São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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ARTICULAÇÕES

Lula tem palanques fortes em 20 Estados; Serra está acertado em 15, mas pode crescer com novos apoios

Candidatos definem alianças nos Estados

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A campanha para o segundo turno será curta, de menos de três semanas, mas os dois candidatos a presidente estão rapidamente montando seus palanques nos Estados. Por ter sido o vencedor da primeira rodada de votação, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já tem certos palanques fortes em 20 unidades da Federação.
Seu adversário, José Serra (PSDB) está com acertos em 15 Estados, mas deve avançar mais até o dia 27, quando será escolhido o próximo presidente. Por "palanques" entenda-se uma aliança com políticos locais influentes que possam tocar a campanha e fazer o papel de infantaria no segundo turno. Os candidatos não terão condições de visitar todos os Estados até o dia 27. Dependem da ajuda de aliados para dar retaguarda ao que for apresentado nas propagandas de TV.
"Agora o pessoal vai precisar de nós tanto quanto nós precisamos deles. A situação é completamente diferente do que era há uns 15 dias. Entraremos na campanha com outra musculatura", define o embaixador brasileiro em Roma, Andrea Matarazzo, que pediu licença do posto para ajudar aqui no Brasil a campanha de Serra.
O que Matarazzo que dizer é que candidatos a governos estaduais que antes ficavam envergonhados de ajudar Serra no primeiro turno terão de se comportar de maneira diferente nesta nova fase da eleição. Não porque tenham se convertido ao serrismo, mas por conveniência política.
Tome-se o caso de São Paulo, onde o governador Geraldo Alckmin (PSDB) teve uma campanha durante meses quase divorciada da de José Serra. Agora, como Alckmin disputará o segundo turno justamente contra José Genoino, do PT, terá facilidade em ficar ao lado de José Serra para se contrapor ao adversário local.
O mesmo se dá do outro lado da trincheira, embora Lula não tenha enfrentado problemas dessa ordem no primeiro turno. Ocorre que agora fica ainda mais fácil para alguns aliados locais do petista fazerem campanha à vontade.
Aloizio Mercadante, senador petista eleito por São Paulo, diz que "o recado das urnas foi claramente de mudança". Para ele, "dificilmente Lula deixará de herdar dos candidatos presidenciáveis que ficaram de fora do segundo turno os quatro pontos percentuais que faltam para a vitória".
Lula venceu as eleições em 23 Estados e no Distrito Federal. Perdeu apenas no Rio de Janeiro para Anthony Garotinho (PSB), no Ceará para Ciro Gomes (PPS) e em Alagoas para José Serra.
O que pode dar errado para o PT? "Só algo imponderável poderia atrapalhar. Como é imponderável, é imprevisível. Mas não acho que algo possa atrapalhar agora", responde Mercadante -dono da maior votação individual para o Senado em todo o país, com 10,4 milhões de votos.
Os 20 locais onde há palanques estruturados de Lula são os seguintes: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Juntas, essas unidades da Federação abrigam 85,8 milhões de eleitores (74,4% do país).
Já Serra tem seguramente palanques em Alagoas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins -73,4 milhões de eleitores, ou 63,7% do total.
O PSDB e o PT se enfrentam diretamente em quatro segundos turnos: Ceará, Mato Grosso do Sul, Pará e São Paulo. Mas os tucanos estão em apenas seis disputas de segundo turno, contra oito do PT. Os partidos de Lula e de Serra já garantiram vitória em dois Estados cada no primeiro turno.


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