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Especialistas vêem voto de protesto
REPORTAGEM LOCAL
Dois cientistas políticos ouvidos pela Folha avaliam que a votação de Enéas Carneiro se deve à
uma estratégia de marketing do
candidato e a um voto de protesto
do eleitor, mas não a uma opção
pela ideologia do Prona, que defende idéias nacionalistas.
Francisco Fonseca, da PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica), diz que esses eleitores não conhecem as idéias de Enéas e dificilmente vão acompanhar as
ações dele em Brasília.
"É um protesto difuso. O eleitor
considera que todos são iguais e
escolhe uma figura exótica, que
fala aos berros. Esse eleitor está
pouco interessado em política."
Ele diz que não há tendência de
crescimento do Prona. "O partido
não tem base social. Ele só cresce
se houver uma grande crise política, moral e econômica no país."
Brás José de Araújo, da Universidade de São Paulo, afirma que
Enéas é "um fenômeno de marketing eleitoral e precisa ser reconhecido como tal". Ele diz que
"há uma distorção" no sistema
político para permitir a eleição de
candidatos a deputado federal
com pequena quantidade de votos. "O presidente poderia ter feito uma reforma política que evitaria essa situação", afirma.
A idéia de que sua votação se
deve a um protesto é rejeitada por
Enéas, que a atribui à sua formação. O principal problema do
país, na avaliação do líder do Prona, não é a falta de emprego nem a
violência, mas a submissão ao poder hegemônico mundial.
(AI)
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