São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2007

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Desfile em Brasília isola Lula do público; Renan não aparece

Esquema de segurança na Esplanada foi mais rigoroso para evitar eventuais protestos; 30 mil foram ao evento, que custou R$ 2,5 mi

Mesmo sem ir à cerimônia, presidente do Senado, que enfrenta votação na quarta, foi tema de conversas entre ministros e parlamentares

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DA FOLHA ONLINE

Sem a presença do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o desfile de Sete de Setembro, ontem, na Esplanada dos Ministérios, foi marcado pelo esquema de segurança mais rigoroso desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência, em 2003. Lula ficou ainda mais isolado do contato com o público para evitar eventuais vaias e protestos.
Renan enfrentará a votação do seu processo de cassação na quarta-feira no plenário do Senado. Mesmo ausente, ele foi tema de conversas entre ministros e parlamentares. Foram ao evento 15 dos 35 ministros.
"Ele [Renan] deve ter decidido não vir pela circunstância. Deve ter feito uma avaliação, pode estar descansando ou trabalhando junto aos senadores", disse o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). "Ele não veio porque não quis", desconversou Tarso Genro (Justiça). Segundo aliados, Renan não foi ao evento para evitar o desgaste de eventualmente ser hostilizado no desfile.
Arquibancadas próximas à tribuna de autoridades foram ocupadas por convidados do Planalto. Grades deixaram o público do lado oposto da pista do desfile. Lula foi aplaudido por uma claque de convidados ao chegar às 8h59 no Rolls Royce presidencial.
O aumento do aparato de segurança no desfile do Dia da Independência vem desde 2005, ano do mensalão e no qual o presidente viu, no evento, manifestantes pedirem o seu impeachment. Neste ano, havia grades numa extensão de 9.500 metros. Em 2006, as grades somaram 7.500 metros.
Segundo a Polícia Militar, 30 mil pessoas acompanharam o desfile em Brasília -os organizadores esperavam 45 mil.
O custo do desfile subiu 41% neste ano na comparação com 2006. A justificativas foram a ampliação das grades de segurança e a instalação de 30 banheiros químicos a mais. Segundo a Secom, o evento custou R$ 2,5 milhões contra R$ 1,4 milhão do ano passado.

Tranqüilo
A manhã foi tranqüila. A PM registrou apenas dois furtos. O esquema de segurança mobilizou 1.930 policiais militares.
Poucos manifestantes fizeram gestos obscenos e ensaiaram vaiar Lula, mas o presidente não chegou a vê-los ou escutá-los. As únicas faixas que Lula enxergou na Esplanada foram as dos ex-jogadores de vôlei Maurício e Carlão, que faziam campanha para que o Brasil seja escolhido sede da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
Dos poucos protestos, havia o do bancário Ademir Damasceno Simões, 49, que carregava a placa "Fora Renan. Fora Mensaleiros. Vergonha da Nação brasileira. Ass: o povo".
Além disso, representantes do PT coletaram assinaturas para a realização de um plebiscito sobre a reestatização da companhia Vale do Rio Doce, proposta que Lula rechaça.
O engenheiro Ayrton Ussami, 49, reclamou da falta de arquibancadas. Ele, a mulher, grávida, e a filha de 5 anos chegaram à Esplanada às 9h, mas não conseguiram sentar. "Deveria haver mais espaço para as pessoas, pelo menos uma cobertura. Para sentar, tem que chegar muito cedo", disse. A reclamação era a mesma da policial Rubiane Bezerra. Sua filha Ana Júlia, 5, chorava por não conseguir ver nada além dos aviões da esquadrilha da fumaça que faziam acrobacias. "As arquibancadas não comportam o público que vem assistir. É uma pena, Brasília tem tanto espaço, poderia ser mais bem aproveitado." (SILVIO NAVARRO, KENNEDY ALENCAR, IURI DANTAS e LORENNA RODRIGUES)

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