades numa extensão de 9.500
metros. Em 2006, as grades somaram 7.500 metros.
Segundo a Polícia Militar, 30
mil pessoas acompanharam o
desfile em Brasília -os organizadores esperavam 45 mil.
O custo do desfile subiu 41%
neste ano na comparação com
2006. A justificativas foram a
ampliação das grades de segurança e a instalação de 30 banheiros químicos a mais. Segundo a Secom, o evento custou R$ 2,5 milhões contra
R$ 1,4 milhão do ano passado.
Tranqüilo
A manhã foi tranqüila. A PM
registrou apenas dois furtos. O
esquema de segurança mobilizou 1.930 policiais militares.
Poucos manifestantes fizeram gestos obscenos e ensaiaram vaiar Lula, mas o presidente não chegou a vê-los ou escutá-los. As únicas faixas que Lula
enxergou na Esplanada foram
as dos ex-jogadores de vôlei
Maurício e Carlão, que faziam
campanha para que o Brasil seja escolhido sede da Copa de
2014 e das Olimpíadas de 2016.
Dos poucos protestos, havia
o do bancário Ademir Damasceno Simões, 49, que carregava
a placa "Fora Renan. Fora
Mensaleiros. Vergonha da Nação brasileira. Ass: o povo".
Além disso, representantes
do PT coletaram assinaturas
para a realização de um plebiscito sobre a reestatização da
companhia Vale do Rio Doce,
proposta que Lula rechaça.
O engenheiro Ayrton Ussami, 49, reclamou da falta de arquibancadas. Ele, a mulher,
grávida, e a filha de 5 anos chegaram à Esplanada às 9h, mas
não conseguiram sentar. "Deveria haver mais espaço para as
pessoas, pelo menos uma cobertura. Para sentar, tem que
chegar muito cedo", disse. A reclamação era a mesma da policial Rubiane Bezerra. Sua filha
Ana Júlia, 5, chorava por não
conseguir ver nada além dos
aviões da esquadrilha da fumaça que faziam acrobacias. "As
arquibancadas não comportam
o público que vem assistir. É
uma pena, Brasília tem tanto
espaço, poderia ser mais bem
aproveitado."
(SILVIO NAVARRO, KENNEDY ALENCAR, IURI DANTAS e LORENNA RODRIGUES)
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