São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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RIO DE JANEIRO

Governadora eleita pelo PSB acha "difícil" defender voto em Lula no segundo turno

Rosinha leva governo do Rio e rejeita PT

FABIANA CIMIERI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Herdeira política do marido, Anthony Garotinho, Rosinha Matheus (PSB) foi eleita governadora do Rio com 51,3% dos votos válidos. O resultado permaneceu indefinido até as 6h de ontem, quando Rosinha, 39, atingiu 50% dos votos, ultrapassando a soma dos rivais Benedita da Silva (PT), com 24,45%, Jorge Roberto Silveira (PDT), com 14,28%, e Solange Amaral (PFL), com 9,08%.
Foi a primeira eleição disputada pela ex-radialista, que no governo do marido foi secretária de Ação Social, responsável pelos principais programas assistenciais, como o Cheque Cidadão e o restaurante popular a R$ 1.
Esses programas renderam a Rosinha uma votação que chegou a mais de 60% nos municípios da Baixada Fluminense, uma das regiões mais pobres do Estado, e reforçaram uma comparação que a agrada: com Evita Perón (1919-1952), mulher do presidente argentino Juan Domingo Perón (1895-1974), venerada pelos "descamisados" argentinos.
Mãe de nove filhos (cinco adotivos), Rosinha, segundo assessores, sempre influenciou as decisões políticas do marido. A rivalidade com o PT, iniciada quando o partido rompeu com Garotinho, em 2000, foi acirrada pela campanha estadual, na qual Benedita da Silva acusou o ex-governador de ter deixado um rombo nas contas do Estado.
"O PT do Rio é muito raivoso, irado", disse Rosinha, ao explicar por que considera difícil defender o apoio a Lula no segundo turno da disputa presidencial.

Folha - Em quem a senhora vai votar no segundo turno?
Rosinha Matheus -
Ainda não decidi. Nós vamos ter uma reunião na quarta-feira para tomar uma posição partidária.

Folha - A senhora tem uma posição pessoal?
Rosinha -
Decisões nós tomamos de forma pessoal, mas nós somos políticos. Vamos aguardar a posição partidária.

Folha - Faz parte dos planos da senhora estar ao lado do Garotinho na eleição presidencial de 2006?
Rosinha -
Está muito longe ainda. Agora o que eu penso é em montar uma equipe para acompanhar o final do governo que está aí. Quero definir o secretariado com os partidos que me apoiaram e tomar decisões sobre nossas primeiras ações no governo.

Folha - Sua posição tende a ser considerada pela direção do partido. Como vai se posicionar?
Rosinha -
Primeiro ouvirei o que o Miguel Arraes [presidente do PSB" tem a dizer. Eu não me sinto muito à vontade para defender o PT. O PT do Rio não me deu muita opção de chegar no meu partido defendendo uma aliança. O PT do Rio é muito raivoso, irado.

Folha - A senhora não tentará influenciar a posição do partido?
Rosinha -
Eu sempre defendi as minhas posições, mas eu sou uma pessoa partidária. Fui voto vencido quando o PDT escolheu a Benedita para ser a vice do Garotinho [na eleição de 1998". Mas fiz a campanha. Eu não tenho problema pessoal [com Benedita da Silva", tenho problemas políticos.

Folha - A senhora foi comparada a Evita Perón. Em que a senhora se parece com ela?
Rosinha -
Eu admiro o posicionamento que ela teve ao lado do marido dela em um momento da história. Era um posicionamento que beneficiou o Perón, firme, por isso entrou para a história. Esteve ao lado do marido e se engajou. Eu sempre estive ao lado do Garotinho, nas horas boas e nas difíceis. Esse é o papel de quem é companheiro mesmo, não só marido e mulher. Eu sempre me posicionei, por isso admiro quem se posiciona.


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