São Paulo, domingo, 08 de outubro de 2000

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PAINEL

Sem medo de ser feliz
O consenso formado em torno de Marta nos últimos dias gerou um subproduto nocivo para o PT: militantes e quadros do partido só querem saber de discutir a composição e as medidas inicias de governo, dando como certa a vitória quando o segundo turno ainda mal começou.

Nas nuvens
O clima de vitória antecipada é o que mais preocupa o comando da campanha de Marta, que pretende chamar o partido de volta à realidade. "Ninguém acredita que a eleição ainda não está ganha e isso é um grande risco", diz um petista escaldado.

FHC, 85
De um tucano, sobre Marta e o segundo turno paulistano: "Há um clima de já ganhou no ar. O PT esquece de que Paulo Maluf é um profissional da mesma linhagem de Jânio Quadros".

O enfeite do bolo
A adesão maciça à candidatura de Marta provocou uma reação irônica no malufismo, cada vez mais isolado. "Agora só falta o Collor declarar seu apoio à petista", diz um aliado de Maluf.

Musa do PIB
Ao chegar à festa de casamento da filha de Michel Temer, na sexta, Horácio Lafer Piva encontrou Marta, que estava de saída. Nunca um presidente da Fiesp foi tão efusivo ao cumprimentar um candidato do PT. Pois é.

Disfarça e foge
Criados no malufismo, deputados notórios como Nelo Rodolfo e Zé Índio, hoje no PMDB, funcionaram como termômetro do prestígio atual de Maluf. Evitaram como puderam o contato com o ex-líder na festa de casamento da filha de Michel Temer.

Túnel do tempo
Ironia da história: o casamento da filha de Temer, a primeira grande festa do mundo político que evidenciou o consenso em torno da candidatura de Marta, se realizou no restaurante O Leopolldo, maior símbolo da era Collor em São Paulo.

Lição da raposa
Pensando em 2002, Temer trabalha para tomar o controle do PMDB paulista das mãos de Quércia. Mas largou mais uma vez atrasado. O velho cacique, que impôs a candidatura Tuma ao partido, se antecipou de novo na declaração de apoio a Marta.

Latão olímpico
Atletas da delegação brasileira que conquistaram medalhas em Sydney estão magoados com FHC. Em 96, quando o país bateu o recorde de premiações e arrematou três ouros, o presidente recebeu os campeões no Planalto, vinculando sua imagem ao êxito. Agora, diante da frustração, nada de festa.
Sangue espanhol
Gerou revolta silenciosa no baixo clero do PSDB paulista a atitude de Mário Covas, que disse estar "proibida" qualquer manifestação de membros do partido de apoio a Maluf. Alguns tucaninhos viram no gesto um exemplo típico de tirania.
Sonho dourado
O apoio do PSDB a Marta em São Paulo repercutiu em Brasília na forma de delírio. Há, no Congresso, quem já sustente que a parceria com o PT pode ser reeditada para levar Aécio Neves (MG) à presidência da Câmara.
Competência provada
No programa de governo que consta de seu site na internet, Maluf anuncia que vai criar um pólo turístico na zona leste, com a remodelação da represa do Guarapiranga. Essa certamente não será uma obra de Maluf. A represa fica na zona sul.
Escola do pai
Roseana Sarney (MA) mantém sua candidatura presidencial para não fechar uma porta, mas só entra como vice na chapa de um candidato com muita, mas muita chance. Resumo da ópera: deve disputar o Senado.
Pesquisa eleitoral
O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, é um dos entrevistados de Boris Casoy no programa "Passando a Limpo", que a Record exibe a partir das 22h30.


TIROTEIO

De Teotonio Vilela Filho, presidente do PSDB, sobre o apoio dos tucanos à candidatura de Marta Suplicy em São Paulo:
- Era um imperativo ético. Neutralidade fica para o PFL.


CONTRAPONTO
Enfim, o responsável

Braços erguidos, Celso Pitta deixou a cerimônia de posse em janeiro de 97 ao som da "Canção da América", de Milton Nascimento e Fernando Brant:
- ...qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar...
Ao seu lado, Maluf não escondia seu orgulho. O afilhado assumia após uma vitória folgada.
Quatro anos depois, tudo mudou. Pitta tornou-se a pedra no sapato de Maluf. Cobrado em todos os lugares aonde vai, o ex-prefeito acabou acumulando uma dezena de justificativas.
Cutucado por um empresário durante uma palestra na Fiesp, Maluf foi além das expectativas:
- A culpa não é minha. É do Piva (Horácio Lafer Piva, presidente da Fiesp).
E concluiu, provocando gargalhadas na platéia:
- Convidei o Piva para ser meu secretário do Planejamento. Se tivesse aceitado, ele seria o prefeito. A culpa é dele!


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