São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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Na TV, petista deve elevar tom de crítica ao governo

KENNEDY ALENCAR
EM SÃO PAULO

A campanha presidencial do PT no horário eleitoral gratuito de rádio e TV neste segundo turno deverá elevar o tom das críticas em relação ao governo e tentará mostrar que Luiz Inácio Lula da Silva terá maior articulação política do que José Serra (PSDB) para fazer cinco reformas prioritárias. Pela ordem: tributária, trabalhista, agrária, previdenciária e política.
Segundo a Folha apurou, o presidente Fernando Henrique Cardoso deverá ser poupado pessoalmente, pois até o momento Lula julga "impecável" o comportamento dele na eleição em relação aos adversários. Mas, se FHC entrar de forma dura na campanha de Serra, avalizando ataques duros, deverá haver revide.
Para tentar vender a idéia de que terá maior apoio no Congresso do que Serra, o PT espera que o partido tenha obtido uma bancada federal maior do que as dos tucanos. E o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), com autorização de Lula, tentará articular alianças com outros partidos para tentar chegar a um número próximo de 300 deputados federais, que dariam suporte a um eventual governo.
Na conta, entra a bancada do PT, que deverá ter entre 80 e 90 deputados, mais a do PMDB, que deverá ter mais ou menos mesmo tamanho. Um contingente com 120 ou 140 deputados viria de partidos de oposição, como PDT, PSB e PPS, que se uniriam a dissidentes de legendas que hoje dão sustentação a FHC, como o próprio PSDB e PPB, PFL e PTB. Os dissidentes poderiam se abrigar em siglas aliadas, como o PL, que indicou o vice José Alencar.

Vacina
Ao se vender com maior capacidade de articulação, Lula tentará se vacinar contra ataques do tucano à sua capacidade de pôr em prática as propostas do PT.
As diretrizes do programa de TV nesse começo de segundo turno foram definidas ontem em reunião da cúpula petista com o publicitário Duda Mendonça.
O PT acredita que, ao apresentar Lula como negociador, poderá continuar a carimbar Serra como desagregador. Daí cair como uma luva o apoio de Ciro Gomes (PPS), que terminou a eleição fazendo um discurso de que foi destruído por Serra e o PSDB.
Ao elencar suas cinco prioridades, numa espécie de marca parecida com a dos cinco dedos de FHC em 1994, o PT pretende dizer que o governo falhou ao tentar implementar os grandes acordos e que Lula não falhará.
A três primeiras reformas propostas (tributária, trabalhista e agrária), se realizadas, dirá o programa de TV do presidenciável petista, ajudariam a gerar empregos mais rapidamente. No roteiro do PT, a reforma previdenciária será feita respeitando direitos adquiridos e como forma de dar equilíbrio fiscal ao Estado. A reforma política teria três pontos principais: fidelidade partidária, financiamento público de campanhas e voto distrital misto.


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