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ARTICULAÇÕES
Lula tem palanques fortes em 20 Estados; Serra está acertado em 15, mas pode crescer com novos apoios
Candidatos definem alianças nos Estados
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A campanha para o segundo
turno será curta, de menos de três
semanas, mas os dois candidatos
a presidente estão rapidamente
montando seus palanques nos Estados. Por ter sido o vencedor da
primeira rodada de votação, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) já tem
certos palanques fortes em 20 unidades da Federação.
Seu adversário, José Serra
(PSDB) está com acertos em 15
Estados, mas deve avançar mais
até o dia 27, quando será escolhido o próximo presidente. Por
"palanques" entenda-se uma
aliança com políticos locais influentes que possam tocar a campanha e fazer o papel de infantaria
no segundo turno. Os candidatos
não terão condições de visitar todos os Estados até o dia 27. Dependem da ajuda de aliados para
dar retaguarda ao que for apresentado nas propagandas de TV.
"Agora o pessoal vai precisar de
nós tanto quanto nós precisamos
deles. A situação é completamente diferente do que era há uns 15
dias. Entraremos na campanha
com outra musculatura", define o
embaixador brasileiro em Roma,
Andrea Matarazzo, que pediu licença do posto para ajudar aqui
no Brasil a campanha de Serra.
O que Matarazzo que dizer é
que candidatos a governos estaduais que antes ficavam envergonhados de ajudar Serra no primeiro turno terão de se comportar de maneira diferente nesta nova fase da eleição. Não porque tenham se convertido ao serrismo,
mas por conveniência política.
Tome-se o caso de São Paulo,
onde o governador Geraldo Alckmin (PSDB) teve uma campanha
durante meses quase divorciada
da de José Serra. Agora, como
Alckmin disputará o segundo turno justamente contra José Genoino, do PT, terá facilidade em ficar
ao lado de José Serra para se contrapor ao adversário local.
O mesmo se dá do outro lado da
trincheira, embora Lula não tenha
enfrentado problemas dessa ordem no primeiro turno. Ocorre
que agora fica ainda mais fácil para alguns aliados locais do petista
fazerem campanha à vontade.
Aloizio Mercadante, senador
petista eleito por São Paulo, diz
que "o recado das urnas foi claramente de mudança". Para ele, "dificilmente Lula deixará de herdar
dos candidatos presidenciáveis
que ficaram de fora do segundo
turno os quatro pontos percentuais que faltam para a vitória".
Lula venceu as eleições em 23
Estados e no Distrito Federal. Perdeu apenas no Rio de Janeiro para
Anthony Garotinho (PSB), no
Ceará para Ciro Gomes (PPS) e
em Alagoas para José Serra.
O que pode dar errado para o
PT? "Só algo imponderável poderia atrapalhar. Como é imponderável, é imprevisível. Mas não
acho que algo possa atrapalhar
agora", responde Mercadante
-dono da maior votação individual para o Senado em todo o
país, com 10,4 milhões de votos.
Os 20 locais onde há palanques
estruturados de Lula são os seguintes: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão,
Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba,
Paraná, Piauí, Rio Grande do
Norte, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, São Paulo e Sergipe.
Juntas, essas unidades da Federação abrigam 85,8 milhões de eleitores (74,4% do país).
Já Serra tem seguramente palanques em Alagoas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul, Rondônia,
Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins -73,4 milhões de
eleitores, ou 63,7% do total.
O PSDB e o PT se enfrentam diretamente em quatro segundos
turnos: Ceará, Mato Grosso do
Sul, Pará e São Paulo. Mas os tucanos estão em apenas seis disputas
de segundo turno, contra oito do
PT. Os partidos de Lula e de Serra
já garantiram vitória em dois Estados cada no primeiro turno.
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