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RIO DE JANEIRO
Governadora eleita pelo PSB acha "difícil" defender voto em Lula no segundo turno
Rosinha leva governo do Rio e rejeita PT
FABIANA CIMIERI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Herdeira política do marido,
Anthony Garotinho, Rosinha Matheus (PSB) foi eleita governadora
do Rio com 51,3% dos votos válidos. O resultado permaneceu indefinido até as 6h de ontem,
quando Rosinha, 39, atingiu 50%
dos votos, ultrapassando a soma
dos rivais Benedita da Silva (PT),
com 24,45%, Jorge Roberto Silveira (PDT), com 14,28%, e Solange
Amaral (PFL), com 9,08%.
Foi a primeira eleição disputada pela ex-radialista, que no governo do marido foi secretária de
Ação Social, responsável pelos
principais programas assistenciais, como o Cheque Cidadão e o
restaurante popular a R$ 1.
Esses programas renderam a
Rosinha uma votação que chegou
a mais de 60% nos municípios da
Baixada Fluminense, uma das regiões mais pobres do Estado, e reforçaram uma comparação que a
agrada: com Evita Perón (1919-1952), mulher do presidente argentino Juan Domingo Perón
(1895-1974), venerada pelos "descamisados" argentinos.
Mãe de nove filhos (cinco
adotivos), Rosinha, segundo assessores, sempre influenciou as
decisões políticas do marido. A rivalidade com o PT, iniciada quando o partido rompeu com Garotinho, em 2000, foi acirrada pela
campanha estadual, na qual Benedita da Silva acusou o ex-governador de ter deixado um rombo
nas contas do Estado.
"O PT do Rio é muito raivoso, irado", disse Rosinha, ao explicar por que considera difícil defender o apoio a Lula no segundo
turno da disputa presidencial.
Folha - Em quem a senhora vai votar no segundo turno?
Rosinha Matheus - Ainda não
decidi. Nós vamos ter uma reunião na quarta-feira para tomar
uma posição partidária.
Folha - A senhora tem uma posição pessoal?
Rosinha - Decisões nós tomamos de forma pessoal, mas nós
somos políticos. Vamos aguardar
a posição partidária.
Folha - Faz parte dos planos da
senhora estar ao lado do Garotinho
na eleição presidencial de 2006?
Rosinha - Está muito longe ainda. Agora o que eu penso é em
montar uma equipe para acompanhar o final do governo que está aí. Quero definir o secretariado
com os partidos que me apoiaram
e tomar decisões sobre nossas primeiras ações no governo.
Folha - Sua posição tende a ser
considerada pela direção do partido. Como vai se posicionar?
Rosinha - Primeiro ouvirei o que
o Miguel Arraes [presidente do
PSB" tem a dizer. Eu não me sinto
muito à vontade para defender o
PT. O PT do Rio não me deu muita opção de chegar no meu partido defendendo uma aliança. O PT
do Rio é muito raivoso, irado.
Folha - A senhora não tentará influenciar a posição do partido?
Rosinha - Eu sempre defendi as
minhas posições, mas eu sou uma
pessoa partidária. Fui voto vencido quando o PDT escolheu a Benedita para ser a vice do Garotinho [na eleição de 1998". Mas fiz a
campanha. Eu não tenho problema pessoal [com Benedita da Silva", tenho problemas políticos.
Folha - A senhora foi comparada
a Evita Perón. Em que a senhora se
parece com ela?
Rosinha - Eu admiro o posicionamento que ela teve ao lado do
marido dela em um momento da
história. Era um posicionamento
que beneficiou o Perón, firme,
por isso entrou para a história. Esteve ao lado do marido e se engajou. Eu sempre estive ao lado do
Garotinho, nas horas boas e nas
difíceis. Esse é o papel de quem é
companheiro mesmo, não só marido e mulher. Eu sempre me posicionei, por isso admiro quem se
posiciona.
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